Crédito Agrícola premeia o que de melhor se faz no meio rural
Os vencedores da 6ª edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola foram apresentados durante o dia de ontem, 2 de dezembro, numa cerimónia marcada pela distinção de projetos inovadores ligados ao meio rural e desenvolvidos no nosso país.
Aos projetos vencedores, em cada uma das 3 categorias e 2 distinções de reconhecimento especial, foram atribuídos 25 mil euros (5 mil euros a cada), numa cerimónia que contou com a presença do Secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Nuno Russo e a apresentação dos 21 Centros de Competências nacionais. O evento ficou ainda marcado por uma mesa redonda sobre a inovação no presente e no futuro.
Os vencedores
O primeiro vencedor da tarde foi o projeto ChestWine, na categoria "Produção, Transformação e Comercialização". Ao utilizar a flor de castanheiro como conservante natural isento de toxicidade para o vinho, os investigadores criaram uma alternativa aos sulfitos adicionados e proporcionam ao consumidor um vinho biodinâmico, diferenciado, seguro e portador de propriedades bioativas.
O projeto ChestWine, do Instituto Politécnico de Bragança, foi também vencedor da distinção Born From Knowledge – BfK AWARDS. Este visa distinguir a entidade ou projeto que mais se destacou em atividades de Investigação & Desenvolvimento (I&D).
Este prémio é parte integrante do programa Born From Knowledge (BfK), um programa de valorização do conhecimento científico e tecnológico promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior através da Agência Nacional de Inovação. A entrega do prémio ficou a cargo Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Sobrinho Teixeira.
Na categoria "Desenvolvimento Rural" foi premiado o projecto Forest Supervisor, que consiste num sistema de deteção de fogos florestais que analisam: temperatura, humidade, CO2, direcção e velocidade do vento. Através de sensores de inteligência artificial detectam e prevêem fogos 24/7. É uma solução de fácil instalação, com um grande raio de abrangência (300m vs. 20m convencional) e com bom equilíbrio entre custo e eficácia.
Na categoria "Jovem Empresário Rural", o projeto Phytoalgae foi o vencedor. Este tem como objetivo produzir biomoléculas essenciais para a saúde humana, através do reaproveitamento dos resíduos agroindustriais para a produção biológica de microalgas endémicas da Região Autónoma da Madeira.
Na distinção Inovação em Parceria: Grupos Operacionais, o prémio foi atribuído à Waste2Value, que faz a valorização de subprodutos da actividade agrícola através da produção de alimentos compostos para animais, plásticos biodegradáveis e tratamento de efluentes animais.
Por último, o prémio de reconhecimento especial para a candidatura promovida por Associado do CA foi atribuído ao projecto Arouca Agrícola, que também estava nomeado na categoria de "Desenvolvimento Rural" e que consiste uma estratégia municipal de melhoria das práticas agrícolas no território, que visa estimular o modo de produção biológico, apoiando o escoamento de produtos diferenciados (património genético e variedades regionais) e criando dinâmicas na vertente educativa (ambiental e alimentar), social (quintas terapêuticas) e turística (turismo agrícola).
O encerramento da cerimónia ficou a cargo de Nuno Russo e de Licínio Pina, Presidente do Crédito Agrícola.
A cooperação entre os Centros de Competências Nacionais
Antes da entrega de prémios, ocorreu uma mesa redonda sob a temática "Presente e Futuro: Mais e Melhor Inovação". A conversa contou com a presença de Albino Bendo, do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS), Ana Sofia Almeida, do Centro Operativo e Tecnológico do Arroz (COTARROZ), João Casaca, do Centro de Competências da Apicultura e Biodiversidade (CCAB), Maria do Carmo Martins, do Centro Operativo Tecnológico Hortofrutícola Nacional - Centro de Competências (COTHN) e Conceição Silva, do Centro de Competências do Sobreiro e da Cortiça (CCSC).
A fomentação da transmissão do conhecimento entre os investigadores e a indústria foi uma das ideias que sobresaiu durante a conversa. Maria do Carmo Martins realçou o COTHN está «centrado nos problemas do setor para os atacar com inovação». A investigadora lembrou a importância do balanço das campanhas que o Centro realiza, dado a possibilidade de se tratarem de «encontros, no final das campanhas, que reunem os diversos profissionais do setor e ajudam a reconhecer o que é necessário fazer em seguida».
Conceição Silva, do CCSC, realçou a importância de aliar a investigação entre todos para combater as pragas e doenças cada vez mais emergentes. Nos últimos anos, têm existido problemas crescentes no Montado e a «falta de dinamismo» não tem ajudado o setor.
Nos últimos anos, o CNCFS tem apostado na dinamização de eventos, como explicou Albino Bento. De momento, o investigador considera que a «colaboração é essencial», tendo já em curso um projeto com o Centro de Competências para o Tomate Indústria (CCTI). O CNCFS está ainda a preparar a criação de um repositório sobre o setor, que contará com artigos nacionais e internacionais.
João Casaca, do CCAB, afirmou que «os Centros de Competências devem, no futuro, trabalhar em conjunto. Devemos encontrar um ponto comum entre cada um para trocarmos informações», realçando ainda que a apicultura depende muito da agricultura, daí a importância de transmissão de conhecimento para o setor.
Ana Sofia Almeida, do COTARROZ, reforçou novamente a ideia de que "a filosofia de fazer investigação às necessidades do setor" é o caminho a percorrer nos próximos anos. A investigadora realçou o trabalgo que o centro tem vindo a realizar no Programa Nacional do Melhoramento Genético do Arroz nos últimos anos, apoiando a criação de variedades nacionais e pensando na possibilidade do arroz deixar de ser uma monocultura.
Para o futuro, os representantes dos Centros de Competências esperam que a cooperação seja a palavra de ordem, para que possam aumentar as respostas positivas para o setor.
O Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola é organizado pelo Crédito Agrícola e pela INOVISA, em articulação com a Rede Rural Nacional. Este é o sexto ano consecutivo que o Crédito Agrícola apoia os empreendedores e os seus projectos inovadores, numa iniciativa que pretende contribuir para a modernização, a competitividade e o crescimento do setor agrícola em Portugal.