Consultor do governo defende agricultura ecológica e renovação do setor agrícola enquanto prioridades

O plano de recuperação de António Costa Silva defende o estímulo da agricultura ecológica e local e a definição de programas que permitam a mobilização de jovens para o interior, renovando o setor. 

Agricultura

Para o consultor do governo, o plano de recuperação deve reforçar as políticas públicas no sentido de estimular "a agricultura ecológica e local, capaz de revitalizar as cadeias logísticas e de abastecimento locais e promover âncoras de instabilidade para o desenvolvimento rural", prática que deve combinar-se com a agricultura industrial preservando recursos como a água e a qualidade dos solos.

"A política para a agricultura industrial deve combinar o apoio ao aumento da produção agroalimentar, baseada na bioeconomia com a necessidade de estruturar os territórios, assegurar o equilíbrio socioeconómico e prevenir e mitigar os efeitos das alterações climáticas", lê-se na versão preliminar do plano de recuperação económica elaborada por António Costa Silva. De acordo com o documento, o papel do regadio "deve ser monitorizado", os perímetros de rega definidos e delimitados e a utilização da água otimizada.

Por outro lado, é igualmente importante explorar sinergias com outras áreas e identificar atividades "de potencial crescimento económico", devendo existir uma aposta nas cadeias curtas "que asseguram criação de valor entre a agroindústria, o turismo, a restauração e a gastronomia, criando polos dinamizadores do desenvolvimento local".

A aposta deve também passar pela criação de programas que mobilizem os jovens agricultores a instalar-se no interior, contribuindo para a renovação do setor e dos sistemas produtivos, e para que tal aconteça são necessários estímulos e incentivos, associados à extensão da fibra ótica a todo o país.

Adicionalmente, António Costa Silva propõe o aumento do investimento em conhecimento e inovação, criando condições para o aumento da modernização dos sistemas produtivos e ainda que a agricultura seja colocada "no centro do combate às alterações climáticas", promovendo a valorização do território.  

Por último, a proposta do consultor refere a necessidade do lançamento de um programa contra a desertificação, "mobilizando o melhor das entidades nacionais e das empresas para encontrar respostas, propor soluções e promover o diálogo com os países do Norte de África".

No documento, António Costa Silva afirma que a agricultura é "um vetor essencial" do plano de recuperação e uma atividade "fulcral" para o país no que se refere ao desenvolvimento, ocupação do território e respetiva valorização, lembrando que esta atividade representa 4% do Produto Interno Bruto (PIB) português e que tem um impacto "inegável" em termos de emprego e exportações.

Centro para gerir riscos naturais e soluções para escassez de água entre prioridades

A criação de um centro de competências para a gestão de riscos naturais e a investigação de soluções para combater a escassez da água são propostas da versão preliminar do Plano de Recuperação Económica e Social.

Evidenciando uma preocupação com a transformação da paisagem, de forma a restaurar ecossistemas, equilibrar a ocupação do solo e combater a desertificação, a versão preliminar destaca a necessidade de ser criado um centro de competências para a gestão dos riscos naturais e de saúde pública.

"Portugal pode enfrentar riscos significativos no futuro, não só em termos de novas pandemias, mas também no âmbito do risco sísmico, energético, climático, ciberataques, riscos naturais de diversa índole. É importante o país investir nas suas capacidades e recursos humanos direcionados para a identificação e prevenção de risco, e desenvolvimento de estratégias de resposta e resiliência do território", é referido.

O documento salienta que é necessário melhorar a articulação aos níveis nacional, regional e local, com "o desenvolvimento de um sistema integrado de informação", e que o papel dos municípios "é crucial" neste processo.

Para contrariar as áreas suscetíveis à desertificação e preservar sistemas como o montado ou as culturas extensivas/em mosaico, o plano considera importante "canalizar incentivos a zonas áridas, semiáridas e sub-húmidas", onde a água é um bem escasso, o que se traduz, na prática, em encontrar alternativas: "Uso adequado de plantas na recuperação, adensamento e rearborização com técnicas de controlo de vegetação não destrutivas para os solos e técnicas de utilização de água sustentáveis".

Especialmente tendo em consideração o sul do país, onde a escassez de água é um problema mais frequente, defende-se que "todas as soluções devem ser investigadas, incluindo a dessalinização", quando a relação custo/benefício e a minimização do impacto ambiental o permitirem. A experiência realizada no Porto Santo é, neste contexto, referida como um exemplo.

FONTES: Notícias ao Minuto e Diário de Notícias

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