Colheita e Pós-Colheita de Citrinos

Colheita e Pós-Colheita de Citrinos

Por: Dulce Antunes e José Mendonça

Os citrinos são produtos perecíveis, onde após a colheita continuam os processos metabólicos, levando a uma progressiva degradação, perdendo qualidade. Para minimizar estes efeitos, sendo a sua grande comercialização feita longe dos locais de produção, é necessário efectuar tratamento pós-colheita.

Técnicas de colheita

A colheita é feita manualmente, utilizando-se tesouras específicamente concebidas para o efeito.
O pedúnculo é cortado o mais rente possível junto ao cálice. O seu manuseamento deve ser cuidadoso para evitar golpes e lesões mecânicas que podem evoluir para desordens fisiológicas ou patológicas (perdas de qualidade).

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O momento exacto de colheita deve ser quando a sua maturação interna e coloração externa sejam os minímos aceitáveis pelo mercado. O índice de maturação é-nos dado pela relação entre a concentração de sólidos solúveis totais (ºbrix) e a acidez (ácido cítrico).

O calibre dos frutos também é importante. Não sendo actualmente obrigatório, rege-se pela Norma Europeia n.º 920/89* que fixa os padrões (forma, cor, presença ou não de manchas, defeitos, pragas, etc.) e os diâmetros mínimos comercializáveis para cada cultivar.

Os frutos não devem ser colhidos húmidos ou molhados. Nestas condições as glândulas da casca encontram-se túrgidas, podendo rebentar e provocar oleocelose.

Também ficam mais susceptíveis ao ataque de fungos (Penicellium spp.).

A colheita deve ser feita em sacos de lona e posteriormente em caixas plásticas de 15 a 20 kg ou “Palox” de 200 kg.

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Tratamentos pós-colheita

Aplicação de banho com fungicidas (Deccozil; Triabendazol; Imazalil; dicloran; Fosetil-Al; Sodium Ortho Phenyl Phenato; etc.).
Aplicação de ceras. A mais utilizada é o Polietileno oxidado (Citranshine) à qual também podem ser adicionados fungicidas.

Desverdização

Nas câmaras de desverdização utiliza-se, para homogeneização da cor da casca, o etileno C2H4 em concentrações de 2 a 5 ppm, temperatura variável entre 18° e 22° C, 90 a 95% de HR e concentrações de CO2 entre 0,2 e 0,5%, O2 maior ou igual a 20%, durante 60 a 96 h.

Classificação por qualidade e Calibre

  • Deve atender-se às NE920/89 e NE2251/92*;
  • Há vários métodos, entre destrutivos (Refractometria e acidez titulável) e não destrutivos (Colorimetria);
  • O mais evoluído actualmente é o sistema Vis/Nir spectroscopy;
  • As calibradoras são normalmente mecânicas.

 

Embalagem e Armazenamento

Para poder seguir em condições para os locais de venda, devem ser embalados e armazenados em atmosfera que não exceda 1ppm de C2H4 e a uma temperatura nunca abaixo dos 2 ou 3° C. Assim, pode conservar-se até 3 ou 4 meses.

Qualidade?

Contudo nestes métodos industriais, por mais eficiente que seja a cadeia, o espaço temporal entre a colheita e o consumidor, nunca é inferior a 4 ou 5 dias no mínimo.

Para uma qualidade premium e para consumidores exigentes, só há uma solução:

  • A entrega ao domicílio da fruta colhida 24h antes, sem tratamentos de qualquer espécie, que possa comprometer a saúde.

 

Bibliografia

  1. Antunes, M. Dulce. 2012. Tecnologias pós-colheita. Ualg. Faro.
  2. Cavaco, Ana. 2012. Métodos não invasivos. Ualg. Faro.
  3. Agusti, M. 2003. Citricultura. Ed.Mundi-Prensa, Madrid.
  4. Massapina Júnior, J.F.; Gonçalves, F.N. 1995. Citricultura, Guia ilustrado. Vol. 2. DRAG.
  5. Site consultado: www.agrouls.cl

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