Ciência agrícola e tecnologia de mãos dadas
Aliando a ciência agrícola à tecnologia é possível saber à distância se um animal está doente, quantos quilómetros fez ou se há falta de água numa cultura, até porque o futuro passa por gerir uma quinta “na palma da mão”.
Fundadas em 2015, as empresas portuguesas Agroinsider e Techsensys estão a desenvolver testes a duas plataformas que estão a criar conjuntamente. Uma é ligada à agricultura de precisão, com monitorização de culturas por satélite, e a segunda prende-se com pecuária de precisão e irá recolher dados em tempo real dos animais.
Segundo Mário Luís, da Agroinsider, no stand da empresa na Web Summit, a decorrer em Lisboa até esta quinta-feira, «costumam dizer que estamos a ajudar a transformar os agricultores em investidores agrícolas».
A ideia é gerir os dados recolhidos com ciência animal e transformar esses dados em valor económico e de decisão para o empresário agrícola.
Através de um sensor colocado na orelha do animal é possível saber se este está doente, quantos quilómetros fez, quanta ração deve comer ou se, por exemplo, uma vaca está prenha e quando vai nascer a cria.
A informação é recolhida do animal para a antena e da antena para a plataforma. Depois gerimos e produzimos dados, transformando a agricultura e os dados agrícolas em dados económicos que possam ser geríveis.
Especializada em consultadoria, tecnologia e ciência agrícola, a Agroinvest recorreu à Techsensys, empresa de tecnologia, para desenvolver o sensor, aliando o seu conhecimento tecnológico com a experiência e a ciência que a Agroinside traz para a agricultura.
Acrescenta que apresentam a possibilidade de, através de requisitos específicos de um cliente, desenvolver uma solução integral, desde a criação do sensor à definição do tipo de conectividade, mas também à criação da plataforma que vai permitir gerir toda a informação crítica que é recolhida pelos sensores.
Para a Agroinsider, o “stress” que os agricultores sentem por não terem informação precisa poderá desaparecer com este tipo de soluções, mas o excesso de informação poderá, eventualmente, vir a ser um problema.
O processo agrícola como existia no passado vai ser completamente reformatado. Vamos ter muito mais tecnologia nos campos, em tudo. Em todo o lado é possível colocar dispositivos, defende Mário Luís.
Para estas empresas, no futuro já não será necessário estar todos os dias presencialmente numa quinta: o futuro passa por soluções que, na palma da mão, permitam gerir com uma aplicação tudo aquilo que é o nosso negócio.
A Web Summit de Lisboa, que arrancou na segunda-feira, conta com mais de 53.000 participantes, de 166 países, incluindo 15.000 empresas, 7.000 presidentes executivos e 700 investidores.
Fonte: Lusa