Cães de Gado trazem cientistas a Portugal
Alguns dos maiores especialistas mundiais em cães de gado, estiveram reunidos entre 19 e 21 de outubro, em Castelo Branco, no encontro “LGDs – From tradition to modernity: How to assess, improve and innovate” (Cães de Gado - da Tradição à Modernidade: como avaliar, melhorar e inovar).
Em Portugal a intensificação da presença do lobo «não tem trazido apenas conflitos entre o nosso maior predador e a indústria pecuária, tem também dado força ao ressurgimento da antiga tradição do uso de cães de gado», salienta o promotor do evento, o Grupo Lobo.
E acrescenta que «as excelentes raças de que dispomos nunca desapareceram por inteiro, em parte graças a um programa com 20 anos do Grupo Lobo, já responsável pela oferta de perto de 400 cães a criadores de gado em zonas de lobo».
A preservação deste saber milenar tem vindo a dar frutos, para lá de uma acrescida proteção ao gado sendo «reconhecida internacionalmente a qualidade das práticas portuguesas, na seleção, adaptação e disseminação destes guardas caninos».
Por isso, Portugal acolheu um encontro científico que teve como objetivo aperfeiçoar «métodos que nos foram legados pela tradição».
Ao todo 18 especialistas de três continentes visitaram explorações pecuárias na zona de intervenção do Projeto LIFE MedWolf (Guarda e de Castelo Branco).
Além de tomarem conhecimento das práticas portuguesas, discutiram entre si as várias vertentes e possíveis melhoramentos no uso de cães na proteção de rebanhos e manadas.
O Grupo Lobo recorda que o lobo não é o único predador cuja presença suscita o emprego de cães de gado e lembra, por exemplo, que na Noruega «eles oferecem proteção contra os ataques de ursos, glutões, linces e até de águias. Na Austrália, os dingos (que descenderão de cães regressados ao estado selvagem) são a maior ameaça.
Nos EUA, há neste momento Cães de Gado Transmontanos a participar num projeto-piloto destinado a evitar prejuízos causados por lobos e ursos.
Pela primeira vez, especialistas destes e de outros países (num total de 11 nacionalidades) reuniram-se para ajudar a trazer métodos aperfeiçoados desde tempos imemoriais para o século XXI – um trajecto da Tradição à Modernidade, como o denota o nome do encontro.
Esta iniciativa integrou-se no Projeto LIFE MedWolf – Boas Práticas para a Conservação do Lobo em Regiões Mediterrânicas, que tem por objetivo diminuir o conflito entre a presença do lobo e as atividades humanas, em zonas rurais onde os hábitos culturais de coexistência se perderam. Em particular nos distritos da Guarda e de Castelo Branco e na província italiana de Grosseto.