As populações e variedades locais de milho forrageiro num sistema de agricultura sustentável

As populações e variedades locais de milho forrageiro num sistema de agricultura sustentável

Por: Laura Campo Ramírez, Centro de Investigações Agrárias de Mabegondo (CIAM). Instituto Galego da Qualidade Alimentar (INGACAL).

INTRODUÇÃO

A complicada situação actual das explorações de gado, gerada pelos baixos preços do leite, forçou o sector a reduzir custos e a aproveitar ao máximo os recursos próprios da exploração. A utilização dos resíduos orgânicos gerados na própria exploração de gado como fertilizante constitui uma oportunidade para progredir rumo à sustentabilidade ambiental e económica (5). É necessário encontrar forragens altamente energéticas para os períodos em que o pasto é escasso, assim como reduzir os custos da sua produção. A utilização de populações e variedades de milho locais adaptadas às condições edafoclimáticas próprias de cada região, a sua fácil multiplicação para a obtenção de semente, e os seus custos de produção razoáveis; tudo isto faz com que sejam uma alternativa válida numa agricultura sustentável (4).

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A produção sustentável converteu-se numa prioridade para a sociedade actual que propõe a utilização racional dos recursos naturais, de modo a que o seu esgotamento seja o mais lento possível e respeite o ambiente. A sustentabilidade consiste, no caso da agricultura, em minimizar as contribuições para esse mesmo esgotamento mantendo níveis aceitáveis de produção e qualidade. Assim, ao reduzir o uso de produtos nocivos para a saúde e para o ambiente, melhoramos a higiene e segurança alimentar, além do bem-estar no meio rural. Para além disso, aumentamos o valor acrescentado das colheitas, que passam a ser produtos de qualidade (9).

O melhoramento genético vegetal, em particular o melhoramento do milho, esteve fundamentalmente centrado na produção de linhas puras e de híbridos, de modo que o melhoramento de populações estava geralmente orientado para o desenvolvimento de material base, para subsequentes obtenções de linhas puras e de híbridos.

Os modernos híbridos actuais seleccionam-se em, e para, condições de alta produtividade, com elevados custos e sem se prestar atenção aos prejuízos que causam no ambiente nem à sustentabilidade da produção a longo prazo. A agricultura convencional assume que as variedades e as técnicas progredirão continuamente para enfrentar os novos problemas que, em boa medida, causa por si mesma: como a erosão do solo, a contaminação e o surgimento de ervas daninhas, assim como pragas mais agressivas e persistentes. O cultivo de milho forrageiro, num sistema sustentável, implica o desenvolvimento e o melhoramento de populações com capacidade para produzirem um rendimento aceitável e uma boa qualidade com base numa fertilização orgânica, suprimindo-se os herbicidas e os insecticidas. Ou seja, é necessário identificar e melhorar os genótipos com bom rendimento e qualidade forrageira, e que, para além disso, apresentem um bom comportamento neste tipo de sistemas mais rústicos e exigentes.

Os objectivos deste trabalho foram: (a) realizar uma avaliação da produção e qualidade forrageira num sistema de agricultura convencional fertilizado com adubo inorgânico, e em dois sistemas de gestão sustentável e fertilização orgânica; (b) determinar os melhores genótipos nos três sistemas de produção (SP).

MATERIAL E MÉTODOS

Os ensaios realizaram-se num pequeno campo de Magebondo (Corunha) nos anos 2009 e 2010, num sistema com um factor de densidade de aproximadamente 2 vacas/ha. O desenho experimental foi um slipt-plot com três repetições, onde as parcelas principais (460 m2) representaram o sistema de produção: agricultura convencional, em que o fertilizante usado foi adubo mineral (AC); gestão sustentável fertilizada com chorume bovino (EB); e gestão sustentável fertilizada com chorume de porco (EP). As subparcelas (12,8 m2) foram os genótipos de milho. No ano 2009 avaliaram-se 16 genótipos: 9 variedades locais, 2 cruzamentos de variedades locais com linhas puras do Centro de Investigações Agrárias de Magebondo (CIAM), 2 populações, e 3 híbridos comerciais utilizados como testemunhas. No ano 2010 avaliaram-se 32 genótipos de milho: 29 variedades locais e 3 híbridos-testemunha. As testemunhas e sete das variedades locais avaliadas foram comuns em ambos os anos. (Tabela 1).

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O cultivo precedente, no ano 2009, foi de uma mistura de ervilha-triticale (2), e no ano 2010 permaneceu em pousio por circunstâncias meteorológicas adversas à sementeira. O adubo mineral na AC, em ambos os anos, realizou-se mediante duas aplicações: 125 kg N/ha em sementeira (triplo 15-15-15) e 75 kg N/ha (ureia 46%), quando a planta de milho tinha de 4 a 5 folhas. O herbicida que se aplicou em sementeira foi Lanceiro (acetocloro 45% + terbutilazina 21,4%) a uma dose de 4 l/ha.

No ano de 2009, na modalidade em que se aplicou adubo orgânico, foram feitas duas aplicações de chorume de modo que o aporte final de nutrientes foi de 200 kg/ha N, 103 de P2Ou5 e 281 de K2Ou, de modo a tentar igualar o aporte de N das restantes modalidades do ensaio. No ano 2010 a fertilização final para EB foi de 180 kg N/ha, 69 kg P2O5/ha e 213 kg K2O/ha e para EP de 200 kg N/ha, 69 kg P2O5/ha e 197 kg K2O . Para controlar as ervas daninhas destorroou-se a terra com uma grada de dentes Verticator quando a planta de milho atingiu a altura de 4-5 cm, e, posteriormente, sachou-se com um cultivador Guerra quando a altura da planta era de 15 a 20 cm (8). A grade actuou sobre toda a superfície do solo, trabalhando tanto entre linhas como dentro de cada linha, e a sacha feita somente entre linhas. A sementeira fez-se com um semeador de precisão com uma densidade final de 9 pl/m2. A colheita realizou-se quando o conteúdo de matéria seca era à volta de 35%. Na colheita registaram-se os dados de peso total da parcela de cada genótipo em cada tratamento, mediante uma ceifeira-debulhadora de precisão, com a finalidade de conhecer a produção de matéria seca em t/ha (PMS). O conteúdo de matéria seca (MS) determinou-se por secagem em estufa de ar forçado a 80 ºC durante 16 horas numa amostra de 300 g. Posteriormente, as amostras secas foram moídas com um moinho Christy & Norris 8``, com uma peneira de 1 mm, e analisou-se o seu valor nutritivo utilizando a técnica de Espectroscopia de Reflectância no Infravermelho Próximo (NIR) (11). As equações utilizadas para a análise foram desenvolvidas no CIAM (1,3). Com os resultados obtidos avaliaram-se as características nutricionais: conteúdo de matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra ácida e neutro detergente (FAD e FND), digestibilidade in vitro da matéria orgânica (IVMOD), carbohidratos não estruturais (CNET) e amido (AMD), todos eles estimados sobre %MS. Na análise estatística realizou-se uma análise split-plot utilizando o programa SAS 9.2 (10). A separação de médias entre SP e genótipos realizou-se mediante o teste LSD quando se obtinha um teste F significativo (p < 0,05) (11).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ano 2009

Na análise dos parâmetros nutricionais encontrámos diferenças significativas entre os três sistemas de produção para todos os parâmetros avaliados (Tabela 2). O conteúdo proteico e a digestibilidade foram superiores em AC, 6% e 69,2%, o que pressupõe 18,3% e 2,2% a mais de PB e IVMOD que os obtidos nos dois SP sustentáveis. Pelo contrário, os valores mais baixos de FAD, FND e os mais altos de AMD encontraram-se em EP com valores de 23,2, 45,7 e 36,1 respectivamente. Estes dados coincidem quase na sua totalidade com os dados apresentados em trabalhos anteriores (7), ainda que neste caso a digestibilidade tenha sido maior no sistema ecológico do que no sistema convencional (74,6% e 73,5%, respectivamente).

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Tendo em conta que os genótipos de milho forrageiro avaliados neste ensaio apresentaram os seguintes valores de PB: 6% da AC face a 4,85% e 4,49% de EP e EB, respectivamente; e de IVMOD: 69,22% da AC face a 67,66% e 67,72% de EP e EB, respectivamente, podemos sugerir que a AC apresenta maior qualidade nutritiva do que os outros dois SP sustentáveis, seguramente devido à maior disponibilidade de fertilizantes no solo na AC face aos SP sustentáveis onde a libertação de nutrientes é mais lenta, embora mais duradoura no tempo.

Quanto à produção de matéria seca (PMS), as diferenças entre os SP foram altamente significativas (p < 0,01), com valores de 14,2 t/ha em AC face às 13,1 e 12,1 t/ha alcançadas nos SP sustentáveis de EB e EP, respectivamente, o que supõe uma redução na produção de 8% no primeiro caso e de 15% no segundo. A presença de ervas daninhas parece ser um factor importante no desenvolvimento do cultivo ecológico adubado com chorume de porco (dados não indicados). Martínez e Pedrol (6) também descobriram uma maior produção em milho forrageiro adubado quimicamente do que com chorume, em três anos de ensaios.

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As diferenças entre genótipos (Tabela 3), somente foram significativas para IVMOD, AMD e o conteúdo de MS. Também se notou uma interacção significativa entre genótipos e sistemas de produção (SP*genótipos) para CNET e PMS, o que implica que certos genótipos têm menor rendimento num sistema de produção do que noutro (4).

Os genótipos “Ponteareas x EC49A” com 16,27 t/ha, “Oia” com 16,10 t/ha, “Ponteareas” com 14,75 t/ha e “Ribadumia x EC49A” com 14,71 t/ha, conseguiram PMS em EB superiores às alcançadas em AC, enquanto “Covelo” foi o único genótipo cuja PMS foi superior em EP comparativamente à AC, 15,04 e 12,77 t/ha respectivamente (Tabela 6). Em AC, a maior produção alcançada foi para “Mondariz” com 15,71 t/seguida do híbrido testemunha “H1” com 15,61 t/ha. As diferenças entre as PMS médias das treze populações (13,03 t/ha) e a média dos três híbridos-testemunha (13,56 t/ha) não foram significativas (LSD ao 5% de 1,15) (Tabela 6).

ANO 2010

No segundo ano de avaliação de populações locais de milho, também descobrimos diferenças significativas entre os SP nos parâmetros de valor nutritivo, excepto na digestibilidade e na produção de matéria seca (Tabela 4). A maior produção alcançou-se com AC (10,09 t/ha), seguido de EB (8,83 t/ha) e, por fim, EP com (8,73 t/ha), ainda que as diferenças entre SP não tenham sido significativas. Isto confirma que a queda da produção nas parcelas fertilizadas com chorume, comparativamente às de adubo químico, atenuou-se em parte pela aplicação continuada e controlada do adubo orgânico em anos consecutivos (5).
O maior conteúdo de AMD, CNET e MS (23,9%, 37,5% e 31,5%, respectivamente) encontrado no sistema sustentável fertilizado com EP, assim como o menor conteúdo de fibras da parede celular (49,9% de FND e 25,4% de FAD), implica uma maior digestibilidade (70,1% comparativamente a 69,3% em AC e 68,6% em PV), ainda que neste ano as diferenças entre os SP não tenham sido significativas. No ano de 2010, os parâmetros nutritivos parecem ter sido algo inferiores no sistema de produção sustentável fertilizado com chorume de bovino.

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Na análise estatística dos resultados reflectem-se as diferenças entre genótipos, tanto na produção como nos parâmetros de qualidade (Tabela 5), sendo que a interacção SP*genótipo não foi significativa para nenhum dos parâmetros avaliados. Isto indica que tanto as populações como os híbridos avaliados se comportaram de igual modo nos diferentes SP, isto é, os melhores genótipos destacaram-se igualmente nos três SP.

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Para finalizar, apresentam-se na Tabela 6 os dados de PMS das populações e os híbridos em cada SP, sendo a testemunha "Nkthermo" a que obteve melhores produções nos três SP. Em EB, "Nkthermo" com 14,3 t/ha e "Berastegui" com 12,9 t/ha não foram significativamente diferentes, e em EP tão pouco as diferenças foram significativas entre "Nkthermo" (12,9 t/ha) e as populações "Guernika", "Berastegui" e "Azpeitia", todas elas com produções superiores a 11,5 t/ha. As populações "Berastegui", "Guernika", "Azpeitia" e "Mondariz" destacaram-se pelas suas altas PMS nos três SP.

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CONCLUSÕES

Em ambos os anos a produção de matéria seca foi mais alta na modalidade de agricultura convencional do que nos sistemas de produção sustentáveis. As causas desta superioridade podem ser o efeito das ervas daninhas ou, principalmente, à melhor disponibilidade do azoto com chorumes.

A fertilização com chorume de porco favoreceu o aumento do conteúdo de amido e a diminuição do conteúdo de fibra ácida e fibra neutro detergente, portanto, o cultivo utilizando chorume de porco favorece a produção de biomassa e etanol. Embora o sistema convencional e a gestão sustentável fertilizada com chorume de bovino fossem melhores opções para o cultivo de milho forrageiro para alimentação animal, devido ao seu maior conteúdo proteico e a sua maior digestibilidade. Não obstante obtermos, na agricultura tradicional, uma produção de matéria seca superior à das gestões sustentáveis, a interacção existente entre o sistema de produção e os genótipos sugere que certos genótipos avaliados no primeiro ano funcionaram melhor nos sistemas sustentáveis. “Oia”, “Ribadumia x EC49A”, “Ponteareas” e “Ponteareas x EC49A”, obtiveram produções superiores ou iguais em gestão sustentável fertilizada com chorume de bovino, comparativamente à agricultura convencional, enquanto "Covelo" foi o único genótipo cuja produção e qualidade nutritiva foi superior em gestão sustentável fertilizada com chorume de porco.

No ano 2010, não descobrimos interacções significativas entre os SP e os genótipos, portanto as populações tiveram um comportamento semelhante nos três SP. Neste caso, as populações “Berastegui”, “Guernika”, “Azpeitia” e “Mondariz” foram as mais destacadas pelas suas altas produções e digestibilidades, sendo óptimos candidatos ao cultivo ecológico de milho forrageiro face aos híbridos comerciais.

Como conclusão final, podemos corroborar que algumas populações e variedades locais podem ser uma boa alternativa aos híbridos comerciais, numa agricultura mais sustentável e amiga do meio ambiente.

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Agradecimentos

Os autores agradecem o financiamento recebido das Accións de Transferencia de Tecnoloxía Agroforestal (09/08 e 10/36) da Xunta de Galicia e do INIA, Projecto RTA2008-00104.

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