ANIPLA defende que "a sustentabilidade da produção agrícola e da alimentação depende de todos nós"

A Comissão Europeia (CE) apresentou, na semana anterior, a sua nova estratégia para a defesa e preservação da biodiversidade. Uma proposta que contempla a adoção da estratégia Do Prado ao Prato, com vista a criar um sistema de produção e consumo sustentável, a par de uma promoção e salvaguarda da biodiversidade do planeta. A ANIPLA emite agora o seu parecer sobre ambas.

ANIPLA

A mitigação das mudanças climáticas é uma questão-chave que todos devemos abordar coletivamente pelo que como representantes de uma indústria que apoia os agricultores e a produção de alimentos, também os membros da ANIPLA estão comprometidos em desempenhar um papel relevante e em linha com a promoção da biodiversidade e em simultâneo com uma produção agrícola sustentável nas suas três vertentes, ambiental, social e económica.

"Entendemos, ainda, que as abordagens políticas devem ser ambiciosas, coerentes e facilitadoras. Devem garantir a atenuação das alterações climáticas e a melhoria da biodiversidade, garantindo simultaneamente a viabilidade da agricultura europeia e um fornecimento resiliente de alimentos seguros e sustentáveis para todos", começam por referir na nota de imprensa. "Esses não são objetivos mutuamente exclusivos e podem ser alcançados com uma abordagem equilibrada e baseada na ciência".

Numa altura em que a UE apresenta como medidas a adotar a redução em 50% do uso de produtos fitofarmacêuticos até 2030, António Lopes Dias, Diretor Executivo da ANIPLA, afirma que «num primeiro momento é urgente que a população esteja consciente de que os procedimentos de autorização e controlo para uso de produtos fitofarmacêuicos da UE são dos mais rigorosos do mundo, garantindo a protecção do aplicador e ambiente assim como o fornecimento de produtos alimentares da mais alta qualidade e segurança para todos».

Cientes da importância de construir um diálogo aberto, que envolva os diferentes agentes, a indústria mostra-se disponível em dialogar com os agricultores e a sociedade em geral, no sentido de desenvolver, formar e promover práticas de redução de risco do uso de pesticidas, desde que baseadas na ciência, com o apoio da investigação, suportada pela tecnologia e evolução digital. «É necessário otimizar ferramentas, incentivar e apoiar os agricultores, apostar na formação e no desenvolvimento de alternativas que protegem e promovem a biodiversidade, contudo, a ANIPLA defende que a inovação tem de ser uma parte essencial da solução (veja-se os exemplos de soluções de biopesticidas e tecnologias de precisão) e considera que preservar não pode nem deve ser sinónimo de eliminar aquilo que nos ajuda a defender e salvar culturas. Não podemos comprometer a segurança alimentar e a viabilidade da agricultura europeia, impondo metas irrealistas aos nossos produtores», acrescenta.

O consumo crescente da população mundial e dos consumidores faz parte das preocupações do sector, por isso, «a questão centra-se, uma vez mais, na forma como olhamos para a aplicação de produtos fitofarmacêuticos. Quando falamos de agricultura, qualquer que seja o modo de produção, incluindo o biológico, o importante é que as metas aplicadas sejam exequíveis e tomem em consideração uma análise de risco/benefício e as suas consequências. O estímulo à sustentabilidade na agricultura deve concentrar-se no desempenho das produções e não no tipo de produção», conclui.

Em 2016 a ANIPLA realizou um estudo junto de 27 organizações de produtores de culturas mais representativas a nível nacional para aferir que impacto económico estas antecipavam caso fossem retiradas do mercado cerca de 130 substâncias ativas presentes nos produtos fitofarmacêuticos disponíveis na Europa e as conclusões não deixaram margem para dúvidas:

  • Quase 50% do rendimento agrícola da fileira do vinho em risco;

  • Mais de 50% de impacto na fileira do azeite;

  • Mais de 80% de impacto na fileira do tomate;

  • Falta impacto da fileira da pera rocha e milho (fileiras importantes a referir)

  • 76% de impacto na fileira da pera;

  • 60% de impacto na fileira do milho

  • Problemas fitossanitários sem controlo eficaz.

Segundo a entidade, "falar sobre agricultura sustentável é ter a capacidade de olhar para o todo e não só para a parte. Não se pode falar de biodiversidade sem entender a agricultura como um promotor desse mesmo desígnio".

Assim e face às medidas apresentadas pela UE, a ANIPLA apela publicamente a todos os organismos políticos com capacidade de decisão sobre estas matérias para que "intervenham no sentido de repensar medidas que podem ser altamente prejudiciais para múltiplos sectores e, no limite, para toda a população Europeia, estabelecendo metas construtivas e realistas, que equilibrem tensões e permitam alcançar as metas climáticas garantindo a segurança alimentar da Europa".

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