Agrothink promove «visão mais mercantil» no setor agrícola

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A Agrothink, associação criada para valorizar a agricultura nacional levando-a a participar das mais-valias da atividade, vai apostar o próximo quadro comunitário de apoio para promover uma «visão mais mercantil» do setor que lhe garanta uma melhor remuneração.

O presidente da direção da Agrothink - Associação para a Promoção do Desenvolvimento e Internacionalização da Agricultura Portuguesa, explicA que a entidade foi criada «há cerca de um ano», com sede no Porto, para se assumir como um 'think tank' (grupo de reflexão) sobre o setor agrícola nacional.

«A ideia desta associação é ter um 'think tank' para o setor agrícola, para o setor primário, cujo objetivo é que os agricultores ganhem mais-valias e mais dinheiro ao nível da comercialização. O que ambicionamos é fazer com que os agricultores e o setor primário tenham uma visão mais mercantil e empresarial da sua atividade, para maiores retornos financeiros», afirmou António Bonito.

E, se no primeiro ano de funcionamento a Agrothink teve ainda «uma atividade muito incipiente», até porque surgiu já na fase final de um Quadro Comunitário de Apoio, a associação garante estar agora «a posicionar-se, a dimensionar-se e a planear o que irá querer fazer nos próximos sete anos».

Para António Bonito, agricultor de profissão e um dos fundadores da associação, um dos 'handicaps' (falhas) do setor primário português tem sido «a forma como tem estado, desde há muitos anos, isolado como uma ilha».

«Este é um conceito que, do nosso ponto de vista, não poderá ter futuro, até porque no setor agrícola vivemos em interação com outros setores de atividade e o que temos que fazer - até porque o risco da produção recai sempre nos agricultores -- é participar na mais-valia do processo de transformação ou da própria comercialização, integrando-nos na cadeia de valor», sustentou.

Neste sentido, disse, a Agrothink propõe-se «criar um 'think tank' envolvendo não só agricultores, mas também associações, universidades, politécnicos, empresários, comerciantes, associações comerciais, centros de investigação e entidades ligadas à logística», ao qual caberá conceber modelos que permitam a obtenção de mais-valias ao setor agrícola.

«A brincar, costumo dizer que sou produtor de carne, mas o que gostava de vender não era o vitelo nem a vaca, mas o bife com batatas fritas, porque aí estava a fazer integração de todo o valor deste percurso comercial que tem o produto», exemplifica.

De acordo com António Bonito, numa altura em que se fala muito «da qualidade intrínseca das produções, do saber fazer, da qualidade associada, da tradição e da história de alguns produtos nacionais, é um erro querer concorrer com grandes quantidades" no mercado global, porque Portugal "não tem uma agricultura de volume».

«Temos é que ter uma agricultura diferenciada exatamente por estas tradições, pelo saber fazer e pela qualidade, associando-lhe algum toque de modernidade», considerou.

Para o efeito, disse, «os agricultores têm que investigar e melhorar, criando, em conjunto com outras entidades e parceiros, uma rede privilegiada em que, no final, todos fiquem a ganhar».

Neste momento, a Agrothink diz ter já formalizado «vários protocolos» com as universidades de Lisboa e de Évora e com os politécnicos de Portalegre, Bragança e Beja, estando em curso contactos com a Universidade do Porto e com a Fundação de Serralves, «porque agricultura também cultura, no saber fazer e nas tradições».

Fonte: Lusa  

Fotos: Agrothink

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