Agricultura portuguesa recebeu €7 mil milhões nos últimos cinco anos

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Nos últimos cinco anos foram investidos mais de sete mil milhões de euros na agricultura portuguesa, permitindo que este setor, em tempos de crise e de recessão, tenha crescido e chegado a novos mercados.

Dados divulgados pelo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) que explica como a agricultura portuguesa, «em tempos muito difíceis, em tempos de crise, em tempos de recessão, em tempos de desemprego, teve uma evolução rigorosamente ao contrário» e reocupou o seu lugar, tornando-se novamente importante para os agricultores e para o país.

O programa europeu que apoiou os investimentos agrícolas no período 2007-2014, o PRODER, está neste momento «completamente esgotado» e permitiu que nos últimos cinco anos «se investissem mais de sete mil milhões de euros na agricultura portuguesa, apesar do arranque difícil».

«Às vezes, tendo programas maus de raiz obtêm-se bons resultados», disse João Machado a propósito do PRODER, «um programa horrível, que teve todas as organizações de produtores contra», mas cujas regras foram sendo progressivamente modificadas, chegando aos 97% de execução em 2015, quase um ano antes do fecho definitivo das contas.

Com o seu sucessor, PDR2020, já a ser executado, a transição entre os dois programas de desenvolvimento rural está a ser feita com alguns «sobressaltos» inevitáveis, mas que não travaram a continuidade do investimento.

Na véspera do 7.º Congresso da CAP, dedicado ao tema “Agricultura, Europa e Mercados Internacionais”, o presidente da confederação abordou ainda outras questões.

No que diz respeito à mão-de-obra, João Machado afirmou que o panorama da agricultura nacional está a mudar e absorve dois tipos de mão-de-obra: empregos qualificados com mão-de-obra «cada vez mais especializada, profissional e consumidora de novas tecnologias» e empregos sazonais, direcionados para as apanhas e colheitas.

«Temos a maior dificuldade neste tipo de mão-de-obra. Estamos a importar mão-de-obra da Ásia, para colher em Portugal e há algum investimento, sobretudo estrangeiro, com alguma dimensão, que não está a ser feito, porque não tem garantia de mão-de-obra local. Temos um alto desemprego, mas temos uma dificuldade enorme em arranjar mão-de-obra que queira trabalhar neste tipo de trabalho», apesar dos salários acima do ordenado mínimo nacional.

Quanto à nova Política Agrícola Comum (PAC), que vai começar com um ano de atraso, «é no seu conceito, uma viragem», considerou João Machado, lembrando que, desde 1992, as reformas que se destinavam a eliminar excedentes e a produzir menos.

«Voltamos àquilo que foi o início da PAC a seguir à II Guerra Mundial, quando a PAC foi criada», sublinhou, afirmando que a nova política agrícola comum aponta para um aumento da produção, com vista a dar respostas às alterações de consumo a nível mundial e ao crescimento populacional esperado até 2050.

Já a propósito das quotas leiteiras, estas «tinham uma vantagem enorme: garantiam que o consumidor europeu teria leite e que o contribuinte não pagaria nenhuns impostos para destruir leite, manteiga ou o que quer que seja, porque estavam programadas para o consumo», declarou o presidente da CAP.

Com o fim deste regime, «se houver uma sobreprodução de leite vai ser necessário encontrar mecanismos europeus para retirar esse leite do mercado: para o transformar em leite em pó, para o transformar em manteiga, para o transformar em derivados».

Para João Machado, Portugal só conseguirá continuar a produzir leite tornando a produção mais racional, conseguindo custos mais baixos e diferenciando o produto. O objetivo deve ser «continuar a produzir com qualidade e tentar transformar esses produtos, deixando de fazer produtos de grande volume e de baixo preço e fazendo produtos que sejam mais valorizados», como o leite do dia.

Fonte: Lusa  

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