Vespa velutina ensombra «ano excecional» de produção de mel no Caramulo

«No ano passado foram detetadas as primeiras velutinas» e este ano «já estão espalhadas por todo o lado e há colmeias bloqueadas», refere Isidro Ferreira, da Associação de Apicultores da Serra do Caramulo.

mel

A produção de mel na Serra do Caramulo atingiu as 60 toneladas naquele que é considerado um «ano excecional», mas que está a ser ensombrado pela propagação da vespa velutina, que pode por em risco muitas colmeias.

«As condições climatéricas no Caramulo permitiram médias fantásticas nas colmeias e vai ser difícil haver um ano igual», disse à agência Lusa Isidro Ferreira, da Associação de Apicultores da Serra do Caramulo, acrescentando que, no entanto, este é também um ano marcado pelo crescimento abrupto da vespa velutina (asiática) na região.

Segundo o apicultor, «no ano passado foram detetadas as primeiras velutinas» e este ano «já estão espalhadas por todo o lado e há colmeias bloqueadas».

Só Isidro Ferreira já identificou «sete ninhos de velutina num raio pequeno» e tem um colega que «apanhou mais três ou quatro».

«Mas serão muitos mais. Quando chegar o outono as folhas vão cair e serão mais fáceis de identificar. Com uma mata com esta densidade é quase impossível descobrir ninhos», afirmou.

Com a perspetiva de haver cada vez mais colmeias bloqueadas - ou seja, com vespas velutinas a pairar à entrada, impedindo as abelhas de trabalhar e de recolher alimento - a associação decidiu promover uma ação de esclarecimento sobre esta praga, que decorrerá no domingo de manhã, durante a Festa do Mel.

Segundo Isidro Ferreira, «os apicultores vão ter que viver com a velutina quer queiram, quer não», mas, para isso, terão que «mudar completamente o seu maneio».

Por exemplo, explicou, vão «ter que começar a espalhar armadilhas na primavera», porque é a altura do ano em que as fundadoras dos ninhos vão «andar à caça para alimentar as suas crias».

«Cada fundadora que caçarmos é menos um ninho em agosto/setembro. Só que é um trabalho ingrato, espalhamos armadilhas e muitas vezes não caçamos nada», lamentou.

Aplicar os fitossanitários «contra os parasitóides que a colmeia tem, como a varroa», e alimentar as colmeias que estão bloqueadas «com alimento bastante diluído», são algumas das medidas a tomar, explicou.

Isidro Ferreira disse que a presença da vespa velutina «aumenta os custos em todos os aspetos: é o tempo que se gasta, as deslocações que se fazem e o próprio alimento para as colmeias».

Na sua opinião, a situação será complicada sobretudo para os apicultores «que têm um apiário com quatro ou cinco colmeias» e um ninho de vespa velutina perto.

«Nos apiários de 30/40 colmeias será mais diluído e o apicultor irá tratar aquelas colmeias de outra forma. Mas vai ter sempre perdas», acrescentou. 

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