Universidade de Aveiro desenvolve embalagens alimentares a partir da batata

batata

A investigação é da Universidade de Aveiro e desenvolveu bioplástico para embalar alimentos através de batata.

A intenção é acabar com a ditadura do plástico sintético. É que para além de ser biodegradável, os ingredientes do novo bioplástico promovem uma melhor conservação dos alimentos quando comparados com os plásticos tradicionais.

Produzidas à base de amido, um dos hidratos de carbono presentes nas batatas e cujas propriedades permitem obter películas transparentes, resistentes à rutura, inodoras e sem sabor, os testes já realizados nas bioembalagens produzidas neste trabalho de colaboração entre os departamentos de Química e de Engenharia de Materiais e Cerâmica, nas unidades de investigação QOPNA e CICECO, sob supervisão de Manuel A. Coimbra e Paula Ferreira, respetivamente, apontam-na como uma barreira eficaz entre o alimento e o exterior.

Os investigadores querem acrescentar ainda mais propriedades ao plástico nascido da batata. «Vamos desenvolver filmes capazes de monitorizar, por exemplo, a absorção de oxigénio, a libertação de dióxido de carbono e o teor de humidade, caraterísticas envolventes na deterioração de alimentos frescos», salienta uma das investigadoras, Idalina Gonçalves.

Além disso, a equipa da UA também quer aumentar o tempo-de-prateleira dos alimentos através da incorporação de compostos ativos extraídos da casca da batata, como por exemplo, a cutina, pelas propriedades de barreira e resistência mecânica, e os polifenóis, conhecidos pelas suas propriedades antimicrobianas e antioxidantes.

Assim, no laboratório os químicos preparam-se para adicionar às películas já desenvolvidas moléculas capazes de detetar a degradação dos alimentos, sensores de humidade e de temperatura.

Atualmente, a batata é a quarta maior colheita do mundo e representa uma cultura alimentar em constante crescimento.

Porém, o seu excesso de produção está a provocar um colapso no preço da batata em praticamente todos os países europeus.

Por exemplo, em Portugal, apontam os investigadores, «o preço médio da batata chega a atingir os cinco cêntimos por quilo, o que representa um valor bastante inferior ao seu custo de produção».

Por outro lado, a indústria de processamento da batata também gera em abundância subprodutos resultantes da fabricação de produtos alimentares feitos a partir de batata, como a casca (6-10 por cento) e outros resíduos resultantes do corte e remoção de defeitos (15 por cento). Além disso, batatas inteiras que não são destinadas ao consumo humano também são desperdiçadas.

Este projeto enquadra-se num conjunto de iniciativas da UA que visam encontrar soluções para a Indústria e Sociedade em geral, tendo como base o conhecimento em química de polissacarídeos.

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