UMA NOVA AMEAÇA PARA OS PEQUENOS FRUTOS: Drosophila suzukii (Matsumura, 1931), ou drosófila de asa manchada (SWD)

Por: Joaquim Fernandes Guerner Moreira, Engenheiro Agrónomo

Origem e distribuição geográfica

Esta espécie é originária do Japão, onde também é conhecida por mosca da cereja, devido aos estragos que provoca neste fruto. Fora da Ásia, foi detetada pela primeira vez no Hawai em 1980, tendo surgido recentemente e quase ao mesmo tempo na América do Norte (2008), estando em 2010 presente em 27 estados, e na Europa (2009). Atualmente, já está presente em Espanha (2008), França (2008), Itália (2009), Suíça (2011), Eslovénia (2011) e Portugal (2012).

Principais frutos hospedeiros

A Drosophila suzukii pode atacar uma grande diversidade de frutos, tais como morangos, mirtilos, amoras (várias espécies), framboesas, cerejas, ameixas, pêssegos, damascos, maçãs, peras asiáticas, figos, diospiros, kiwis e uvas de mesa e de vinho, pode também procurar os frutos de algumas plantas ornamentais, como por exemplo Cotoneaster.

Alguns elementos de biologia

O adulto tem o aspeto de uma drosófila comum que podemos encontrar nos frutos muito maduros ou sorvados ou nas feridas, medindo entre 2,6 a 3,4 mm. A fêmea é em geral maior que o macho. A identificação visual só é possível à lupa binocular, por distinção das diferentes características morfológicas.

O macho possui uma mancha em cada asa, visível a olho nu. São também visíveis duas séries de sedas ou pentes orientadas para baixo nos tarsos anteriores. A fêmea identifica-se pelo aparelho ovipositor muito desenvolvido, que apresenta a forma de uma serra dentada.

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Os ovos postos no interior dos frutos medem entre 0,18 e 0,6 mm, são ligeiramente translúcidos, leitosos e luminosos, sendo a observação quase impossível a olho nu. O ovo tem dois pequenos filamentos até à superfície do fruto (tubos respiratórios). As larvas são também brancas, mas pela observação não é possível identificar a espécie. A pupa é de cor castanha avermelhada, em forma de um pequeno barril alongado nas extremidades.

O ciclo biológico da D. suzukii é curto, o que lhe permite ter até 13 gerações por ano, em certas condições, observadas no Japão as fêmeas são fecundadas antes do período invernal, passando o inverno na forma de adulto em diversos refúgios. O ciclo começa na primavera, logo que haja frutos disponíveis para as primeiras posturas.

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A fêmea utiliza o ovipositor para perfurar a epiderme dos frutos e depositar o ovo. Pode pôr entre 7 a 16 ovos por dia, sendo 1 a 3 por fruto, podendo totalizar 300 ovos por fêmea. Os ovos eclodem ao fim de 2 a 3 dias e a larva desenvolve-se no fruto, durante 3 a 13 dias. Após o último estádio larvar, forma-se a pupa e tem lugar a ninfose que pode durar entre 3 a 15 dias (Kanzawa 1939). A duração do ciclo de desenvolvimento é muito variável, dependendo essencialmente da temperatura, podendo assim variar entre pouco mais que uma semana a quase quatro semanas.

Sintomas nos frutos

A Drosophila suzukii, tem a particularidade de poder atacar os frutos sãos, ainda na árvore, não maduros, e que não apresentam lesões. Ao fazer a postura, deixa uma pequena marca na superfície do fruto, dificilmente visível a olho nu, que corresponde à perfuração feita pelo ovipositor (danos primários). Após a eclosão, as larvas começam a alimentar-se, provocando o amolecimento e uma depressão ao nível da epiderme. A ferida originada pela postura é igualmente uma porta de entrada para eventuais bactérias e fungos que se podem desenvolver nos frutos atacados e contaminar os frutos vizinhos sãos (danos secundários).

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Prospeção e vigilância

Após a deteção em Espanha (2008), foi desencadeado em Portugal, pelos Serviços do Ministério da Agricultura, um programa de prospeção e vigilância da praga. Em 2012, a Drosophila suzukii foi encontrada em campos de framboesas na região de Zambujeira-do-Mar, tendo sido no final do mesmo ano encontrada no Ribatejo e no Algarve.

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