Tendências alimentares para 2020

A PortugalFoods apresentou as principais tendências para o setor agroalimentar em 2020 no passado dia 30 de janeiro, no TecMaia. O naturalmente funcional, a sustentabilidade, a fragmentação do mercado e a snackification surgem como as principais áreas de interesse do consumidor. 

Agroalimentar

Joana Maricato, keynote speaker do evento e market research manager na consultora londrina New Nutrition Business, apresentou as tendências alimentares para o ano corrente, dividindo as respetivas em quarto mega tendências e em dez tendências gerais. Em primeiro lugar, surgem as mega tendências.

Naturalmente funcional

Esta mega tendência está muito presente nos últimos cinco a seis anos. A oradora explica que «o consumidor começou a procurar nutrientes naturalmente saudáveis em vez de procurar científicos», como acontecia no passado. «Todos querem ingredientes e alimentos que tenham benefícios naturais e intrínsecos», passando por ingredientes em voga como o abacate, o azeite, o húmus, as amêndoas, o iogurte grego, entre outros. Esta é uma tendência em todas as faixas etárias, visto que os consumidores querem incluir mais produtos hortícolas e de forma mais conveniente nas suas refeições diárias, reconhecendo a importância funcional dos respetivos.

Fragmentação do mercado

«Hoje em dia, é mais difícil desenvolver um produto em massa para o mercado», começa por explicar Joana Maricato. Como tal, procede-se à fragmentação do mercado em nichos, pois várias pessoas identificam-se com estilos de alimentação distintos. Na sequência de tal identificação, cada pessoa desenvolve o seu sistema de crenças e preferências e cada uma realiza a sua pesquisa para compreender questões relacionadas com a saúde, dieta e nutrição. «Hoje em dia, mais de 50% das pessoas informa-se online sobre um produto e só depois procura um nutricionista», realçou, concluindo que a fragmentação é essencial pois «é muito difícil ter um produto de mercado que agrade 90% das pessoas. Há que fazer produtos para os nichos», daí esta se tratar de uma das maiores tendências atuais.

Sustentabilidade

Atualmente a sustentabilidade é uma das palavras mais presentes na mente do consumidor. Não é então de estranhar que esta se revele como uma mega tendência para 2020. A empresa pode preocupar-se ao nível da embalagem, desenvolvendo opções para quem procura algo sustentável para o ambiente; ao nível upcycling, que consiste numa reutilização criativa de resíduos; e ao nível da agricultura regenerativa, que se baseia numa gestão holística da terra arável.

Snackification

A última mega tendência surge em língua inglesa mas acaba por consistir em «oferecer produtos com conveniência, de uma maneira fácil e rápida», nomeadamente, através de snacks. Atualmente estes revelam-se como uma constante no mercado e apresentam-se nos mais diferentes formatos. Além disso, vários são os produtos que podem ser transformados em snacksnos dias correntes. Segundo Joana Maricato, «os consumidores estão cada vez mais abertos a experimentar snacks inovadores e diferentes». Uma análise realizada por 150 marcas revelou que as marcas de snacks tinham 60% de sucesso no mercado, um valor mais elevado do que em qualquer outra categoria.

Desde a saúde digestiva, ao consumo de gordura

No âmbito das tendências alimentares mais categorizadas, em primeiro lugar surge-nos a preocupação do consumidor com a saúde digestiva. Esta é uma das tendências que ganha mais destaque, com os consumidores a preocuparem-se com o glúten, a lactose, as fibras, os produtos fermentados, entre outros. Neste âmbito surge o leite A2, lançado em 2004 pela start-up A2 Milk Company.  Esta proteína é ideal para as crianças e para quem tem problemas com a digestão de produtos lácteos.

A segunda tendência são os hidratos de carbono. Joana Maricato afirmou que que existe um aumento da dieta low carb, que tem ganho muita popularidade junto dos consumidores das diferentes faixas etárias. Nos últimos anos, tem existido uma concentração da indústria em reduzir os hidratos de carbono dos seus produtos.

Surge então a tendência plant-based. «Não é acerca de toda a gente se estar a tornar vegetariano ou vegan, mas é acerca de toda a gente querer incorporar leguminosas e outros na sua dieta», afirmou a oradora. Contudo, se por um lado há o consumidor mais interessado em assumir este regime alimentar, por outro lado há o consumidor que aprecia carne e quer continuar a consumir a mesma, apesar das várias questões em torno desta para a saúde e a sustentabilidade. Esta é uma das questões que mais conduz à fragmentação do mercado.

A quarta tendência relaciona-se com o açúcar, nomeadamente com a redução do respetivo. Cerca de 60% dos europeus admite estar a tentar reduzir o consumo de açúcar. Como tal, as empresas podem adotar diferentes estratégias, passando pela redução geral, a utilização de açúcares mais naturais, a utilização do açúcar como energético ou a apresentação do açúcar enquanto guilty pleasure. Atualmente existem muitos exemplos, como os leites vegetais, as barras de proteínas com açúcares mais naturais e os produtos que usam a energia como mensagem.  

A quinta tendência surge no âmbito do consumo de proteína. «A proteína é uma tendência mais forte em alguns mercados, como os EUA e a Europa do Norte. Em Portugal têm acontecido uns picos de interesse», conta-nos a investigadora. As marcas podem usar proteína vegetal, a oferta de produtos com carne em snacks, proteína láctea e substitutos de carne. Já a sexta tendência relaciona-se com o consumo de gordura. Nesta perspetiva, o consumidor acredita que há gorduras que podem ser saudáveis e que não se deve ter medo total aos produtos com alto conteúdo de gordura. Atualmente mais de 30% dos consumidores está a tentar comer mais gorduras saudáveis «Os consumidores querem continuar a consumir alguns produtos com gordura tendo por base uma alimentação saudável e variada», conclui Joana Maricato.

A sétima tendência é a carne a sua reinvenção atual por parte das indústrias. É identificado, pela primeira vez, o potencial crescimento do setor da carne, nomeadamente ao se diferenciar pelas soluções alternativas deste produto e que estejam alinhadas com as preferências do consumidor. Esta tendência relaciona-se em larga escala com a perspetiva plant-based. «A perceção que o consumidor tem da carne enquanto uma proteína saborosa e de elevado valor biológico está a impulsionar a reinvenção da carne e irá assegurar o seu lugar enquanto elemento de uma refeição e como um snack», afirmou Joana Maricato.

O oitavo tópico relaciona-se com a origem e autenticidade dos produtos. Os consumidores procuram transparência total e controlo da qualidade, exigindo conhecer cada especificidade do que consomem. Esta questão da origem começou na cerveja, está a revolucionar a padaria e agora o setor dos queijos tem tirado o seu partido. Os consumidores querem produtos de qualidade superior e associam produtos de determinada origem a tal.

A penúltima tendência é a energia 2.0. «O segmento de energia foi denominado durante muito tempo pelas bebidas energéticas. São um produto que continua a crescer mas, hoje em dia, já há possibilidade dos consumidores procurarem essa energia em produtos diferentes», apresenta Joana Maricato, destacando a oferta da cafeína.

A última tendência relaciona-se com o mood. «Agora existe a consciência de que há uma saúde física e há uma saúde mental, que muitas vezes estão associadas. É importante encontrar maneiras de ajudar ambos», destacou. Dentro dos ingredientes mais utilizados neste âmbito surgem os extratos de CBD.

FONTE: Tecnoalimentar

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