Tarouca: setor acredita no futuro promissor da cultura do sabugueiro
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Foi apresentado na tarde desta sexta-feira, 25 de janeiro, na Casa do Paço, Dalvares, em Tarouca, o Grupo Operacional (GO) SambucusValor.
Durante a apresentação, a convergência de opiniões dos vários agentes do setor foi unânime: o sabugueiro tem potencialidades que podem gerar mais valias económicas e desenvolvimento regional.
O Sambucusvalor é um projeto financiado pelo FEADER e pelo Estado Português, no âmbito da ação 1.1 «Grupos Operacionais», integrada na Medida1. «Inovação» do PDR2020.
De acordo com a Inovterra - Associação para o desenvolvimento local que lidera o projeto, atualmente, a cultura do sabugueiro representa cerca de um milhão de euros na sua comercialização em Portugal, produzindo cerca de 1500 toneladas de baga fresca neste território em cerca de 400 a 500 hectares.
Neste sentido, durante a apresentação, ficou claro que a Inovterra e os seus parceiros acreditam, que este valor pode aumentar em muito com este projeto.
Por essa razão, propõe-se a estudar e a explorar o potencial do sabugueiro, quer através da criação de subprodutos, com uma pequena transformação, quer através da diversificação do mercado alvo do produto (exemplo Indústria farmacêutica), sempre tendo como prioridade a promoção da saúde e a prevenção das doenças.
No evento, marcou presença, Luís Caiano, representante do secretário de Estado da Agricultura e Alimentação. Na sua intervenção, o responsável afirmou que a agricultura portuguesa, «apesar das adversidades, tem vindo a crescer».
«A inovação é fundamental para o crescimento da agricultura. Neste sentido, o Governo tem tomado várias iniciativas com vista a alavancar a inovação nas fileiras agroalimentar e florestal. Destacamos, por isso, o apoio à criação dos centros de competências nas fileiras agroalimentar e florestal, com estratégias e planos de ação objetivos, e que constitui uma das formas de transferência de conhecimento e tecnologia, sendo em muitos casos, motores de desenvolvimento regional», sublinhou.
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Luís Caiano realçou também que neste momento estão reconhecidos cerca de 20 centros de competências, organizados por cadeias de valor, focados nas necessidades de investigação, desenvolvimento e inovação dos agricultores e das empresas do setor.
«Através do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR2020) já foi disponibilizado 1 milhão de euros no que respeita ao apoio às iniciativas dos centros de competências», informou.
Vincou depois a «importante cooperação entre os ministérios da Agricultura e da Ciência e Ensino Superior no sentido de reforçar a investigação, assegurando a transparência do conhecimento e tecnologia para os setores agroalimentar e florestal».
No que concerne ao apoio aos Grupos Operacionais, no âmbito do PDR 2020, até à data, já foram aprovados 114 projetos, com investimento elegível de 48 milhões de euros, que envolvem 500 parceiros com apoio a fundo perdido superior a 30 milhões de euros. Falamos de fileiras como Produção Animal, Horticultura e Fruticultura, Cereais, Olivicultura e Floresta.
Criar valor acrescentado
Já João Manuel da Costa, da Universidade de Aveiro, recordou que a cultura do sabugueiro naquela instituição «não é algo desconhecido» e sublinhou que «o trabalho e a investigação junto das empresas é fundamental para a criação de valor acrescentado».
Para Júlio Félix, em representação da Diretora Regional de Agricultura do Norte, «a expectativa é bastante grande em relação ao trabalho que está a ser desenvolvido no projeto GO Sambucus Valor».
Durante a sessão foi ainda destacado que o preço da baga de sabugueiro tem vindo a aumentar nos últimos anos, sendo que desde 2005, a maior parte da produção tem vindo a ser exportada para a Alemanha e outros países do centro da Europa, também em fresco.
Para Pedro Brás de Oliveira, do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I. P. (INIAV), e diretor do Suplemento Pequenos Frutos (publicado com a revista Agrotec) entidade parceira do projeto, falamos de «uma cultura que tem de ser trabalhada».
«O Sambucus precisa de facto que haja investimento. Podemos ter alguma inovação, e é aqui que entra o GO. O sabugueiro tem a virtude de ter uma panóplia de opções em termos de utilização e tem sido utilizado em diversas aplicações. Isso será, seguramente, aproveitado», disse na sua comunicação.
Na sua intervenção, Bruno Cardoso, presidente da direção da InovTerra, alertou para a questão da internacionalização: «somos a maior área de sabugueiro na Europa e isso pode dar-nos uma alavanca para a criação de produtos que venham a ser transformados, inclusive em Portugal. Neste momento ainda trabalhamos muito a matéria prima. Mas acredito que, no futuro, a realidade será outra».
O responsável enumerou também as várias aplicações onde já é utilizada a baga de sabugueiro, desde produtos ligados à saúde, medicamentos, gel de banho, águas com sabores, gin, sal grosso aromatizado com flor de sabugueiro, cerveja, etc.
"A valorização do sabugueiro a partir do desenvolvimento de novos produtos alimentares de valor acrescentado". Assim se designoui a comunicação de Sílvia M. Rocha, do QOPNA & Departamento de Química da Universidade de Aveiro.
A docente recordou que, desde 2010, que se estuda naquela instituição o sabugueiro.
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Sílvia Rocha
«Temos andado um pouco à espreita. Na universidade trabalhamos muito os produtos naturais, a sua valorização, olhando para as biomoléculas. Mas isto não chega. Para criar valor e colocar esse conhecimento ao dispor da sociedade, é importante olhar para muitas perspetivas, de forma a valorizar o conhecimento. Analisar os campos, a questão das cultivares, as suas diferentes características, que tipo de produtos podem dar é, pois essencial, até para avaliarmos toda a cadeia, desde o campo até ao produto e consumidor. É essa a nossa preocupação», sustentou Sílvia Rocha.
O Sambucusvalor é um projeto financiado pelo FEADER e pelo Estado Português, no âmbito da ação 1.1 «Grupos Operacionais», integrada na Medida1. «Inovação» do PDR2020.
A Inovterra lidera o projeto, sendo que este tem como parceiros a Universidade de Aveiro, o INIAV, a Inovfood, Alberto Luís Branco Miranda de Carvalho Neto e Oldland, Unipessoal Lda.
A Publindústria (empresa jornalística com mais de trinta anos de atividade na edição de revistas especializadas e detentora das marcas Agrotec, TecnoAlimentar, Agrobook e Agronegócios) é igualmente parceira do projeto.
Saiba mais aqui.
Fotos: Daniela Faria
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Nota Editorial: Leia a reportagem completa sobre esta apresentação na próxima edição do Suplemento Pequenos Frutos, publicado com a revista Agrotec.
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