Secretário de Estado reconhece que setor do leite atravessa «tempestade perfeita»

O secretário de Estado da Agricultura, Luís Vieira, disse a 26 de fevereiro que o setor do leite em Portugal «está a passar por uma tempestade perfeita», devido a uma crise que reconhece ser «difícil de resolver».

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«O setor do leite, juntamente com o setor da carne suína, atravessa neste momento um momento difícil, não só em Portugal, como em todos os países da União Europeia», disse o secretário de Estado da Agricultura, Luís Vieira.

«Estamos perante uma 'tempestade perfeita' devido ao desajustamento entre a oferta e a procura, que provoca uma difícil crise para resolver», completou. 

O governante marcou presença em Vila do Conde no Seminário 'Novos desafios para a produção de leite', promovido pela APROLEP - Associação dos Produtores de Leite de Portugal e pela AJADP - Associação de Jovens Agricultores do Distrito do Porto, mostrando-se cauteloso quanto a soluções imediatas. 

Luís Vieira apontou «o fim das quotas leiteiras, o embargo russo, o abrandamento do desenvolvimento da China e de mercados emergentes como Angola e Venezuela, além da redução do consumo interno do leite, em contraponto com um aumento de produção», como principais fatores para as dificuldades dos produtores do setor. 

Apesar de reconhecer que não há «uma varinha mágica para resolver de imediato estas situações» o Secretário de Estado garantiu que Ministério da Agricultura está a trabalhar na União Europeia para encontrar soluções.

«Tal como outros Estados-membros, já enviamos sugestões para a Comissão Europeia, que serão debatidas num próximo Conselho de Ministros Europeus no próximo mês de março», divulgou. 

Enquanto as dificuldades dos produtores de leite estão ser resolvidas nas esferas europeias, Luís Vieira garantiu que o Governo está também a desenvolver estratégias internas, nomeadamente na promoção do produto a nível interno. 

«Vamos avançar com uma medida na rotulagem, onde temos um projeto para colocar um logótipo com origem do produto portuguesa, de modo a que os consumidores saibam que estão a comprar um produto de qualidade e possam ser solidários com os agricultores nacionais», partilhou o Secretário de Estado. 

Além desta estratégia de promoção, Luís Silva garantiu que tem sensibilizado as grandes cadeias de distribuição para terem «bom senso» na fixação dos preços na venda de leite.

«É necessário que as nossas grandes cadeias de distribuição tenham em consideração que não é por apresentarem preços muito baixos que se ganha eficiência», começou por dizer. 

«Com preços muito baixos perde toda gente. Se o distribuidor tiver um preço mais alto, certamente vai ganhar mais, assim como os produtores e os transformadores. Em períodos críticos como este é preciso equilíbrio e bom senso», afirmou Luís Vieira. 

Já Carlos Neves, da Associação dos Produtores de Leite de Portugal, lembrou que os preços pagos ao setor «têm caído a pique», lembrando que «os custos de produção estão abaixo dos custos de venda».

«A média nacional paga aos produtores é de 28 cêntimos por litro de leite, mas os custos de produção rondam os 34 cêntimos. É fácil perceber que o cenário atual é insustentável», desabafou o dirigente. 

Carlos Neves deixou ainda um apelo ao Governo para que além de soluções de fundo, sejam trabalhadas linhas de ação imediatas para salvar o setor. «Vivemos num estado de emergência e nesta altura, tal como num acidente ou num incêndio, é preciso salvar os vivos e procurar soluções, para depois, com o seu tempo, resolver os problemas que causaram isso», apelou.

Fonte: Lusa

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