Rendimento dos produtores de fruta pode descer 40%
Os produtores de fruta estão com dificuldades em arranjar mercados para escoar os seus produtos e admitem que, em alguns casos, as quebras de rendimento dos agricultores podem chegar aos 40%.
O presidente da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP) deixou este alerta no início da semana na Assembleia da República e apelou ao Governo que «se esforce ao máximo na diplomacia económica» para abrir novos mercados.
Segundo Domingos dos Santos, as dificuldades de escoamento devem-se ao aumento «significativo» da produção conjugado com o embargo imposto pela Rússia, que fechou as suas portas às importações agrícolas europeias em agosto de 2014, sem que os produtores tivessem conseguido entrar em mercados alternativos.
«Estamos a viver uma situação de preços muito baixos, no limite dos custos de produção. A imagem de que está tudo muito bem não é verdadeira», disse à Lusa o responsável da FNOP.
Domingos dos Santos sublinhou que a Rússia «era um cliente importante para toda a Europa» e que o fecho das fronteiras russas aos produtos europeus deixou os outros concorrentes de Portugal também em dificuldades.
«A oferta é a mesma, mas os clientes diminuíram», destacou, estimando que Portugal exportava cerca de cinco milhões de euros anuais de frutas e hortícolas para a Rússia, tendo agora de se voltar para outros destinos para conseguir escoar uma produção crescente.
A produção de pera-rocha, por exemplo, duplicou nos últimos dez anos, mas houve também aumentos expressivos noutro tipo de futas, como a maçã ou os citrinos.
«Vender é mais difícil do que produzir» desabafou o dirigente da FNOP, lembrando que nem sempre é fácil entrar em novos mercados devido a barreiras protecionistas e normas fitossanitárias.
«Temos países onde ainda não é permitida a entrada das nossas frutas. Tem-se feito pouco nessa área», lamentou.
A Colômbia é um destes casos. Estava previsto que o mercado fosse aberto durante o primeiro trimestre de 2015, mas Domingos dos Santos está pessimista: «parece que voltou a ficar complicado», afirmou.
Por outro lado, mercados para onde já se exporta a pêra-rocha, como o Brasil, «estão a ser cada vez mais pressionados» e os preços baixaram drasticamente.
«Se isto se prolonga durante mais a próxima campanha vai ser difícil sobreviver», frisou o presidente da FNOP.
Fonte: Notícias ao Minuto