Rendimento da Atividade Agrícola deverá decrescer 3,3% em 2020

Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), entre janeiro e outubro de 2020, as exportações de produtos agrícolas aumentaram 6,2% face ao mesmo período do ano anterior, enquanto o total de exportações de bens decresceu 11,5%. 

Agricultura

De acordo com a primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura (CEA) para 2020, o rendimento da atividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano (UTA), deverá registar uma diminuição (-3,3%), situação que não ocorria desde 2011.

Para esta evolução foi determinante o decréscimo do Valor acrescentado bruto (VAB) (-7,7%), parcialmente atenuado pelo crescimento dos Outros subsídios à produção (+3,6%). A atividade agrícola foi naturalmente condicionada pelos efeitos da pandemia Covid-19, verificando-se um impacto negativo na produção vegetal, sobretudo nos produtos mais perecíveis ou sensíveis a transporte e armazenamento, enquanto a produção animal foi afetada pelas alterações nos padrões de consumo decorrentes do confinamento.

As exportações de produtos agrícolas, no período de janeiro a outubro de 2020, registaram um aumento de 6,2% face ao período homólogo, enquanto as exportações totais de bens decresceram 11,5%.

No mesmo período, as importações de produtos agrícolas diminuíram 2,6%, um decréscimo menos significativo do que o das importações totais de bens (-16,5%).

Produção vegetal 

O decréscimo nominal da produção vegetal (-4,4%) resulta do efeito conjugado de uma diminuição em volume (-5,9%) e de um aumento dos preços de base (+1,6%). Com exceção das plantas industriais e plantas forrageiras, a produção nominal da generalidade das categorias de produtos da produção vegetal diminuiu.

A produção de cereais deverá diminuir 3,4% em volume. À exceção do centeio e milho, todos os outros cereais apresentaram uma produção em 2020 inferior ao ano anterior. Apesar das condições meteorológicas de temperaturas e precipitação terem sido favoráveis para o desenvolvimento vegetativo dos cereais de inverno, constatou-se grande variabilidade nas produtividades, o que contribuiu para um decréscimo na produção destes cereais.

No caso do arroz, registou-se uma redução da área semeada, designadamente em resultado de escassez de fornecimento de água nos terrenos do Vale do Sado. O preço no produtor para os cereais deverá registar um aumento (+2,5%).

Relativamente às plantas forrageiras, perspetiva-se um acréscimo do volume de produção (+11,3%), em consequência de teores de humidade do solo relativamente elevados, conjugados com as temperaturas amenas no inverno e altas na primavera, que favoreceram o crescimento dos prados e pastagens e o desenvolvimento das forragens anuais. Os preços de base deverão decrescer ligeiramente (-0,9%).

A produção de vegetais e produtos hortícolas deverá diminuir em volume (-4,5%), especialmente devido aos hortícolas frescos, em particular no caso do tomate para a indústria (-15,0%). Note-se que na campanha anterior foi atingida uma produtividade historicamente elevada.

A produção de flores e de plantas de viveiro também decresceu em volume, em consequência da acentuada redução da procura e do encerramento de mercados e de outros canais de comercialização devido à pandemia. Estimam-se preços ligeiramente superiores a 2019 (+0,8% e +0,3%, respetivamente).

A produção de batata deverá decrescer ligeiramente em volume (-0,2%), mas os preços no produtor deverão diminuir acentuadamente (-23,4%). Apesar da boa qualidade dos tubérculos, o comportamento dos preços reflete as dificuldades de escoamento para o canal HORECA (hotéis, restaurantes, cafés) e exportação, provocadas pela situação pandémica.

Fruticultura

Nos frutos perspetiva-se um decréscimo em volume (-10,9%), devido, fundamentalmente, à evolução da produção de frutos frescos (-15,2%), uvas (-5,0%) e azeitonas (-8,4%). Destacam-se particularmente as diminuições na maçã e pera (-25,0% e -35,0%, respetivamente), na sequência de condições meteorológicas desfavoráveis.

Na maçã, a redução na produção foi mais notória pelo facto de a campanha anterior ter sido excecional. Na pera, deverá referir-se que esta foi a campanha menos produtiva da última década.

Por outro lado, é expectável um aumento ligeiro nos citrinos (+0,3%) e um crescimento mais pronunciado nos frutos tropicais (+4,9%) (note-se que as estimativas para citrinos e azeitonas para azeite se referem a ano civil e não ao ano campanha).

Os preços de base deverão registar um aumento de 6,7%, destacando-se a cereja (+59,8%), a amêndoa (+18,7%) e os citrinos (+23,7%). Em sentido oposto, destaca-se a redução do preço da castanha (-20,0%).

Vinho e azeite

Em relação ao vinho, é expectável uma menor produção em quantidade (-5,0%), dada a ocorrência de geadas e granizo no inverno e de ataques de míldio e escaldões na primavera/verão. Porém, a perspetiva em termos qualitativos é boa (vinhos equilibrados quanto ao grau de acidez, teor alcoólico, aroma e cor).

Quanto ao azeite, as previsões apontam para um decréscimo de produção em volume (-9,7%) e um aumento dos preços de base (+2,1%). Este cenário de produção, para o ano civil de 2020, resulta da combinação de duas campanhas com diferentes níveis de produção. Na campanha atual (2020/2021), já por si de contrassafra (menor produção), a precipitação e as elevadas temperaturas na altura do vingamento dos frutos e os prolongados períodos quentes e secos no verão provocaram uma menor produção de azeitona.

Saiba mais no documento que apresenta a primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura 2020.

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