Quercus pede que se salvem os carvalhos em Portugal

A Associação Nacional de Conservação da Natureza apela à conservação da floresta autóctone, em especial dos carvalhos.

carvalho

Centenas de árvores foram plantadas durante o dia, de norte a sul do País, no âmbito das comemorações do Dia da Floresta Autóctone, que se celebrou a 23 de novembro.

Aproveitando a data, a Quercus alertou para o desaparecimento de grande parte das florestas naturais e para as suas ameaças, pedindo legislação específica para a preservação das espécies autóctones. A prioridade são os carvalhais, diz, pois «desapareceram quase por completo da nossa paisagem por força da ação humana dos últimos milénios».

O eucalipto, espécie não autóctone (que não é natural do território), é hoje aquela ocupa mais espaço na floresta nacional.

A «floresta primária», diz o presidente da direção nacional da Quercus, é hoje muito reduzida. João Branco refere-se à floresta «ancestral, que sobreviveu até aos nossos dias», e onde se encaixam «os poucos carvalhais que ainda temos, que são 2% da área florestal».

O desaparecimento destas árvores levou a associação a lançar recentemente uma petição, na qual pede «aos Ministros da Agricultura e Ambiente e a todos os grupos parlamentares, a criação de Legislação para proteção dos Carvalhais em Portugal».

Entre os mais ameaçados, a Quercus refere os «Carvalhais de Carvalho alvarinho ou roble (Quercus robur); Carvalho negral ou pardo das beiras (Quercus pyrenaica) e Carvalho português ou cerquinho (Quercus faginea)», espécies «nobres e de elevada importância cultural e ambiental», que ocupam agora «0.7% da área total de Portugal».

De acordo com o último relatório do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), houve uma redução de 27% na sua área entre 1995 e 2010.

«A floresta autóctone de carvalhos de folha caduca está em perigo», alerta João Branco. Entre as principais ameaças, o representante diz que «estão a ser cortados para a expansão de eucaliptais [que ocupam 26% das florestas nacionais]». Além disso, há a pressão provocada pelos fogos florestais e o corte para lenha no uso doméstico. Por isso, a Quercus considera que «é urgente a criação de legislação que proteja de forma eficaz os últimos exemplares e bosquetes destas espécies de Carvalhos autóctones».

No que diz respeito à «floresta autóctone secundária», João Branco explica que «já tem alguma dimensão», devido aos «montados de sobro e azinho».

«São duas árvores protegidas por lei e por isso se mantêm», prossegue. Em termos percentuais, e de acordo com o ICNF, o sobreiro representava 23% da área florestal em 2010, enquanto a azinheira correspondia a 11% do total.

Apesar da proteção legal que existe, o presidente da Quercus refere que estas espécies estão também sujeitas «à pressão da indústria da celulose», que coloca os sobreiros no meio dos eucaliptos, e também a pragas e doenças.

Já o pinheiro-bravo, que em 2010 ocupava 23% da área florestal, «tem vindo a ser substituído por eucaliptos». Entre 1995 e 2010, o ICNF refere que a sua área apresentou uma forte redução, "de -13% relativamente à superfície arborizada (povoamentos) e de -27% quanto à superfície total".

As florestas autóctones são muito importantes para o País, não só do ponto de vista económico, mas também ecológico e social. Estão perfeitamente adaptadas ao clima e ao solo, ajudam na conservação da biodiversidade, dão abrigo e alimento aos animais, ajudam na preservação dos solos, entre muitas outras funções.

«Os carvalhos de folha caduca estão completamente desprotegidos. Achamos que tem de haver legislação para os proteger», diz João Branco.

No comunicado lançado na véspera do Dia da Floresta Autóctone, a Quercus apela, ainda, a que o Governo melhore «a regulamentação e o apoio público ao controlo de pragas e doenças florestais que tem estado em expansão nomeadamente no pinhal, assim como o declínio do montado que urge inverter» e pede a «regulamentação da colheita de cogumelos silvestres». 

Fonte: DN

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