Produtores pecuários em protesto

A associação de lavoura de Aveiro convocou para sexta-feira (26 de junho) uma marcha de tratores na Estrada Nacional 109, que liga Ovar a Aveiro, para exigir medidas nacionais de regulação do mercado, sobretudo atendendo ao fim das quotas leiteiras na União Europeia (UE).

«O fim das quotas leiteiras é uma desgraça para os produtores, tendo em conta que não houve da parte dos governos medidas em defesa da produção nacional», disse Albino Silva, da Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA).

Para o dirigente da ALDA, o fim das quotas leiteiras representa «a liberalização total do setor e o leite proveniente de outros países vai encher o mercado nacional», comprometendo a viabilidade das explorações, que estão «numa situação altamente aflitiva e complicada».

Na Beira Litoral, que, a par do Minho, é uma das principais bacias leiteiras do país, já existiram cerca de 30 mil explorações, mas segundo os cálculos da ALDA atualmente devem subsistir apenas 1.500.

«Os preços pagos à produção estão ao nível de há 20 anos e não acompanharam o aumento dos fatores de produção, como o gasóleo e a eletricidade, as rações e os impostos, entretanto criados, que esmagam as explorações nacionais», denuncia Albino Silva.

Pelo caminho encerraram muitas explorações por não terem dimensão ou não conseguirem cumprir as novas exigências de sanidade animal, mas nem a concentração de animais em zona de minifúndio põe a salvo os produtores com maior capacidade de resistência, face à concorrência que se avizinha, acrescentou.

«Se o Governo não tomar medidas é uma desgraça total. Mete cá leite quem quiser, o que naturalmente prejudica a nossa produção, e estamos a falar de pequenas e médias [explorações], mas também de explorações com 100 cabeças de gado e mais, o que não é nenhuma brincadeira», antevê Albino Silva.

Numa ação de protesto apoiada pela Confederação Nacional de Agricultura (CNA), os tratores vão sair de Válega pelas 10h00 de sexta-feira, rumo a Aveiro, numa luta que é também contra a «ditadura comercial, exercida pelos hipermercados que fomentam as Importações e esmagam em baixa os preços à produção nacional e contra os custos especulativos dos fatores de produção, muito por causa da pesada carga fiscal que lhes tem sido aplicada nos Orçamentos de Estado».

Fonte Lusa 

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