Prémio FLAD Science Award Atlantic para investigadora da Universidade de Aveiro

A investigadora Luísa Magalhães, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e no Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, é a vencedora da 3.ª edição do FLAD Science Award Atlantic, iniciativa da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. A investigadora vai receber 300 mil euros em três anos para desenvolver um projeto ligado às doenças parasitárias nos ecossistemas marinhos costeiros e os seus impactos, designadamente ecológicos, económicos e da sociedade.

O júri considerou o projeto "UNTIE - UNravelling the role of emerging parasitic diseases in the structure and function of coastal communiTIEs and ecosystems", apresentado por Luísa Magalhães - muito relevante do ponto de vista científico, e com muito interesse para Portugal já que alguns dos organismos a estudar (moluscos, bivalves) representam um dos principais setores de exportação, e enalteceu a qualidade da parceria americana, estabelecida com o Smithsonian Environmental Research Center da Smithsonian Institution.

O projeto, que será desenvolvido por Luísa Magalhães, vai focar-se no impacto dos parasitas trematodes que infetam invertebrados marinhos, sobretudo bivalves de elevada importância ecológica e económica, recorrendo a experiências em dois pontos do Altântico: Chesapeake Bay, em Maryland, nos Estados Unidos; e na Ria de Aveiro, em Portugal.

“Os trematodes são frequentemente considerados de baixa patogenicidade e, por isso, ainda menos estudados que outras classes de parasitas”, afirma a coordenadora do projeto. “No entanto, eles são dos parasitas mais prevalentes e dependendo da espécie, da intensidade da infeção e, da interação do parasita com os órgãos vitais do hospedeiro, um trematode pode ser extremamente pernicioso com efeitos conhecidos na reprodução, crescimento e sobrevivência”, explica ainda Luísa Magalhães.

Apesar da elevada percentagem da biodiversidade que é composta por parasitas (estimativas de cerca de 40%), e de, potencialmente, todos os seres vivos sem exceção estarem, terem estado, ou virem a estar infetados por algum parasita em algum momento da sua vida, ainda não há estudos suficientes que ajudem a conhecer as implicações da infeção.

Com o FLAD Science Award Atlantic, Luísa Magalhães irá agora iniciar investigação para colmatar esta lacuna e entender como a perda e/ou ganho de diversidade de parasitas numa comunidade pode ter efeitos em cascata na produtividade e estabilidade dos ecossistemas de maneiras que até agora são consideradas imprevisíveis.

O conhecimento gerado ajudará a fazer uma gestão mais eficiente dos habitats mais vulneráveis a infeção por trematodes de modo a que episódios de doença possam ser previstos ou pelo menos mitigados sem pôr em causa a estabilidade do ecossistema e a produção de recursos com valor comercial e/ou ecológico.

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