“Portugal Sou Eu”: a marca que potencia os produtos nacionais

Lançado em dezembro de 2012, o “Portugal Sou Eu” é uma iniciativa do Governo português criada com o objetivo de promover os produtos nacionais e melhorar a competitividade das empresas. Mais de dois anos depois, Luís Mira, secretário geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), entidade que integra o órgão que gere a iniciativa, fala ao Agronegócios sobre o programa que conta com três mil produtos portadores do selo “Portugal Sou Eu”. Destes, «52% respeitam ao setor agroalimentar». Já o volume de negócios agregado ao programa é superior a 3,1 mil milhões de euros.

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Começamos pela questão de produtos agrícolas. Que mais-valia traz o “Portugal Sou Eu” a produtores e agricultores?

Luís Mira não tem dúvidas de que a grande mais-valia para os produtores agrícolas «é a rápida identificação e o reconhecimento por parte dos consumidores», bem como «a notoriedade que uma associação à marca Portugal pode conferir aos seus produtos».

Atualmente, afirma o responsável, cerca de três mil produtos são portadores da certificação “Portugal Sou Eu”, o que corresponde a um total de 350 empresas.

«O setor alimentar é particularmente relevante para a economia nacional, pelo que é natural que em termos de produtos seja também o mais representativo», afiança Luís Mira, acrescentando que o programa «desenvolveu um esforço intenso neste setor de atividade, tendo em atenção a sua importância e visibilidade para os consumidores finais».

«Cerca de 52% dos produtos respeitam ao setor agroalimentar e 16% ao setor das bebidas», informa.

O agroalimentar tem uma grande importância no programa, como já foi referido, resta saber qual a real importância para o crescimento económico do país, outro intento da iniciativa.

Para Luís Mira, a relevância do setor agroalimentar para a economia nacional «é uma realidade reconhecida pela generalidade dos observadores e confirmada pelos dados estatísticos, que confirmam um aumento exponencial das exportações e uma tendência de equilíbrio da balança comercial do setor».

«O programa “Portugal Sou Eu” começou há relativamente pouco tempo e, portanto, carece ainda de evolução e de um maior grau de reconhecimento por parte dos consumidores, para que os produtores possam tirar dele o máximo partido. No entanto, o setor agroalimentar é muito mais do que apenas os produtos com marca e com enquadramento no “Portugal Sou Eu”. É também composto de commodities cotadas nos mercados internacionais e que não são adquiridas aos produtores por via da sua marca», sublinha.

«Balanço muito positivo»

Mais de dois anos depois de o programa estar no terreno, o balanço feito pelo secretário geral da CAP «é muito positivo».

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Luís Mira, secretário geral da CAP

«Os produtos qualificados com o selo “Portugal Sou Eu” representam um volume de negócios agregado superior a 3,1 mil milhões de euros», esclarece Luís Mira, adiantando que no portal estão registadas mais de 1300 empresas, cujos produtos estão em processo de qualificação.

Atualmente, o programa abrange todos os setores da economia. «A produção agrícola e primária, os produtos de transformação industrial, o artesanato e os serviços, através da adesão ao selo “Portugal Sou Eu”», diz, lembrando que «abrange também, mais recentemente, o comércio a retalho e a restauração e através da adesão ao estatuto ‘Estabelecimento Aderente’».

Também desde dezembro de 2012, «foram dinamizados mais de uma centena de eventos dirigidos a empresas ou ao público em geral, significando, em média, mais de uma ação de promoção, divulgação ou sensibilização por semana».

O “Portugal Sou Eu” conta ainda com 17 embaixadores (personalidades dos mais diversos quadrantes da nossa sociedade) e que dão a cara pela iniciativa.

Por outro lado, «a marca Portugal (versão exportação do “Portugal Sou Eu”) está a ser promovida «através da sua aplicação como marca chapéu na esmagadora maioria das presenças coletivas no âmbito internacional, promovidas diretamente ou através de terceiras entidades associativas, coordenadas pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP)».

Massificação da marca em 2015

Em 2015, antecipa Luís Mira, «espera-se que se verifique uma massificação da marca “Portugal Sou Eu” e que os meios do novo quadro comunitário de apoio permitam promover um reconhecimento mais abrangente do programa e da sua marca, por parte dos consumidores em geral».

O responsável explica, contudo, que o reconhecimento de uma marca «tem o seu tempo de sedimentação, baseado na relação de confiança que se estabelece». «Encontramo-nos na rota da construção dessa confiança, dando passos sólidos e rigorosos, e estamos convencidos que ganhará maior notoriedade com uma crescente adesão das empresas e afixação do selo nos rótulos dos produtos», assegura.

E recorda que o esforço está bem patente no estudo de “Portugalidade”, realizado pelo Instituto Superior Economia e Gestão (ISEG), que indica que o reconhecimento da marca “Portugal Sou Eu” alcança os 27,7%, «quando somados os dois símbolos associados à marca, incluindo a versão exportação e a versão nacional».

«Trata-se de uma percentagem que consideramos interessante na perspetiva de promoção junto do consumidor em fevereiro de 2014, tendo o estudo de notoriedade decorrido em setembro 2014 e sido divulgados os seus resultados em Novembro», acrescenta.

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A medição da notoriedade será novamente realizada após novas campanhas de promoção e de informação, no período 2015-2017.

Para Luís Mira não há dúvida de que «temos produtos nacionais de grande qualidade» no “Portugal Sou Eu”. «Vinho, azeite, fumeiro e queijo, são setores específicos com marcas de excelência reconhecida», exemplifica, dando outros exemplos como a Gumelo ou compotas em bisnaga, no âmbito dos produtos inovadores, ou o Cantinho das Aromáticas, com o Prémio Londres, ou ainda o BeeIellow, mel em embalagem inovadora.

Sucesso do agroalimentar

Sobre o desempenho do setor agroalimentar, o responsável da CAP salienta que «os produtos agroalimentares portugueses têm margem de evolução na linha do que tem vindo a acontecer nos últimos anos».

«Os produtos hortofrutícolas têm sido um exemplo recente de como implementar, com capacidade técnica e logística, uma estratégia exportadora de sucesso nos exigentes mercados europeus, nomeadamente tirando vantagem de condições climáticas específicas, com mais horas de sol, e conseguido colocar os produtos nos mercados do centro da Europa antecipadamente em relação ao produtores de outras zonas do continente e do mundo», sustenta.

Um sucesso que, na opinião de Luís Mira, se deve «à capacidade organizativa do setor, que tem sido determinante para o sucesso acompanhada, obviamente, pelo espírito empreendedor e pelo investimento dos produtores nacionais, assim como pela sua capacidade de modernização, na sequência de uma boa aplicação dos fundos comunitários».

Por outro lado, conclui, «a qualidade dos produtos agroalimentares nacionais é um fator distintivo determinante para as nossas marcas e os nossos produtores se afirmarem nos mercados internacionais».

Recorde-se que o “Portugal Sou Eu” nasceu de uma iniciativa do Ministério da Economia, numa parceria com a sociedade civil, com o objetivo de valorizar a produção nacional.

É gerido no terreno por um conjunto de parceiros, públicos e privados, como o IAPMEI, a AIP, a AEP e a CAP. 

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