Portugal é o país da UE com mais trabalhadores por conta própria na agricultura

Portugal é o país da União Europeia (UE) com maior percentagem de pessoas a trabalhar por conta própria no setor da agricultura.

De acordo com o estudo flexibility@work2015, elaborado por David Blanchflower, da Faculdade de Dartmouth, a pedido da Randstad, uma empresa de recrutamento, a taxa de auto-emprego atingiu os 74,8% no terceiro trimestre de 2014, mas já chegou aos 82% durante os primeiros três meses de 2008.

Este é o valor mais elevado entre os 28 Estados-membros e só a Irlanda atinge valores semelhantes, com 72,7%.

Ainda assim, na agricultura a taxa de trabalho independente é globalmente elevada, ultrapassando os 50 pontos percentuais (p.p.). A média europeia é de 52,4 pontos.

A análise de David Blanchflower centra-se nos anos da crise e conclui que, entre 2008 e 2014, pouco mudou na proporção de trabalhadores por conta própria neste setor.

«Naturalmente os países com maior proporção de trabalhadores na agricultura tendem a apresentar taxas de auto-emprego mais elevada. Por exemplo, na Grécia, 13,7 p.p. da população ativa trabalha na agricultura, enquanto em Portugal a percentagem é de 10,2%, comparando com três por cento em França, 1,4 pontos na Alemanha e um por cento no Reino Unido», escreve o autor.

Em termos gerais, a taxa de trabalho independente em Portugal é de 21,7%, valor de 2013 e que é o mais baixo desde 1990.

Países como a Grécia, 36,8 pontos, o mais elevado da União Europeia; Itália, de 25 p.p. ou Polónia, de 22 pontos, têm mais pessoas nesta situação. Na maioria das economias da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), este indicador caiu nos anos de crise, mas Portugal e a Coreia são os países que protagonizaram as maiores quedas, de 2,55 pontos percentuais, de -29% e 4,4 pontos percentuais, respetivamente.

No lado oposto, Reino Unido, França e Holanda registaram aumentos.

Em Portugal, o número de pessoas a trabalhar por conta própria caiu mais do que o número de empregados, -5 por cento e o seu peso sobre o total do emprego é de 16 pontos, contra os 18% em 2007.

Questionados sobre as vantagens de exercer uma profissão sem depender de terceiros, 57% dos portugueses indicam a maior «independência» e 23% a «liberdade». Apenas 15% justificam a opção com o rendimento auferido.

Regra geral, estes trabalhadores recebem menos face ao salário médio dos países. O estudo dá o exemplo do Reino Unido, onde 65% das pessoas nestas condições recebem menos de dez mil libras por ano (14.073 euros). «A grande depressão atingiu fortemente os rendimentos dos trabalhadores por conta própria», escreve o autor.

As conclusões globais do estudo indicam ainda que as mulheres são menos propensas a trabalhar por conta própria e esta é uma opção comum entre os mais velhos, acima dos 65 anos, como complemento à reforma.

É mais provável que os trabalhadores menos qualificados se dediquem ao trabalho independente, como se passa em Portugal, Irlanda, Grécia ou Espanha.

Contudo, na Áustria, Bélgica, França ou Alemanha o cenário é oposto: quanto maior é a qualificação, maior é a taxa de auto-emprego. Esta realidade também é mais frequente entre a população imigrante e nas minorias étnicas.

Fonte: Público 

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