Portugal defende que Bruxelas deve manter limites à importação de milho dos EUA
O ministro da Agricultura disse esta quarta-feira, em Coruche, que vai pedir que a Comissão Europeia mantenha limitado o período de importação de milho com direitos zero, impedindo a sua entrada nos meses que coincidem com as colheitas em Portugal.
Capoulas Santos, que assistiu à assinatura do protocolo que cria o Centro Nacional de Competências das Culturas do Milho e Sorgo, InovMilho, na Estação Experimental António Teixeira, em Coruche, disse que incluiu esta preocupação dos produtores na agenda da reunião que terá esta sexta-feira, 30 de outubro, em Lisboa, com o comissário europeu para a Agricultura.
Respondendo a uma das questões levantadas pelo presidente da Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis), José Luís Lopes, o ministro afirmou que «compartilha» a posição dos produtores e que se irá bater para que a entrada de milho sem direitos de importação não aconteça entre os meses de setembro a dezembro, contrariando a pretensão da Comissão, de poder ser aberta todo o ano.
Desde a adesão à União Europeia (UE), Portugal importa anualmente 500 mil toneladas de milho com direitos zero, sem direitos de importação, proveniente dos Estados Unidos.
«Assim tem acontecido desde há 30 anos. A questão importante é a data em que essas importações podem ser efetuadas. Se o período coincidir com as colheitas em Portugal, da primeira comercialização, de setembro a dezembro, a chegada de grandes quantidades de milho a direitos reduzidos tem um impacto negativo nos preços e coloca em baixa os preços junto da produção», disse.
O ministro afirmou ainda ter pedido junto do Ministério das Finanças a supressão da taxa de audiovisual na factura da energia das atividades agrícolas que foi aprovada pelo Parlamento.
Confessando-se «surpreendido» com a decisão tomada pela Assembleia da República, Capoulas Santos afirmou que já pediu a supressão de uma taxa que lhe parece «absurda».
Apontando algumas situações que limitam a competitividade do setor, o presidente da Anpromis pediu ao Governo apoio «político e técnico» num momento em que a quebra mundial dos preços do milho, em três anos consecutivos, coloca «grandes dificuldades» aos produtores.
O ministro lembrou que os preços são definidos pelo mercado à escala mundial, sendo necessário apostar na redução dos custos de produção, apontando o centro hoje criado como um exemplo de união de esforços para «produzir e disseminar conhecimento».
«É uma iniciativa que envolve 33 entidades diferentes, desde o Ministério da Agricultura a associações de produtores, à indústria, ao comércio de produtos agrícolas, institutos politécnicos, universidades, todos irmanados no objetivo de produzir conhecimento, inovação, que possam ajudar os agricultores a serem mais competitivos», declarou, sublinhando o sinal de «grande confiança no futuro» que a iniciativa revela.
O Centro Nacional de Competências das Culturas do Milho e Sorgo resulta de uma parceria entre a Anpromis, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e a Câmara Municipal de Coruche, envolvendo um total de 33 entidades.
Vai funcionar na Estação Experimental António Teixeira, onde a Anpromis desenvolve, desde 2013, o projeto Sanimilho, que vigora por oito anos, conforme protocolo celebrado com o INIAV.
A formalização do centro aconteceu em mais um «dia de campo», ação que a Anpromis tem vindo a desenvolver anualmente para mostrar a evolução do projeto.
Fonte: Lusa
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