Politécnico de Viana do Castelo lidera consórcio de valorização do Vinho Verde

O Politécnico de Viana do Castelo lidera um consórcio que junta várias entidades do setor político, institucional e científico com vista à promoção e valorização da vitivinicultura da região do Vale do Lima. O protocolo estabelece a criação de um projeto capaz de transferir conhecimento aos vitivinicultores relativamente à identificação das zonas de aptidão vitivinícola, à gestão eficiente e racional dos recursos hídricos, à proteção e manutenção da fertilidade do solo, à adoção de técnicas e métodos de viticultura de precisão e à valorização dos subprodutos da fileira vitivinícola numa ótica de economia circular. O Politécnico de Viana do Castelo irá atuar em estreita articulação com o NUTRIR-CISAS – Núcleo Tecnológico para a Sustentabilidade Agroalimentar.

 

Consciente do papel preponderante da vitivinicultura para a região do Vale do Lima, o Politécnico de Viana do Castelo assinou, ontem de manhã, um protocolo de cooperação com mais sete entidades da região, liderando um consórcio que tem objetivos claros de valorização do Vinho Verde, com impacto na economia e no desenvolvimento do território.

A par do Politécnico de Viana do Castelo, o consórcio conta com um leque de parceiros políticos, institucionais e da área da ciência e da investigação. O protocolo comporta os Municípios de Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo, a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, a Adega Cooperativa de Ponte de Lima e a Barcos Wines - Adega Ponte da Barca e Arcos de Valdevez.

A assinatura do protocolo aconteceu na Escola Superior Agrária do Politécnico de Viana do Castelo (ESA-IPVC), em Ponte de Lima. Diretora desta Escola, Isabel Valín explica os objetivos do protocolo. De forma muito concreta, o consórcio terá como fundamentos identificar os solos com maior aptidão vitivinícola do Vale do Lima, não só para a casta Loureiro, mas também para outras castas. Depois, já num trabalho de campo, serão analisadas as diferentes parcelas de terreno no que toca às condições climáticas e topográficas, por forma a identificar as práticas de produção que melhor se adequam com vista à obtenção da melhor e maior eficiência do uso do solo e da água.

O protocolo prevê, ainda, uma atuação no controlo de pragas e doenças. O trabalho terá, de seguida, continuidade nas próprias adegas, através da identificação de práticas enológicas e, numa ótica de economia circular, existe também uma forte preocupação ambiental, concretamente com o aproveitamento de subprodutos, como sobrantes de podas ou bagaços da uva após o seu esmagamento, materiais que poderão, diz Isabel Valín, ser utilizadas na indústria farmacêutica ou cosmética. “É muito importante que o conhecimento que o IPVC e a Escola Superior Agrária têm fique nas mãos dos produtores e de quem os representa. Estamos a falar de uma região, o Vale do Lima, com uma tipicidade muito própria, porque temos território perto do mar, com as dificuldades de salinidade ou humidade, e também território em altura, onde a vinha tem um comportamento completamente diferente, por isso, é preciso estudá-lo e tirar daqui o melhor proveito”.

“Estão lançadas as pedras necessárias para que o setor vitivinícola possa crescer e se afirmar ainda mais”

Na assinatura do protocolo, o presidente do Politécnico de Viana do Castelo, Carlos Rodrigues, falou de “um momento histórico” para o Vale do Lima e para um setor “preponderante” para a economia da região. “Estão lançadas as pedras necessárias para que o setor vitivinícola possa crescer e se afirmar ainda mais, para que seja acrescentado valor ao produto e para que ele tenha o necessário reconhecimento”, afirmou Carlos Rodrigues.

Presidente da direção da Adega Cooperativa de Ponte de Lima, Celeste Patrocínio recordou que, nos últimos anos, “muito mudou na região” e que é preciso que esta evolução seja acompanhada por estratégias que “valorizem a garantam a sustentabilidade do território”. Por isso, a iniciativa encabeçada pelo IPVC assume-se de extrema relevância, porque se traduz numa clara transferência de conhecimentos e tecnologias da academia para o setor.

Por seu turno, a presidente da direção da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, Dora Simões, definiu o consórcio com um contributo para o “desenvolvimento da região” e elencou alguns dos fundamentos da Comissão que preside e que se enquadram na política subjacente ao consórcio:  aumentar o valor das uvas e dos vinhos da região; incrementar o potencial produtivo, respeitando a tradição, e estabelecer o negócio do Vinho Verde num ambiente sustentável.

A encerrar, o presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, João Manuel Esteves, disse que o consórcio agora estabelecido “marca a diferença”, porque é a expressão das vontades de uma região. E porque é de Vinho Verde que se falou, deu novos significados à palavra Verde: valorização do produto e do território; projeto com impacto económico; projeto de nasce de uma reunião e de uma parceria entre o poder institucional, o poder político e a área científico; desenvolvimento da região e compromisso e estratégica conjunta para defender e promover o Vale do Lima.

O Politécnico de Viana do Castelo irá atuar em estreita articulação com o NUTRIR-CISAS – Núcleo Tecnológico para a Sustentabilidade Agroalimentar –, que conta com uma equipa multidisciplinar de docentes e investigadores, que proporcionam uma visão integrada do território onde está enquadrado, estabelecendo os seguintes objetivos prioritários: o desenvolvimento de produtos, processos e métodos inovadores, o desenvolvimento inteligente, competitivo e inclusivo, a captação e instalação de recursos humanos qualificados, a promoção do emprego científico e o estabelecimento de parcerias em sintonia com a região.

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