Pêssego com decréscimo de rendimento unitário de 10% face à campanha anterior
Segundo o Boletim Mental de Agricultura e Pescas do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativo a julho, no pêssego, a forte precipitação do final de maio no interior Centro agravou o cenário que já apontava para diminuição da produtividade em resultado das condições meteorológicas atípicas de abril.

Muitos dos frutos que não se perderam totalmente ficaram fortemente marcados na casca, impossibilitando a sua comercialização em fresco. Para muitos produtores, a alternativa de desvio para a agroindústria não foi possível uma vez que as fábricas ainda não estavam a receber matéria-prima.
Estima-se uma diminuição do rendimento unitário em 10%, face a 2019, para as 10,3 toneladas por hectare.
Produção de cereja ao nível das mais baixas das últimas duas décadas
Desde o início do ciclo reprodutivo que a campanha da cereja decorreu, na principal zona de produção (Cova da Beira), em condições meteorológicas adversas. No dia 31 de março, em plena fase de floração/polinização das variedades intermédias/de estação/tardias, ocorreu um forte nevão, que comprometeu o vingamento dos frutos com a deficiente polinização e limpeza da flor.
As semanas que se seguiram contribuíram para agravar a situação, com dias de temperaturas anormalmente baixas, formação de geada e intensa precipitação na primeira quinzena de abril. Posteriormente, a intempérie de 31 de maio, com chuvas, granizos e ventos fortes, provocou estragos em muitos dos frutos que tinham conseguido vingar e amadurecer.
As colheitas, que correram e estão a decorrer com equipas reduzidas de mão-de-obra (quer por razões sanitárias, quer por falta de fruto para colher), confirmam as previsões que apontam para uma produção 60% inferior à da campanha anterior (cerca de metade da produção média dos últimos cinco anos).