Opinião: O eixo “Europa Global”
Opinião de Pedro Queiroz
Pedro Queiroz é diretor-geral da Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA)
O Governo português apresentou recentemente o seu plano de prioridades no contexto da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (PPUE). Entre uma das cinco principais áreas está o eixo “Europa Global”, cujo grande objetivo é “reforçar o papel da Europa no mundo, assente na sua abertura, no multilateralismo efetivo e no reforço das parcerias internacionais”.
Para a indústria agroalimentar europeia (e portuguesa) este é, sem dúvida, um importante campo, sobretudo neste período que a economia atravessa. São preocupantes, não só os efeitos das novas restrições ao comércio e restauração aplicadas em cada país, com inevitável impacto negativo no consumo interno, mas são igualmente alarmantes as alterações que se assistem nas transações comerciais entre a Europa e o mundo.
Falamos, naturalmente, do Brexit, bem como das tarifas retaliatórias aplicadas nas exportações entre UE e EUA – um caso que tem tido menor destaque, mas para o qual importa olhar, sobretudo por causa dos princípios protecionistas que, dissimuladamente, poderão ser o seu fundamento. São casos que pedem urgência na atuação da Europa, tal como sublinhou recentemente a FoodDrinkEurope num esforço de comunicação que reuniu diversos representantes da cadeia agroalimentar.
Por outro lado, é com agrado que acolhemos neste programa da PPUE a vontade de dinamização do relacionamento UE – África e de reforço da relação estratégica com a Índia. Solucionar problemas com parceiros comerciais de longa data é decisivo para o futuro da Europa, mas deste futuro deve fazer parte o reforço de relações com territórios de novos potenciais.
Portanto, para um setor que só em exportações vale €120 biliões de euros, é crucial garantir uma Europa comercial global. A sua construção deve passar pela base diplomática e, imperativamente, pelo envolvimento ativo das partes interessadas, incluindo o setor europeu dos alimentos e bebidas.
Estamos, por isso, disponíveis para contribuir com a nossa comprovada experiência, para enriquecer os processos de negociação e implementação de políticas comerciais sólidas, realistas e justas.