O mercado de leite e produtos lácteos

O Ministério da Agricultura realizou um ponto da situação do mercado de leite e produtos lácteos, quer a nível internacional, quer a nível nacional.

Vacas leiteiras

Relativamente à produção mundial, de acordo com dados de dezembro de 2019, tem-se mantido estável, com a Austrália sem alteração relativamente ao mês anterior. Ainda não há dados dos impactos causados pelos incêndios na Austrália relativamente à produção de leite, mas sabe-se que muitas explorações leiteiras foram afetadas e muitos animais morreram. Estes incêndios, aliados à seca e custos da ração, ditaram uma redução da produção neste país, para níveis inferiores aos dos últimos 20 anos. Já a Nova Zelândia apresentou uma quebra muito ligeira e existiram subidas ligeiras na UE e nos EUA.

Em relação à União Europeia, e de acordo com elementos apresentados em meados do passado mês de fevereiro, o setor lácteo atravessa um período muito estável e equilibrado, com uma boa procura e um preço razoável, apesar das produções record.  A UE continua muito competitiva nos preços dos lácteos, o que tem sido um fator importante nos números da exportação em 2019. 

Como preocupações no momento atual existe o Covid-19, o Brexit e as novas taxas aduaneiras dos EUA. Dados demonstram que em 2019, até setembro, as exportações de queijo e manteiga da UE para os EUA aumentaram relativamente a anos anteriores, altura em que começaram a ser aplicadas as taxas adicionais de 25% a determinados produtos lácteos exportados para os EUA provenientes da UE, o que levou a um abrandamento das exportações nos últimos três meses do ano.

O problemático caso nacional

Em Portugal o mercado tem estado estável, mas precisamos de nos aproximar um pouco mais da média UE ao nível dos preços. Apesar do mercado UE estar dinâmico e com níveis de produção equivalentes ao do ano anterior, tem-se verificado a manutenção dos níveis de produção, não estando a conseguir valorizar o seu produto, mesmo com o bom comportamento das exportações.

Com um preço de 30,85€/100kg, o preço do leite português está 13,9% abaixo da média do preço na UE, ocupando a 25ª posição na UE27. Existiu um aumento das exportações de produtos lácteos em volume - 7,9% -, embora menos significativo em valor - 4,1%. O soro de leite, leite/natas em natureza e leite/natas concentradas contribuíram para o crescimento do peso exportado, enquanto a manteiga é a principal razão para a subida menos significativa do valor.

As importações também aumentaram em volume. Existe uma balança comercial negativa, muito por culpa das elevadas importações de iogurtes e queijos Portugal não é autossuficiente em leite acidificados, incluindo iogurtes, e queijo. No primeiro caso o grau de autoaprovisionamento ronda os 55%, enquanto nos queijos este valor sobe para os 62%.

Em relação aos pontos sensíveis, estima-se que a principal alteração poderá ser ao nível do perfil do consumidor do leite UHT, que passará a optar menos por produtos de maior valor acrescentado. Existem também fragilidades no subsetor de leite de pequenos ruminantes, por dependerem do escoamento para queijarias de pequena dimensão, encerradas por falta de mercado, ou com capacidade de armazenagem completa.

Portugal é muito dependente dos mercados de onde importa os produtos lácteos de maior valor acrescentado, sobretudo de Espanha, Alemanha e França – mais de 90% da origem de iogurtes é proveniente destes três países, enquanto no queijo a percentagem é ligeiramente acima dos 70%. Recentemente, os produtores europeus solicitaram avaliação por parte da Comissão Europeia para apoio à armazenagem privada de queijo.

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