Novos sensores permitem aumentar eficiência do uso da água na produção agrícola

Investigadores do Porto estão a desenvolver sensores óticos para equipamentos de fertirrigação, de forma a aumentar a eficiência do uso da água na produção agrícola, reduzindo a poluição, num projeto financiado em cerca de um milhão de euros.

agua

Os sensores óticos são utilizados para “determinar a concentração de iões associados aos nutrientes nitrato, fosfato e potássio, em meio aquoso”, e integrá-los em equipamentos de fertirrigação (técnica de adubação que utiliza a água de irrigação para levar nutrientes ao solo cultivado), explicou o investigador José Boaventura.

Esses equipamentos permitem controlar automaticamente a preparação da solução nutritiva, em função do estado atual da água recirculante e utilizar estes novos dados para programação de «gestão ótima de rega», com base nas carências nutritivas da cultura.

Para além disso, a equipa quer construir biosensores de «baixo custo» para identificar a presença de produtos químicos utilizados na proteção das culturas (fertilizantes), indicou o investigador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), instituição responsável pelo projeto, designado AgriSensus.

«A atual ausência de monitorização e de controlo eficientes das concentrações» daqueles macronutrientes nas águas e «a presença excessiva de químicos para proteção das culturas», pode gerar «o descarte (drenagem) prematuro de água, ainda com capacidade de recirculação, e a contaminação do solo e das águas subterrâneas, pelo excesso de nitratos».

As tecnologias desenvolvidas no projeto, que se prevê iniciar em abril, vão ser avaliadas em instalações e laboratórios certificados, na Holanda e na Suécia, e demonstradas em culturas produzidas em ambiente protegido (estufas), em Portugal, na Holanda e em Espanha, e em campo aberto, na Turquia.

Esta iniciativa surgiu da «necessidade de aumentar a quantidade e a qualidade da produção agrícola, reduzindo o impacto ambiental», disse José Boaventura, afirmando que este é «um dos problemas que se colocam hoje em dia» no setor agrário.

De acordo com o investigador, estes sensores são inovadores pois agregam dados adicionais que permitem otimizar os sistemas de controlo (‘software’ e ‘hardware’), de modo a auxiliar a tomada de decisões eficientes na programação de rega, recomendando o momento adequado para renovação da água e informando sobre os índices de químicos de proteção.

O AgriSensus está a ser desenvolvido pelo Centro de Robótica Industrial e Sistemas Inteligentes, em colaboração com o Centro de Robótica Industrial e Sistemas Inteligentes (CRIIS) e o Centro de Fotónica Aplicada (CAP), também do INESC TEC.

Tem como investigador responsável José Boaventura e como líder científico Josenalde Barbosa de Oliveira, colaboradores do CRIIS integrados no polo da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real.

O projeto conta ainda com a parceria da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, da Wageningen University & Research, da Holanda, do Turkish Water Institute e da EGE University e EGE Life Sciences, da Turquia, da Riegos y Tecnología, de Espanha, e do Swedish Institute of Agricultural and Environmental Engineering, da Suécia.

É financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e apoiado pela empresa portuguesa Sarspec, pela Bayer CropScience, da Holanda, e pela LTO Glaskracht Nederland – organização de produtores do mesmo país.

Fonte: Lusa 

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