Moçambique: jovens encontram na agricultura alternativa ao desemprego
Milhares de jovens encontraram na agricultura uma alternativa ao desemprego em Manica e Zambézia, centro de Moçambique, através de iniciativas agrárias desenvolvidas pela Aro-Moçambique para os retirar do mercado de trabalho informal.
A Aro-Moçambique, através do seu braço económico, a Agência de Desenvolvimento e Empreendedorismo (ADE), começou a apoiar os jovens na educação agrária e na criação de cooperativas nos distritos de Manica (província como o mesmo nome) e Gurué (Zambézia) para reduzir a «pressão social» e o desemprego e melhorar os seus rendimentos, disse à Lusa fonte da organização.
«A agricultura é uma alternativa para combater o desemprego na camada jovem», segundo Policarpo Tamele, presidente da Aro-Moçambique e também diretor-executivo da ADE.
Através do programa Juventude e Empreendedorismo, os jovens são chamados a desenvolver ações no agronegócio, baseado numa agricultura sustentável, e assim reduzir a exposição da população à fome e diminuir a importação de alimentos.
No âmbito do projeto, seis cooperativas estão a produzir cebola em quatro hectares de Penhalonga, localidade de Maridza, distrito e província de Manica, e os agricultores já foram ligados a uma rede de mercados e supermercados da região para colocarem a produção para venda.
O projeto, com apoio financeiro do Fundo do Desenvolvimento Agrícola (FDA), promove uma agricultura competitiva, desafiando os grupos de jovens a superarem-se uns aos outros e aumentarem a produção.
Os insumos, incluindo as sementes, foram distribuídos às cooperativas de Maridza pela Aro-Moçambique e a assistência técnica é garantida pelo SDAE.
«Numa fase inicial, optámos pela cebola, depois vamos olhar para feijões e outras culturas, como batata-reno, que podem dar-nos altos valores económicos», espera Pioce Mazumba, outro membro da cooperativa de Maridza, que beneficiou também de um celeiro modelo para conservação da produção.
Esta zona tem no garimpo a principal atividade e os jovens agricultores tiveram que combater largamente a ação mineira ilegal, uma vez que a água dos rios para irrigação dos campos chegava poluída pelas ações de extração.
Os jovens agricultores usam um sistema de irrigação por gravidade, desviando água dos cursos ou nascentes dos rios, e que, após contornar os campos com a rega natural, volta à proveniência.
As autoridades já tinham manifestado preocupação com o garimpo e sua ocupação de terras agrícolas e poluição dos rios, mas o problema tem sido ultrapassado com novas políticas sobre práticas mineiras.
«Ficam conciliadas as duas atividades, embora exija-se, igualmente, a constituição de associações, no garimpo de modo a que a exploração seja sustentável e não volte a causar danos na produção alimentar», referiu Lucas Cerveja, do SDAE de Manica.
Simão Tazua, chefe da localidade de Maridza, elogiou por sua vez a iniciativa pelo seu efeito de troca de comportamentos destrutivos, como consumo de drogas e álcool, sob pretexto de falta de emprego, por uma atividade saudável e geradora de receitas.
Fonte: Lusa