Ministra da Agricultura apela ao consumo do cabrito nacional na Páscoa

Maria do Céu Albuquerque acredita que, com a ajuda dos hipermercados, dos consumidores e do setor, vai ser encontrada uma solução para os produtores de cabrinos, suínos e bovinos de raças autóctones que, por esta altura, tem os animais prontos para abate, mas não tem mercado para escoar a carne.

Ministra da Agricultura

Em declarações à RTP e em resposta ao desabafo dos produtores que afirmam sentir-se “encurralados”, a ministra da Agricultura assegura que neste momento toda a cadeia alimentar «está embuída num espírito de ajuda» e isso significa que a resolução do problema passa por três níveis: pelo retalho que deve comprar produto nacional; pelos consumidores que devem optar pelo que é produzido em Portugal e pelo setor que, em conjunto, tem de encontrar «formas alternativas» que podem passar, nomeadamente, pelo congelamento.

«Aquilo que faz sentido é garantir que não temos problema no escoamento da produção nacional e dar preferência aos nossos alimentos porque são seguros e devemos confiar», afirma a ministra.

Com o encerramento de restaurantes, hotéis e talhos, os produtores de raças autóctones que tem os ciclos produtivos centrados na Páscoa e nas grandes feiras agrícolas do primeiro trimestre, como é o caso do cabrito, do leitão e da carne de bovino, ficaram sem mercado. Em declarações à RTP, apelaram ao patriotismo dos hipermercados para aceitarem os seus produtos, mesmo que isso significasse baixar o preço e pediram ao governo para ajudar a criar estes canais.

Maria do Céu Albuquerque garante que tem estado em conversa com as cadeias de distribuição e com o retalho e que já falou mesmo com dois grandes grupos económicos desta área em Portugal. «Pedi para ajudarem os agricultores para escoarem estes produtos que não têm saída». Adianta que do lado do retalho encontrou «uma grande sensibilidade até para fazer pagamentos por adiantamento ou diminuir os prazos e ajudar na comercialização dos pequenos produtores que habitualmente não são fornecedores».

Para que estes contactos entre produtores e retalho sejam agilizados foi mesmo criado um grupo de trabalho que integra elementos do ministério da Agricultura e da Economia.

A ministra considera que apesar de muitas famílias não se puderem juntar na Páscoa não há razão para não continuarem a consumir o cabrito, «para comprar na mesma», ou mesmo «podemos comprar para congelar», como forma também de «ajudar quem o alimenta», frase que dá nome à campanha do Ministério da Agricultura lançada esta semana e que visa promover o consumo da produção nacional.

A ministra lembra que também houve uma alteração no padrão do consumo com consequências no mercado, motivado pela Covid-19, pela necessidade de afastamento social e do estado de emergência, que faz com que as pessoas estejam a consumir «menos e mais barato». Há já dados que mostram uma diminuição da procura, sobretudo de pequenos frutos e legumes. A ministra garante que os produtos nacionais são seguros e devidamente higienizados e não há razão para não serem consumidos.

Neste âmbito, a ministra adiantou à RTP que enviou uma carta aos presidentes de câmara onde sugere aos autarcas a abertura dos mercados locais, desde que sejam cumpridas as regras de higiene e segurança, para permitir escoar alguma da produção agrícola, sobretudo ao nível dos pequenos produtores. Em cima da mesa está também a possibilidade de criar cabazes com produtos nacionais que possam ser entregues ao domicílio ou organizados para entrega em determinado local.

A ministra da agricultura acredita e apela a todos para criarem um movimento nacional para o consumo de produtos nacionais para garantir que depois da crise o setor regressa à dinâmica de crescimento que estava a ter.

FONTE: RTP

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