Intensificação Sustentável na Produção Animal
O desenvolvimento sustentável foi apresentado em 1987, no Relatório Brundtland ou Nosso Futuro Comum, como sendo aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades (Brundtland, 1987).
A intensificação sustentável sendo um conceito novo, em evolução, continuará a ser debatida, porque desde logo, aparenta representar conceitos contraditórios entre si: sustentável e intensivo. A aplicação da intensificação sustentável à produção animal comporta, em si, a necessidade de se analisarem múltiplas variáveis implicadas nos sistemas e nas modalidades existentes a nível mundial. A tarefa não se avizinha fácil mesmo quando se procura analisar uma única espécie animal numa dada região, com fatores de produção relativamente conhecidos e estabilizados, agravando-se exponencialmente quando passamos à escala a que estes assuntos são tratados: a escala mundial.
Relativamente às limitações à intensificação que passam por custos mais elevados, maior tempo de aprendizagem, e com maiores pressões geracionais, há maior dependência das flutuações do mercado internacional e dos combustíveis fósseis, e por vezes, contribuem para uma maior degradação ambiental, comprometendo a intensificação sustentável (Petersena e Snappb, 2015).
De acordo com Dias-da-Silva (2013) os animais que atingem melhores desempenhos zootécnicos – nomeadamente em termos de produção de leite, de ovos ou de velocidade de crescimento – são justamente os animais mais eficientes e, quanto mais elevada performance, menor a proporção de alimento ingerido destinado à satisfação das necessidades de conservação do animal que são relativamente elevadas, com menor dispêndio alimentar por unidade de leite, ovos ou carne produzida, e menor excreção relativa de dejetos.
A produção animal a nível global é altamente dinâmica, sendo que nos países em desenvolvimento, está evoluindo em resposta à crescente procura por produtos de origem animal e nos países desenvolvidos, essa procura está estagnada. Enquanto muitos sistemas de produção estão a aumentar a sua eficiência e sustentabilidade ambiental (Thornton, 2010), sendo esse um dos desígnios da produção animal sustentável que além de promover a proteção do meio ambiente, justiça social e eficiência económica, tem de ser eficiente, procurando a produtividade, e para ser produtiva deve utilizar mais tecnologia (Paniago, 2012).
No fim da Segunda Guerra Mundial, procurou-se, a todo o custo, responder a uma procura crescente de alimentos motivada pelo rápido crescimento das populações urbanas (Pingali, 2012). Surgiram nessa altura as preocupações com o bem-estar animal, quando se aumentou a intensificação, e o aparecimento de politicas a regulamentar as condições ambientais de criação dos animais e o tempo em que os mesmos podiam estar confinados, mas com respostas muito diferentes a nível dos animais dependentes dos criadores, dos seus conhecimentos e das condições higiénicas e sanitárias, alimentação e maneio a que estavam submetidos (Fraser, 2014).
Aprender com essas consequências, abordagens alternativas para a produção agrária, continuadas nas décadas seguintes chamaram a atenção para minimizar as consequências negativas para o meio ambiente (Petersena e Snappb, 2015). As abordagens para a produção agrária que procuram minimizar as externalidades ambientais são feitas desde a agricultura orgânica, a agricultura de manutenção, a agroecologia, a intensificação ecológica, a intensificação sustentável até aos sistemas de agricultura sustentável.
Caballero (2015) desenvolveu o conceito de intensificação sustentável como uma forma de adaptação das estratégias de gestão em resposta a situações de stresse, como a produção ou a escassez de mão-de-obra de pastoreio sazonal de pastagens, e não como uma decisão de gestão deliberada para aumentar os níveis de input, a fim de atingir uma produção mais elevada e/ou maior produtividade. Ainda segundo o mesmo autor o trabalho interdisciplinar é um predicado do conceito de intensificação sustentável. Na produção animal há que acrescentar às questões ecológicas, sociais e económicas a ética envolvida.
Por: Jorge Azevedo e Luís Ferreira.
Bibliografia: Será fornecida pelos autores a quem a solicitar.