Greve no porto de Lisboa compromete abastecimento alimentar do país
A greve no porto de Lisboa, que se vai prolongar até ao final de maio, pode pôr em causa o abastecimento alimentar do país, alertou a Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA), pedindo ao Governo que tome medidas.
O Sindicato dos Estivadores emitiu hoje um novo pré-aviso de greve que prolonga a paralisação no Porto de Lisboa até ao dia 27 de maio de 2016, deixando praticamente parado um porto que representa 70% da circulação de matérias primas para a indústria alimentar.
Segundo um comunicado da FIPA, já não existe bagaço de soja no mercado (um produto usado no fabrico de rações para animais), o que implica a paragem forçada de muitas fábricas e o consequente impacto no fabrico de rações «o que poderá colocar a vida de milhões de animais em explorações pecuárias em risco» e afetar também a alimentação humana.
Também a cevada e o trigo panificável poderão esgotar-se nos próximos dias, afetando fortemente a indústria da panificação, e o fornecimento de produtos de origem animal (carne, leite e ovos), produzidos em Portugal pode também vir a ressentir-se, salienta a FIPA.
Além de afetar o abastecimento alimentar da população, a greve tem impacto nas empresas nacionais.
«Em muitos casos [as empresas] não têm capacidade financeira nem de financiamento para suportar este estrangulamento», continua a Federação, apelando ao «Governo para que aja no sentido de devolver o normal funcionamento da atividade portuária», através da imposição de serviços mínimos ou a requisição civil.
A FIPA acrescenta que, de acordo com as informações que recolheu, «os principais operadores do mercado internacional não estão a fornecer cotações de matérias primas para o mercado português, devido à instabilidade da situação criada em Portugal» e as que fornecem apontam para acréscimos de preços.
Em muitos casos, «está a equacionar-se mesmo a possibilidade de não abastecerem o nosso mercado», refere ainda a Federação, sublinhando que «é urgente colocar um ponto final a esta greve e normalizar o abastecimento do mercado nacional» para assegurar a estabilidade do funcionamento das empresas e atingir a autossuficiência alimentar.
Estivadores e operadores portuários não conseguem chegar a um entendimento quanto a um novo acordo coletivo de trabalho, tendo as negociações sido suspensas no início de abril apesar de existir consenso em várias matérias, segundo o Governo, que mediou este conflito.
Fonte: Lusa