Flores e plantas ornamentais: O caminho para a luta biológica

A produção de flores e plantas ornamentais em Portugal tem sido, historicamente, uma actividade agrícola sustentável. A rentabilidade das culturas tem, contudo, vindo a diminuir ao longo do tempo por diferentes motivos, sendo o principal, na atualidade, a pandemia de Covid-19 que, de forma transversal a quase todos os operadores do sector, mas com especial incidência na flor de corte, tem vindo a causar enormes constrangimentos e, em última análise, a colocar em causa a viabilidade das empresas.

Floricultura

Por: Rui Maia

Consultor Técnico-Comercial Culturas Protegidas, Koppert Biological Systems Portugal

Outros factores que contribuem para a perda de rentabilidade neste sector nos últimos anos estão relacionados com a redução gradual da procura pelo produto final e o aumento do custo dos fatores de produção (mão-de-obra, energia, pesticidas e fertilizantes), sem que o preço final do produto acompanhe esta tendência. Verificando-se uma clara estabilização nos preços de venda ao público desde há mais de uma década, em alguns casos estes têm mesmo vindo a baixar.

As únicas formas de tentar colmatar esta situação são, normalmente, reduzir as despesas com os fatores de produção, procurar novos mercados e tentar cumprir o máximo do potencial produtivo das culturas. Devemos, contudo, ter em conta que são culturas vulneráveis a distintas influências que podem prejudicar o seu potencial produtivo, tais como a variabilidade climática, o aparecimento de novas pragas e doenças e o aumento da resistência das mesmas aos agentes químicos tradicionalmente utilizados no seu controlo.

Entre as principais pragas que podem afectar as plantas ornamentais destacam- -se os tripes, ácaros, afídeos, mosca branca, sciarídeos, larvas mineiras e lagartas de lepidópteros. Resumimos, de seguida, as principais características de cada uma delas.

Tripes

São insetos de tamanho reduzido, variando entre 0,5 e 15 mm de comprimento, e coloração diversa. Em Portugal, a grande maioria das espécies de importância económica pertence aos géneros Thrips e Frankliniella.

Os tripes são altamente polífagos, com grande capacidade reprodutiva e de fácil dispersão pelo vento, o que proporciona uma rápida infestação de novas áreas de cultivo. Condições de temperatura amena, principalmente na Primavera e Outono, e a maior oferta de pólen durante a floração favorecem o crescimento das populações da praga.

A alimentação desses insetos em folhas e pétalas tem como consequência a formação de manchas prateadas e deprimidas nos locais atacados, além de pontos enegrecidos resultantes da deposição de gotas fecais. Além dos prejuízos por danos diretos, algumas espécies são transmissoras de vírus causadores de doenças.

Ácaros

A principal espécie de ácaro fitófago em plantas ornamentais é o Tetranychus urticae. Este ácaro apresenta geralmente coloração verde amarelado, com uma mancha escura em cada lado do corpo. Ataca muitas espécies vegetais, colonizando principalmente a face inferior das folhas.

Alimenta-se do conteúdo das células do parênquima, causando manchas amareladas na face superior das folhas e, consequentemente, reduzindo a capacidade fotossintética da planta e provocando deformações das folhas. Causam danos severos em quase todo o tipo de culturas ornamentais, ocorrendo praticamente todo o ano, com especial incidência nas estações mais secas. Outros ácaros que também podem causar danos são o Panonychus ulmi (ácaro vermelho) e o Polyphagotarsonemus latus (ácaro-branco).

Afídeos

São insetos pequenos, de forma ovalada e coloração variável. São altamente polífagos. Algumas espécies de ocorrência mais comum são Myzus persicae e Aphis gossypii. Os afídeos são geralmente encontrados na face inferior das folhas, nos caules e nos botões. A alimentação do inseto provoca distorção do tecido atacado, principalmente nos rebentos e botões florais, comprometendo o crescimento normal da planta.

A substância açucarada excretada pelos afídeos favorece o aparecimento de fumagina (fungo saprófita) na superfície de folhas e flores, prejudicando a fotossíntese e depreciando o produto. São também importantes vetores de viroses.

Mosca branca

São insetos pequenos, com 1 a 2 mm de comprimento, de coloração amarelada e corpo recoberto de ceras brancas, que vivem na face inferior das folhas, onde se alimentam e reproduzem. As principais espécies de mosca branca praga de plantas ornamentais são Bemisia tabaci e a Trialeurodes vaporariorum. Estes insetos são polífagos, causando danos em diferentes espécies.

A principal consequência é o aparecimento de melada, provocada pela alimentação da praga, com consequente aparecimento de fumagina, o que reduz a capacidade fotossintética das plantas e, assim, diminuição de produção. São também importantes vetores de viroses.

Continua

Nota: Artigo publicado originalmente na Agrotec 37

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