Estudo confirma que parasitas resistentes a anti-helmínticos custam milhões à produção animal europeia todos os anos

Um estudo internacional estimou que os parasitas resistentes a fármacos anti-helmínticos custam à indústria de produção animal europeia mais de 38 milhões de euros por ano em perdas de produção e custos com tratamentos veterinários.

Bovinos

Os parasitas podem causar grandes problemas de bem-estar e produtividade em bovinos, ovinos e caprinos em todo o mundo, afectando o crescimento, a fertilidade e a produção de leite. É preocupante que a resistência aos fármacos anti-helmínticos amplamente usados para tratar e prevenir infecções parasitárias esteja a aumentar. Isso significa que os sistemas de produção animal atuais podem não ser sustentáveis a longo prazo.

Agora, um novo e importante estudo estimou que os parasitas helmintes têm um impacto na produção animal europeia de mais de 1,8 biliões de euros por ano, com a resistência aos anti-helmínticos a custar pelo menos 38 milhões de euros por ano em perdas de produção e custos de tratamento. O estudo pode ajudar a identificar os sectores e regiões da produção animal onde ocorrem as maiores perdas e a delinear os programas de controlo e as políticas de investigação a nível nacional e europeu.

Os custos das infecções por helmintes em Portugal foram estimados em cerca de 25 milhões de euros por ano, com as maiores perdas a acontecerem nos caprinos e bovinos de leite. Os custos anuais da resistência aos anti-helmínticos em Portugal foram estimados em cerca de 413 mil euros.

Os dados económicos da produção animal foram combinados com os dados mais recentes sobre os níveis de resistência a anti-helmínticos em 18 países europeus. Os dados não estavam disponíveis para todos os países europeus e apenas uma classe de anti-helmínticos foi incluída na análise. Existem cinco classes de fármacos disponíveis e a resistência é generalizada em pelo menos três dessas classes. Isso significa que os custos provavelmente serão maiores do que as estimativas alcançadas no estudo.

Este estudo foi liderado pelo Dr. Johannes Charlier da empresa de consultadoria científica belga Kreavet, no âmbito da acção de cooperação europeia para a ciência e a tecnologia COMBAR (Combatting Anthelmintic Resistance in Ruminants, combatendo as resistências aos anti-helmínticos em ruminantes). Envolveu um total de 23 organizações que reuniram experiência nacional/regional e os dados mais recentes sobre o impacto económico das doenças parasitárias na produção animal europeia.  

Sobre a COMBAR

Os parasitas helmintes causam doenças graves e estão entre as doenças mais importantes que provocam limitações à produção de ruminantes, sobretudo de pastoreio. O uso frequente de anti-helmínticos para controlar essas infecções resultou na selecção de populações de helmintes resistentes aos anti-helmínticos. A resistência anti-helmíntica é hoje encontrada em todas as principais espécies de helmintes na Europa e no mundo.

A COMBAR está a promover estudos sobre a prevenção da resistência anti-helmíntica em helmintes de ruminantes na Europa e a disseminar o conhecimento actual entre todas as partes relevantes. Ao reunir parasitologistas, cientistas sociais e economistas, a COMBAR promove o trabalho multidisciplinar de cientistas que normalmente raramente interagem.

A COMBAR está a integrar novos desenvolvimentos nos campos relativos a (i) testes de diagnóstico; (ii) vacinas para proteger os animais da infecção; (iii) forragens antiparasitárias; (iv) estratégias de tratamento selectivo; (v) ferramentas de apoio à decisão. Ao avaliar estas novas tecnologias, as barreiras à sua adopção e ao facilitar a transferência de conhecimento e tecnologia numa abordagem coordenada, a COMBAR está a combater a resistência anti-helmíntica na Europa. 

A investigadora Teresa Mateus, da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, é a representante nacional deste estudo.

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