Estrada vai cortar terreno do Centro de Experimentação Agrária de Tavira

Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve, confirma que uma nova estrada vai cortar o Centro de Experimentação Agrária de Tavira, principal banco de germoplasma vegetal e de salvaguarda de material genético da região.

CEAT Tavira

Em entrevista ao jornal Barlavento, o diretor confirma que uma nova estrada vai cortar o terreno imaculado, que tem sido preservado pelos técnicos da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPAlg).

Este trata-se de um repositório único para 120 variedades de amendoeiras, 44 variedades de alfarrobeiras, 97 de figueiras, 19 de nespereiras, 26 de macieiras (incluindo o Pêro de Monchique) e 78 de romãzeiras.

Além das coleções de árvores de fruto tradicionais, que são mais de um milhar, o Centro de Experimentação Agrária de Tavira tem 11 variedades de oliveiras (adaptadas a consumo em fresco ou conserva ou dupla aptidão), uma vinha com 98 castas de vinho branco, 84 de vinho tinto, 56 de uva de mesa tinta e 52 de uva de mesa branca que têm sido preservadas para não desaparecem. Algumas corriam mesmo o risco de extinção.

«Quando entrei em funções fui colocado perante uma circunstância consumada. É que já nem estavam em cima da mesa projetos alternativos para uma solução menos impactante. A construção de uma variante já estava decidida e este era o único trajeto», lamenta o diretor. «Por isso, solicitámos um conjunto de medidas de compensação e minimização. Medidas relacionadas com o atravessamento por dentro da propriedade. Os equipamentos da DRAPAlg não podem atravessar uma via pública. Tem de haver uma via própria para passarmos de um lado para o outro», diz.

«Depois, temos a questão das sebes arbóreas, a transplantação das coleções ou do material que seja afetado para outras zonas, a substituição integral do sistema de rega que já é antigo e a recuperação do edificado que está lá.», sublinha. «O que gostaria, de uma vez por todas, era criar ali um Centro de Competências para a Dieta Mediterrânica e um Museu dedicado à agricultura. Gostaria de abrir aquele espaço, depois de recuperado, à sociedade civil, aos turistas, às escolas. Gostava que ali pudessem ser feitos projetos com a Universidade do Algarve e outras entidades», ambiciona.

«Nenhum diretor regional de agricultura estaria confortável com esta situação, numa propriedade que é única, em pleno coração de Tavira. Já que foi decidido, agora é trabalhar com o que temos e tentar construir ali algo interessante para a região e para o país».

Esta empreitada surge no âmbito da eletrificação da Linha do Algarve, no troço entre Faro e Vila Real de Santo António, em que será necessário suprimir a passagem de nível de Tavira, junto à estação ferroviária e encontrar um percurso alternativo para o trânsito automóvel entrar na cidade. Segundo o resumo não técnico, de outubro de 2019, «após diversas reuniões de articulação entre a Câmara Municipal de Tavira e a DRAPALG, optou-se por considerar a solução que permite um melhor enquadramento com a rede rodoviária de Tavira».

Assim, está prevista a construção de uma estrada de 20 metros de largura no terreno do CEAT, que implica ainda a demolição de cinco antigos laboratórios. A nova estrada terá uma extensão total de cerca de 608 metros e desenvolve-se, no sentido poente-nascente, em espaços com ocupação agrícola predominante (pomar, vinha e áreas incultas), pertencentes ao CEAT. No trecho final, interfere com uma pequena área integrada na Escola Básica D. Manuel.

FONTE: Barlavento

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