Empresa cria fábricas móveis a pensar nos agricultores africanos

Uma empresa ibérica desenvolveu fábricas móveis que poderão ajudar os agricultores africanos a processar os seus produtos no local, equiparando-os aos produtos importados e rentabilizando a produção, disse um empresário.

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O português Sérgio Silva, um dos três sócios da Sociedad Ibérica de Proyectos, explicou que as fábricas móveis, contentores com as máquinas necessárias para produzir farinha de milho ou enchidos, embalá-los e etiquetá-los, podem ser colocadas em qualquer ponto do globo, porque além de móveis têm gerador integrado, não necessitando de corrente elétrica.

Para explicar a vantagem de processar a matéria-prima para os produtores africanos, o empresário de 35 anos, que trabalhou dez anos em empresas de construção civil em Angola, exemplificou com o caso do milho importado que é vendido em Luanda a cerca de 25 cêntimos de dólar o quilo.

Para um agricultor angolano que produza milho a 300 ou 400 quilómetros da cidade, só o custo do transporte obriga a vendê-lo mais caro do que o importado.

«Se em vez de vender milho, vender fuba de milho [uma farinha muito consumida em Angola], o preço do transporte pode ser diluído no preço da fuba, que em vez de custar 25 ou 30 cêntimos pode ser vendida a um dólar», explicou Sérgio Silva.

A rentabilização do seu trabalho irá motivar as pessoas para a continuarem a cultivar, lembrou o empresário, para quem «um dos maiores problemas de África é a acumulação das pessoas à volta das cidades (...) em parcas condições».

Se a agricultura começar a dar rendimento, essas pessoas que vivem nos arredores das cidades, essencialmente dependentes do comércio de bens importados, poderão começar a regressar ao campo e a dedicar-se à agricultura, espera Sérgio Silva.

O empresário lembrou que atualmente já existem projetos de incentivo à agricultura em países da América Latina e da África, que passam sobretudo pela oferta, às comunidades rurais, de mecanismos como enxadas ou tratores, que permite às comunidades cultivar a terra.

No entanto, defendeu, as pessoas cultivam uma vez e, quando percebem que a agricultura não lhes traz valor acrescentado para voltar a semear, deixam de cultivar ou dedicam-se à agricultura de subsistência.

O empresário acredita que a industrialização das comunidades agrícolas é a solução para este problema, pelo que os governos nacionais e locais, assim como as organizações não-governamentais que operam nestes países, são alguns dos destinatários da empresa.

Fazendeiros locais que já produzem milho ou importadores, grossistas e armazenistas, que estão nas periferias das cidades africanas e importam milho são outros potenciais clientes, acredita o jovem empresário, natural de Ponte de Lima.

Sérgio Silva lembrou que há grandes equipamentos industriais construídos nos países africanos, ao abrigo da cooperação internacional, que nunca chegam a arrancar porque «obrigam a uma logística integrada, de recursos humanos, financeiros e técnicos».

Esses projetos não funcionam porque são muito grandes, defendeu, apresentando como alternativa as suas fábricas móveis, que se prepara agora para apresentar a potenciais compradores.

Entre outras entidades, o projeto vai ser apresentado esta semana à ministra da Indústria de Angola, Bernarda Martins, e à Fundação Aga Khan.

As fábricas móveis de milho, com capacidade para produzir até 7.000 quilos de farinha por dia, custam entre 140 mil e 157 mil euros.

Fonte: Lusa

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