Deficiente vingamento nas pomóideas afeta a produtividade potencial

Segundo Boletim Mensal da Agricultura e Pescas, a floração e o vingamento do fruto decorreram de forma distinta nas duas principais regiões produtoras.

pomóideas

Em Trás-os-Montes, após uma floração que decorreu sem problemas, as condições meteorológicas no vingamento foram desfavoráveis, provocando a queda de muitos frutos, tendo este cenário sido ainda agravado com fortes precipitações de granizo, que provocaram danos consideráveis nos pomares afetados.

No Oeste, os vingamentos foram melhores, observando-se apenas em alguns pomares dos grupos varietais Gala e Fuji situações de forte alternância (quebra acentuada após uma campanha com produção historicamente elevada).

Assim, prevê-se que a produtividade da maçã desça para próximo das 20,8 toneladas por hectare, o que corresponde a uma diminuição de 15% face a 2019 (o melhor ano da série 1986-2019).

Já na pera, concentrada no Oeste, confirmam-se os cenários de vingamentos dum modo geral fracos e irregulares. Para este panorama contribuíram decisivamente a baixa qualidade dos gomos florais e a heterogeneidade de abrolhamento que, juntamente com as chuvas que foram ocorrendo ao longo da floração, reduziram a atividade dos insetos polinizadores, aumentando a taxa de insucesso do vingamento dos frutos.

Estima-se uma diminuição muito significativa da produtividade desta cultura, -35% face à campanha anterior, para as 8 toneladas por hectare, o registo mais baixo desde 2003.

Pêssego com decréscimo de rendimento unitário de 10% face à campanha anterior

No pêssego, a forte precipitação do final de maio no interior Centro agravou o cenário que já apontava para diminuição da produtividade em resultado das condições meteorológicas atípicas de abril. Muitos dos frutos que não se perderam totalmente ficaram fortemente marcados na casca, impossibilitando a sua comercialização em fresco.

Para muitos produtores, a alternativa de desvio para a agroindústria não foi possível uma vez que as fábricas ainda não estavam a receber matéria-prima.

Estima-se uma diminuição do rendimento unitário em 10%, face a 2019, para as 10,3 toneladas por hectare.

Produção de cereja ao nível das mais baixas das últimas duas décadas

Desde o início do ciclo reprodutivo que a campanha da cereja decorreu, na principal zona de produção (Cova da Beira), em condições meteorológicas adversas. No dia 31 de março, em plena fase de floração/polinização das variedades intermédias/de estação/tardias, ocorreu um forte nevão, que comprometeu o vingamento dos frutos com a deficiente polinização e limpeza da flor.

As semanas que se seguiram contribuíram para agravar a situação, com dias de temperaturas anormalmente baixas, formação de geada e intensa precipitação na primeira quinzena de abril.

Posteriormente, a intempérie de 31 de maio, com chuvas, granizos e ventos fortes, provocou estragos em muitos dos frutos que tinham conseguido vingar e amadurecer.

As colheitas, que correram e estão a decorrer com equipas reduzidas de mão-de-obra (quer por razões sanitárias, quer por falta de fruto para colher), confirmam as previsões que apontam para uma produção 60% inferior à da campanha anterior (cerca de metade da produção média dos últimos cinco anos).

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