Conservas devem cumprir requisitos para apostarem no Canadá

Um empresário luso-canadiano considerou que as conservas portuguesas podem ter o mercado no Canadá como o principal destino, mas para isso as empresas terão que se adaptar aos requisitos das autoridades locais.

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«Penso que as conservas é uma indústria que está subdesenvolvida, poderá melhorar muito porque cada vez se comem mais conservas, e está provado que é uma mais valia para o consumidor a um preço muito bom em termos de competitividade alimentar», afirmou António Belas, de 60 anos, presidente da Ferma Food Produts.

A Ferma Foods, adquirida por António Belas em 1979, é uma empresa canadiana, umas das maiores companhias do mundo especializada na distribuição de produtos portugueses alimentares, sendo que mais de 50 % dos produtos são importados de Portugal.

O empresário, natural de Cheleiros, Mafra (distrito de Lisboa), tem muitas expetativas para o setor das conservas português no Canadá, alertando para a barreira na «cravação das latas».

«As fábricas portuguesas que fazem a cravação da lata, nem todas estão a altura para exportarem para o Canadá. Essas companhias pensam que é a mesma coisa que entrar no mercado do Reino Unido ou da Alemanha, mas o Canadá é mais exigente», sublinhou.

Quando essas empresas ultrapassarem esta barreira na cravação das latas, terão resultados «bastante positivos» no mercado canadiano, até porque na opinião do empresário, Portugal «faz a melhor conserva do mundo, nos vários derivados, quer nas sardinhas, cavalas, lulas e polvo».

A Ferma Food, com sede em Toronto, que serve o sul da província do Ontário, faz a distribuição dos produtos alimentares no Canadá, com armazém em Montreal, além daquela região no Quebeque, abrange ainda a capital Otava, Winnipeg (Manitoba) e Vancouver (Colúmbia Britânica).

O empresário também destacou alguns aspetos positivos no setor alimentar com a entrada em vigor do Acordo Económico e Comercial Global (CETA, sigla em inglês), cujo texto final foi concluído pelo Governo canadiano em fevereiro de 2016.

«É um acordo ambicioso, embora necessitem ser feitos alguns ajustamentos. A União Europeia representa a maior economia mundial. Está em causa 25,1 % do PIB mundial, o que representa 17 % do comércio mundial. O Canadá tem 35 milhões de habitantes, enquanto a União Europeia representa um universo de 500 milhões de residentes», destacou António Belas.

Ainda não é um dado adquirido se em 2017 o CETA entrará realmente em vigor, mas «já percorreu um longo caminho» e vai possibilitar que haja uma maior concorrência no preço dos produtos, reduzindo o custo de vida.

Estatisticamente uma família com quatro pessoas despende por ano no Canadá cerca de 8.500 dólares (5.830 euros) na alimentação, mas devido à lei da concorrência e da oferta «vai gastar muito menos» porque alguns produtos que têm taxas e impostos «deixam de os ter».

«No caso da exportação dos lacticínios (queijos) da Europa para o Canadá a quota anual atual é de 13 mil toneladas anuais, e vai aumentar para 29 mil toneladas, na questão da carne de vaca, a Europa exporta para o Canadá 15 mil toneladas anuais e vai aumentar para 65 mil toneladas», disse.

Com a entrada em vigor do CETA, o comércio entre a Comunidade Europeia e o Canadá «será mais fácil, com os impostos alfandegários a serem abolidos, o que será muito benéfico».

Oficialmente, há 429 mil portugueses e lusodescendentes no Canadá (census 2011), mas calcula-se que existam cerca de 550 mil, estando a grande maioria localizada na província do Ontário. Estima-se que entre 60% a 70% sejam de origem açoriana.

Fonte: Lusa

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