Comissão Europeia aprova projeto para a criação e classificação do Paul da Gouxa como reserva natural

 A Universidade de Évora (UÉ) participa num projeto Horizonte Europa recentemente aprovado pela Comissão Europeia que pretende criar sete Laboratórios Abertos (Open Labs) em diversos países europeus com o objetivo de promover as zonas húmidas terrestres, as turfeiras e as planícies aluviais como sumidouros de Carbono e Gases com Efeito de Estufa, fomentando para isso o restauro e a conservação sustentável destas zonas.

 Em Portugal, a UÉ encontra-se a apoiar a criação e classificação do Paul da Gouxa como reserva natural, dado que nesta zona se encontra uma importantíssima turfeira baixa no contexto Europeu com uma extensão considerável. É neste local que em Portugal se irá criar um Laboratório Aberto que envolve o Município de Alpiarça, a Quinta da Atela bem como diversos atores regionais entre eles organizações não governamentais, agricultores e decisores políticos.

A ideia passa por “estudar o papel das turfeiras como sumidouros de carbono e promover  a sua conservação, restauro, e gestão sustentável de modo a que se possam desenvolver estratégias a nível europeu para promover a minimização das emissões de gases com efeitos de estufa e simultaneamente promover a sua captura/retenção por parte destas infraestruturas verdes” começa por sublinhar Ana Isabel Mendes, investigadora do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED) da Universidade de Évora, a coordenar na academia eborense o projeto REWET – REstoration of WETlands to minimise emissions and maximise carbon uptake: a strategy for long term climate mitigation, recentemente aprovado pelo programa Horizonte Europa da Comissão Europeia.

 João Eduardo Rabaça, professor do Departamento de Biologia e investigador do MED e Sérgio Prats Alegre, doutorado em Ciências do Mar e do Ambiente a investigar no MED, junta-se a esta equipa que no nosso país, se encontra a apoiar a criação de um Open Lab que envolve o Município de Alpiarça e a criação da Reserva Natural de âmbito local do Paul da Gouxa, uma turfeira baixa de águas interiores, que, pela sua extensão e localização geográfica, “constitui uma área importante para a conservação, destacando-se não só no contexto nacional mas também no contexto europeu”, acrescenta Ana Isabel Mendes.

 A importância deste Paul ultrapassa a fronteira portuguesa, sendo mesmo considerado um exemplo único e bastante raro no contexto europeu, dado tratar-se de uma turfeira de baixa altitude onde a turfa chega a atingir uma profundidade de cerca de 9 metros que se estende por uma área de cerca de 90 hectares (com diferentes Iso espessuras), o que corresponde a acumulação de Carbono durante cerca de 9000 anos. De registar que dado o desconhecimento anterior da existência, e da sua real extensão, “esta tipologia de habitat não foi dada para Portugal, sendo necessário desencadear os mecanismos para que esta categoria seja considerada no plano sectorial da rede Natura 2000 de Portugal, algo que o REWET irá contribuir” frisa a investigadora.

 “A Universidade de Évora tem dado suporte à submissão da candidatura a Reserva Natural e no decorrer deste projeto é expectável que se inicie o desenvolvimento do plano de ordenamento da reserva e se desenvolvam uma série de ações de restauro de habitat, capacitação e educação ambiental” avança ainda Ana Isabel Mendes. Paralelamente irão estudar-se alternativas ao uso do solo em talhões delimitados, de modo a que se tenha uma ideia clara das mais valias em cada um dos seguintes contextos: produção de arroz, produção de caniço, utilização como reserva natural. Irão avaliar-se os diversos serviços de ecossistemas em cada um destes contextos”, conclui a investigadora da UÉ.

 O REWET, liderado pela empresa IDENER conta com o envolvimento de 19 parceiros Europeus, oriundos de Espanha, França, Holanda, Áustria, Finlândia, Estónia, Bélgica, Itália, Dinamarca e Portugal, e de entre os quais se destacam a Wetlands International, a UNESCO ou o Stichting Wageningen Research. Dos mais de seis milhões e meio de euros financiados pelo Horizonte Europa, 305 875€ são destinados ao financiamento da equipa da Universidade de Évora.

 Resulta assim de uma parceria transdisciplinar entre investigadores, empresas (PMEs), entidades sem fins lucrativos, parceiros locais e regionais localizados em diversas reservas naturais de importância internacional e uma organização internacional, e visa reforçar a Investigação, o desenvolvimento tecnológico e a inovação, sendo o projeto financiado pelo Programa Horizon Europe Framework com fundos da Comissão Europeia, no âmbito do projeto HORIZON-CL5-2021-D1-01.

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