Aprenda a conhecer e controlar a praga do "bichado da macieira"

bichado da macieira (Cydia pomonella) está presente em todas as regiões frutícolas em Portugal e todas as variedades de maçã são sensíveis a este inimigo. Conhecer o ciclo de vida da praga, monitorizar os seus níveis populacionais e conjugar meios culturais com luta química e biológica é fundamental para a controlar de forma eficaz.

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O bichado da macieira (Cydia pomonella) é uma praga-chave das pomóideas, afeta sobretudo macieiras, mas também pode estar presente em pereiras e marmeleiros. Os prejuízos que causa na fruta derivam exclusivamente da ação das larvas, que se alimentam da polpa e das sementes dos frutos, provocando a sua queda e perda prematura no pomar. A fruta “bichada” é desvalorizada e inviável para comercialização. Em pomares não tratados os prejuízos podem atingir mais de 90% da produção.

Em Portugal, a Cydia pomonella está presente em todas as regiões frutícolas e todas as variedades de maçã são sensíveis a este inimigo. Contudo as variedades de polpa mais macia, como as do grupo ‘Jonagold’, são as mais suscetíveis a esta praga, assim como as variedades mais tardias como as do grupo ‘Fuji’, exigindo um cuidado redobrado na sua monitorização e controlo.

O bichado tem em geral duas gerações anuais, podendo chegar às três gerações, sobretudo em anos com temperaturas elevadas. A primeira geração tem início em meados de abril e prolonga-se até ao início de junho, o seu controlo é vital para uma proteção eficaz da colheita. A 2ª geração decorre entre julho e meados de agosto e requer uma estratégia de proteção integrada, com meios de luta cultural, química e biológica, visando minimizar os níveis de resíduos na fruta à colheita. A 3ª geração pode ocorrer entre meados de agosto e a colheita.

O bichado passa o Outono-Inverno em forma de larva dentro de um casulo em abrigos na casca das árvores e, por vezes, no solo. Em meados de março as larvas evoluem, dando origem a insetos adultos – as borboletas. Depois de acasalarem, as fêmeas põem cerca de 60 ovos nos frutos e por vezes também nas folhas. Destes ovos nascem as larvas de bichado, com cerca de 1 mm, que penetram nos frutos pouco depois. Abrem primeiro uma galeria em forma de espiral e depois, à medida que se desenvolvem, a galeria é alargada até atingir a cavidade em que se encontram as sementes. Estas constituem uma fonte de proteínas e gorduras, necessárias para a larva terminar o seu desenvolvimento. Quando estão completamente desenvolvidas, as larvas abandonam o fruto, procuram um refúgio, normalmente na casca das árvores, e aí se transformam em borboletas, em meados de junho, dando origem à segunda geração e repetindo-se o processo. Algumas das larvas da primeira geração e a totalidade das larvas da segunda geração entram em diapausa, um período de inatividade que dura 6 a 7 meses, até à Primavera seguinte.

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Monitorização da praga

A monitorização do bichado da macieira é fundamental para determinar o nível económico de ataque e a oportunidade de realização de tratamentos com inseticidas ou bioinseticidas. Devem usar-se armadilhas de tipo “delta” com feromona sexual, colocando-as no pomar imediatamente após a floração, e proceder-se à amostragem de frutos (1000 unidades por parcela (20 frutos x 50 árvores) para determinar o nível económico de ataque da praga no pomar. A conjugação dos dois métodos é importante porque reforça a fiabilidade da informação para tomada de decisão do fruticultor. É aconselhável iniciar os tratamentos assim que a percentagem de frutos picados atinja os 0,1 a 0,5% ou quando as capturas nas armadilhas sejam de 3 a 4 borboletas/semana.

Práticas culturais

As práticas culturais são fundamentais para reduzir a população de bichado nos pomares. Para além da monda química dos frutos, a monda manual de frutos é recomendada para travar o desenvolvimento da praga e garantir maior eficácia dos tratamentos. Uma vez que os adultos de Cydia pomonella fazem posturas de ovos entre os frutos, deve-se eliminar alguns deles, deixando no máximo dois frutos por corimbo, com isto aumentamos a probabilidade de o tratamento atingir o alvo e eliminar a praga.

Após a colheita é essencial eliminar os frutos picados, destruindo-osna entrelinha com a passagem de uma máquina ou retirando-os do pomar. Esta prática cultural interrompe o ciclo de desenvolvimento da praga, ajudando a reduzir a sua população na campanha seguinte.

Outra medida útil para reduzir a população da praga no ano seguinte é a colocação, no início de agosto, de cintas de cartão canelado à volta do tronco das árvores. As larvas de bichado servem-se destes abrigos durante a sua diapausa, não invadindo assim a casca das árvores. As cintas de cartão contendo as larvas devem ser retiradas do pomar e destruídas durante o Inverno.

Meios de luta

Tradicionalmente, o bichado da macieira era controlado exclusivamente com a aplicação de inseticidas. No entanto, a redução do número de substâncias ativas e, por conseguinte, dos produtos comerciais disponíveis para controlo, e as exigências do mercado quanto a níveis de resíduos na fruta, têm incentivado os fruticultores a usar métodos de controlo complementares e compatíveis com o controlo químico, como sejam a confusão sexual, a captura em massa e o controlo biológico.

A Syngenta recomenda uma estratégia integrada de proteção das pomóideas contra Cydia pomonella com os inseticidas Evure e InsegarAffirm Opti e Voliam Targo e o bioinsecticida Costar. Um programa com base nestes tratamentos permite obter fruta isenta de bichado, respondendo às necessidades dos agricultores e aos requisitos de qualidade e segurança alimentar da cadeia de valor.

O programa Syngenta para controlo de Cydia pomonella é testado anualmente nos pomares do Polo de Alcobaça do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. Rui Maia de Sousa, coordenador técnico do Polo, refere que a gama de produtos Syngenta «tem-se mostrado eficaz no controlo da praga» e alerta que «para que os produtos funcionem é importante a monitorização da praga e aplicar as diferentes soluções na altura certa, conforme o modo de ação. Em função da evolução da praga a estratégia inicia-se com o Insegar, seguindo-se o Voliam Targo, o Affirm Opti e por último o Costar». E destaca como fundamental «um controlo eficaz da população da 1ª geração, para que nas gerações seguintes a população seja reduzida e não cause prejuízos».

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Crédito fotos: Rui Maia de Sousa, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária

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