Ano Internacional das Frutas e Legumes e a Agricultura Portuguesa

Artigo de opinião de:

Nuno Russo

Engenheiro zootécnico e anterior Secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural

 Nuno Russo

O ano de 2021 foi declarado, pelas Nações Unidas, como o Ano Internacional das Frutas e Legumes, visando aumentar a consciencialização sobre os benefícios nutricionais e de saúde do consumo de frutas e legumes, mas também para a redução da sua perda e desperdício, e ainda para direcionar a atenção política para os sistemas alimentares sustentáveis, desde a produção ao comércio. A Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), das Nações Unidas, estima que a produção agrícola mundial deve aumentar cerca de 60%, até 2050, para fazer face ao aumento exponencial da população e ao incremento das classes médias das economias emergentes.

Por esse motivo, torna-se imperativo tomar as medidas que permitam de forma racional e sustentável acompanhar esta demanda, pelo que é essencial tornar a agricultura mais produtiva, mas também mais sustentável, pois o crescimento do setor agrícola é uma das formas mais eficazes para combater a fome, alcançar a segurança alimentar e garantir o acesso regular a alimentos de alta qualidade, e em quantidade suficiente.

A União Europeia apoia o setor das frutas e legumes não só para promover o seu maior consumo, mas também para ter um setor mais competitivo e orientado para o mercado, através da maior utilização de técnicas de cultivo e produção mais sustentáveis, tal como estabelecido pela Estratégia do Prado ao Prato, no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, que pretende assegurar que os cidadãos europeus dispõem de alimentos saudáveis, acessíveis e sustentáveis. E, de acordo, com as estatísticas existentes de consumo de frutas e legumes em toda a União Europeia, estas refletem hábitos alimentares no sentido de uma alimentação saudável. Exemplo disso é o Programa da Fruta Escolar, uma iniciativa de âmbito europeu, que consiste num regime de ajuda para a distribuição de frutas e legumes às crianças nos estabelecimentos de ensino, tendo como principal objetivo o de reforçar hábitos alimentares nas crianças, aptos a disseminar comportamentos saudáveis na população.

A nível nacional, e com base na informação do Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP), do Ministério da Agricultura, sobre a caraterização do sector e a importância económica da atividade, as frutas e legumes representam 63% da produção agrícola nacional (em valor), e o valor das exportações de frutas e legumes já representaram, em 2017, cerca de 70% das exportações agrícolas. É salientado que, Portugal, devido à diversidade climática, biodiversidade, inovação e processos, está neste momento muito bem posicionado no mercado comunitário e mundial, podendo apresentar produtos diferenciados e seguros. Tem como pontos fortes as condições naturais para a produção, uma imagem de segurança alimentar das frutas e legumes nacionais, e existência de produtos diferenciados, produzidos segundo regimes de qualidade reconhecida e certificada, nomeadamente as Denominações de Origem Protegida (DOP) e as Indicações Geográficas Protegidas (IGP).

Temos ainda a Dieta Mediterrânica, aprovada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), e considerada como um padrão alimentar de excelência, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pela sua qualidade nutricional e importância na prevenção das doenças e promoção da saúde comunitária, sendo uma das suas principais características o consumo abundante de alimentos de origem vegetal, como as frutas e os legumes.

Um outro método de produção sustentável, a agricultura biológica, cujo número de explorações certificadas para a produção em modo biológico triplicou em 10 anos, segundo os primeiros resultados do Recenseamento Agrícola 2019, tem vindo a reforçar a sua confiança junto dos consumidores, pela capacidade de fornecer bens alimentares de reconhecido valor e interesse.

Em síntese, e parafraseando o Presidente da Associação para a promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal - Portugal Fresh – «os consumidores podem estar tranquilos: vão continuar a ter acesso a produtos de qualidade, frescura e de elevada segurança alimentar, permitindo-lhes uma dieta saudável e equilibrada».

E acrescento que tudo se deve à capacidade dos nossos agricultores e suas associações, que enquanto agentes de políticas públicas têm conseguido a adaptação a uma agricultura cada vez mais sustentável, económica, social e ambientalmente, reforçando a sua importância junto da sociedade, ainda mais no contexto atual, e alcançando os objetivos de desenvolvimento sustentável.

Nota de Redação:

Artigo publicado na edição n.º 38 da Revista AGROTEC.

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