Agricultores do centro de Moçambique trocam canábis por produção de alimentos

Com a mesma enxada, catana e pedaço de terra, Manuel Bassião trocou o cultivo da canábis por alimentos, respondendo aos apelos do governo de Guro para integrar uma comunidade no centro de Moçambique que tinha a droga como principal fonte de rendimento.

«Hortícolas e cereais dão também dinheiro suficiente para sustentar a família», disse Manuel Bassião, admitindo que em todas as épocas do ano há culturas diferentes e que são produzidas ao longo do rio Luenha, província de Manica, o que garante a viabilidade da iniciativa.

Centenas de camponeses de Calombolombo, uma comunidade um pouco acima de Bunga, ao longo do curso do rio Luenha, com verdes campos, acabaram por trocar a produção de canábis por culturas alimentares, para escapar de uma condenação coletiva na justiça por produção e comercialização da droga.

Em 2011, as autoridades policiais de Manica desativaram 200 hectares de campos de cultivo de canábis em Calombolombo, incinerando 18 toneladas de droga.

Mas um ano mais tarde a comunidade ameaçou voltar a cultivar canábis por falta de mercado para os produtos hortícolas e cereais.

No final, a justiça concedeu uma amnistia a todo o povoado, respondendo aos apelos do governo local, que desde então estimulou a produção de culturas alimentares, disponibilizando sementes e tratores, para a população deixar de cultivar a sua anterior principal fonte de rendimento.

«O rendimento com culturas alimentares mantém o sustento da minha família. Tenho os filhos a estudar e garanto as suas despesas de saúde e roupa. Nunca passamos fome», disse Armina Nacho, uma produtora que trocou o cultivo de canábis por hortícolas e abastece vários mercados da região.

A população produzia canábis para consumo, comercialização e exportação, até à realização de uma operação governamental em grandes campos de cultivo na região de Calombolombo, norte de Guro, para travar a produção desta droga proibida no país.

O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que, no âmbito de uma presidência aberta à província de Manica, recentemente visitou campos de camponeses que abandonaram a produção de canábis, encorajou-os a aumentar o rendimento dos campos.

Durante a visita aos campos de produção, junto ao leito do rio Luenha, em Bunga, Filipe Nyusi, que percorreu as hortas, assegurou que todo o apoio do Governo será dado aos camponeses, observando que a produção de comida é uma das maiores prioridades de sua governação.

«Estamos satisfeitos pelo vosso empenho na produção de alimentos, que abastece as vossas famílias e as populações de outras regiões», disse Filipe Nyusi a um grupo de 98 camponeses, 27 dos quais trabalham de forma individual e os restantes agrupados em três associações.

Nos campos de cultivo de canábis, geralmente em matas densas ou em leito de rios, os populares sobrepunham a cultura de milho, para disfarçar o cultivo ilegal. A droga tinha como mercados preferenciais a África do Sul e o Zimbabué.

«Nós felicitamos os camponeses e encorajamos a que continuem a produzir comida. Que aumentem também os campos de produção para poderem abranger outros mercados, além de Tete, Guro e Chimoio», disse Filipe Nyusi.

Os camponeses da região dedicam-se agora à produção de milho, feijão, cebola, tomate, couves e batata-doce de polpa alaranjada.

Fonte: Lusa 

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