Empresa algarvia estuda benefícios da alfarroba na saúde
Artigo Técnico
A Chorondo e Filhos produz alfarroba triturada para ração animal há quatro gerações. A exportação tem crescido e com uma faturação anual de cinco milhões de euros, Ismael Chorondo, gerente empresa algarvia, acredita ser possível «aumentar estes números». A inovação é uma das caraterísticas que a empresa alimenta, associando-se ao projeto Alfa, que estuda a aplicação de alfarroba no controlo de algumas doenças do ser humano.
Por: Sara Isabel
O povo árabe, que ocupou parte do território que hoje é Portugal entre o século VIII e o século XV, deixou um vasto património agrícola. A alfarrobeira é uma dessas heranças. A árvore encontra-se com maior expressão no Algarve, região com condições edafoclimáticas favoráveis ao seu desenvolvimento. Frequentemente, vê-se a alfarrobeira a partilhar terreno com outras árvores, como as amendoeiras, figueiras, oliveiras. A produção de alfarroba em Portugal tem uma balança positiva com mais exportações do que importações. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2013, foram importadas 111 toneladas de alfarroba, o que corresponde 151 mil euros, e foram exportadas 9.467 toneladas no valor de 5.512 mil euros.
A empresa Chorondo e Filhos tem longa tradição na transformação de alfarroba e contribui para os números de exportação indicados pelo INE. O principal produto da empresa é a produção de «farinha, triturado de alfarroba, para incorporação em vários tipos de ração animal», explica Ismael Chorondo, gerente da empresa algarvia.
A ligação da família Chorondo à alfarroba é antiga. Para ir ao seu início é preciso recuar três gerações a partir de Ismael, que representa a quarta geração de gestores da Chorondo e Filhos. É o nosso interlocutor que explica: «o meu bisavô cedo iniciou a comercialização e transporte de amêndoa, figos e, principalmente, alfarroba para indústrias do ramo na região. O meu avô seguiu esta atividade instalando uma pequena transformação de alfarroba na localidade Boliqueime, concelho de Loulé, onde hoje em dia se situa a sede da empresa».
As raízes deste projeto foram ganhando força e a estrutura cresceu e, em 1988, Joaquim Chorondo, juntamente com Ismael e Angelina Chorondo, seus filhos, fundaram a empresa que ainda hoje comercializa sementes de alfarroba, sobretudo triturados e para ração animal. Mas na oferta há também outros produtos característicos da região como frutos secos, como amêndoas e figos.
Fig. 1 - Ismael Chorondo, sócio-gerente da Chorondo & Filhos, Lda.
«Anualmente produzimos 30 mil toneladas com a matéria-prima que chega de produtores algarvios», explica Ismael que acrescenta: «tem-se assistido a um aumento da produção, com muitas novas explorações. No entanto, verificou-se um decréscimo produtivo nas explorações mais antigas. Como em qualquer cultura agrícola, os fatores climatéricos influenciam bastante a produção».
O comércio externo tem merecido grande atenção da empresa que «nos últimos anos tem aumentado o seu volume de exportações sendo que neste momento o seu peso ultrapassa já as vendas nacionais», pormenoriza Ismael Chorondo.
Fig. 2 - Fruto da alfarrobeira.
Espanha, Holanda, Bélgica, França, Alemanha, Suíça, Turquia, Inglaterra são os mercados onde a Chorondo e Filhos já está implementada. «Os mercados especialmente do norte da Europa são bastante exigentes, temos de ter um controlo de qualidade muito rigoroso e estar atento a todos os pormenores durante o processo de fabrico», afirma o nosso interlocutor.
Na senda da inovação
Indústria cosmética, alimentar, farmacêutica, biocombustível são algumas das muitas aplicações para a alfarroba, um fruto que tem também benefícios para a saúde. Estas informações resultam de muito trabalho científico que conduz à inovação, um aspecto a que a empresa algarvia está atenta. A Chorondo e Filhos integra o projeto Alfa, em parceria com o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI) e o Instituto Superior Técnico (IST). O objetivo do Alfa é estudar a «aplicação da polpa da alfarroba para redução do colesterol e algumas doenças».
Fig. 3 - Logotipo da Chorondo & Filhos, Lda.
«Procuramos sempre estar na vanguarda quer ao nível da produção, melhorando o nosso processo produtivo e serviços prestados, quer ao nível do desenvolvimento de novas ideias tendo por isso algumas parcerias com o IST, INETI, a Universidade do Algarve, NERA - Associação Empresarial da Região do Algarve, AIDA Associação Interprofissional para o Desenvolvimento da Produção e Valorização da Alfarroba, e ainda fazendo parte do Mondial Carob Group e INEC (European Institute of the Carob Gum Industries)», comenta Isamel Chorondo.
A inovação tem um peso de 10% na faturação da empresa e Ismael sublinha que a empresa tem «intenção de criar condições futuras para aumentar esta percentagem prestando dessa forma também um melhor serviço aos nossos clientes».
A faturação anual situa-se nos cinco milhões de euros e o objetivo é «aumentar estes números, apesar da difícil conjuntura económica», assegura Ismael Chorondo.
