«Travar a desflorestação é de extrema urgência», alerta a Acréscimo

A Associação de Promoção ao Investimento Florestal (Acréscimo) lança, uma vez mais, o alerta: a desflorestação está a ocorrer em Portugal e é «gravíssima».

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Em comunicado, a associação refere que Portugal, desde 1990 e de acordo com relatórios da FAO e do Eurostat, «perdeu mais de ¼ de milhão de hectares de floresta. A cada ano, em termos médios, perde em floresta uma área similar à do concelho de Lisboa. O país revela a mais grave situação de desflorestação no continente europeu. Apesar disso, muitos no setor vão mantendo a aposta em estratégias de faz de conta».

«O anúncio governamental de aposta na florestação a 15 mil hectares ao ano durante uma década, aos quais está historicamente associada uma posterior gestão florestal condicionada por mercados em concorrência imperfeita, ou a substituição dos proprietários florestais privados pelas autarquias, em nada ajudam à credibilidade dos governos», critica a Acréscimo.

Por um lado, «o país nunca obteve recentemente registos de florestação a um ritmo de 15 mil hectares ao ano, nem mesmo com o financiamento pela PAC ou em áreas de floresta industrial, por motivos vários, sobretudo por condicionalismos de mercado. Por outro, a substituição por parte das autarquias de gestores florestais sem adequada capacitação já ocorre e em Matas Nacionais».

Ou seja, sustenta a associação, «em áreas públicas sob a tutela do Ministério da Agricultura. Neste caso, apesar dos excelentes resultados obtidos com a cogestão autárquica, o facto é que esta operação, pela expressão territorial, fragmentação da propriedade e ausência de cadastro rústico é inviável em áreas de floresta privada sob gestão de abandono e em regiões de maior risco social, ambiental e económico».

Para a Acréscimo, «a aposta na florestação, sem ligação com medidas e instrumentos de desenvolvimento rural sustentável, de política social rural, de economia agrária e de conservação da Natureza, pode vir a servir apenas os interesses associados à indústria do fogo».

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Com efeito, «este tem sido o resultado histórico da aposta no fomento florestal associado ao financiamento público ou, ultimamente mais evidente, ao associado às plantações industriais.

Embora aparentemente menos ambicioso no plano político, o travar da desflorestação é já em si um desígnio de muito difícil concretização. Este não passa tanto pela florestação, mas pela viabilização dos atuais povoamentos florestais, mais especificamente dos associados a espécies autóctones», alerta a associação.

«Travar a desflorestação é de extrema urgência, pelos seus impactos no despovoamento, na desertificação e no aumento dos riscos associados às alterações climáticas. As florestas são essenciais para à biodiversidade, a proteção do solo, a regulação dos regimes hídricos e a qualidade da água, o emprego e para a atividade agrícola sustentável», considera a Acréscimo.

Por fim, salienta que «em Portugal, as intervenções políticas associadas às florestas são muito suscetíveis à hipocrisia e ao populismo. Na Acréscimo optamos por uma mudança de paradigma, com uma aposta clara na regulação dos mercados, na investigação e desenvolvimento, na criação de um serviço de extensão florestal e na abertura de novos mercados. Num país essencialmente de floresta privada, sem negócio silvícola viável e sustentável, não é gerada receita para uma gestão profissional, as consequências são devastadoras para a Sociedade». 

Gráficos cedidos pela Acréscimo

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