Setor do leite diz estar a ser penalizado por decisões políticas

O presidente da Federação Agrícola dos Açores (FAA) diz que a produção de leite na região está a ser penalizada na sequência de uma série de «decisões políticas erradas» sobre as quais os produtores não tem responsabilidades.

leite

«A origem das nossas dificuldades não tem nada a ver com os produtores, mas essencialmente com decisões políticas erradas como o embargo russo, que foi a primeira que teve um efeito nefasto, a par da abolição do regime das quotas leiteiras, que também é uma decisão política da União Europeia (UE)», declarou Jorge Rita.

O dirigente agrícola dos Açores, região que produz 30% do leite no contexto nacional, foi ouvido, em Lisboa, no grupo de trabalho da Assembleia da República para o setor leiteiro, na sequência da liberalização do regime de quotas no espaço comunitário.

«Estamos numa guerra em que não fomos tidos nem achados e a sofrer as suas consequências com prejuízos incalculáveis derivados da baixa do preço do leite», disse Jorge Rita, que reafirmou que em 2015 o setor teve menos 30 milhões de euros de receita nos Açores.

O responsável pela FAA considerou que as primeiras ajudas de Bruxelas revelaram-se «insignificantes», enquanto as ajudas nacionais «têm sido muito poucas» por parte dos governos nacionais, anterior e atual.

Jorge Rita defendeu que a Assembleia da República deve «obrigar» os governos nacional e regional a desenvolverem ações mais benéficas para fazer face à crise no setor leiteiro e fez votos que o relatório a elaborar pelo grupo de trabalho parlamentar «não seja apenas para fazer de conta».

O dirigente agrícola voltou a afirmar que se deve suspender o pagamento por conta aos produtores, que está a ser calculado com base em valores de 2014, e que o país deveria, ao abrigo do acordo bilateral que detém com os Estados Unidos, potenciar a exportação de produtos regionais para aquele país.

«A região deveria agir de forma proactiva, como já transmiti ao presidente do Governo dos Açores e ao primeiro-ministro, até porque está em negociação o Tratado de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP). Não vejo qual é posição dos Açores. Temos condições para começar, no quadro das negociações da base das Lajes, a apostar na exportação de produtos da região», declarou o líder da FAA.

Jorge Rita preconizou ainda que a diplomacia nacional deveria potenciar os mecanismos ao seu alcance para que se exporte para Angola os excedentes nacionais, entre os quais o leite e seus derivados.

Fonte: Lusa

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