Seminário sobre o presente e futuro da Indústria Alimentar reuniu mais de 200 participantes

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Decorreu no passado dia 23 de novembro, na Alimentaria & Horexpo, perante uma plateia repleta, o seminário “Fatores de Competividade na Indústria Alimentar”.

A Indústria Alimentar tem vindo a registar uma evolução e desenvolvimento significativo nas últimas décadas.

As crescentes exigências na Segurança & Higiene Alimentar, a maior consciência do consumidor e a redução das margens de lucro obrigam as empresas a atingir um grau de excelência competitiva que lhes permita sobreviver no mercado. O Embalamento, Rotulagem, Gestão de Riscos, Frio, Logística e a Exportação na Indústria Alimentar foram os principais temas tratados.

O Seminário, que contou com a abertura por parte de Manuel Rui Azevedo Alves, Diretor da TecnoAlimentar, iniciou com o tema Frio. António Santos, Engenheiro Mecânico Térmico, apresentou a comunicação "Conservação dos Alimentos Pelo Frio".

Nesta apresentação, o especialista em frio abordou as condições ideais de conservação para os diferentes produtos da indústria alimentar, desde o pescado, carne, passando pelos hortofrutícola. Um outro aspeto a reter foram os métodos de pré-arrefecimento, muito importantes quer para a conservação da qualidade do fruto quer para a poupança energética. Os métodos abordados foram 1) por ar frio, 2) por água fria, 3) por contacto com gelo, 4) por evaporação superficial da água. Os diferentes equipamentos / máquinas usados no setor do Frio, e respetivas características, foram também objeto de análise.

Ainda na temática do Frio, Domingos Almeida, Professor no Instituto Superior de Agronomia e Coordenador do Freshness Lab, apresentou a "Utilização do Frio na Indústria Alimentar". O Professor começou por atentar para o facto da crescente importância do Frio no Setor Alimentar, muito devido à crescente tendência de consumo que favorece alimentos perecíveis, pouco processados e frescos.

Foi apresentado o Efeito da Temperatura na qualidade e longevidade dos alimentos frescos, assim como a relação entre a temperatura e o crescimento mcriobiano nos alimentos.
A abordagem dos métodos de produção de Frio através da refrigeração mecânica foi também um assunto em destaque, sendo referidos os métodos de criogenia - congelação, arrefecimento evaporativo - refrigeração, e outros métodos, como a refrigeração termoelétrica ou o efeito termomagnético.

Domingos Almeida apresentou ainda um estudo que indica que o Arrefecimento em câmara de frio é uma tarefa térmica que representa quase 75% de toda a energia dispendida na conservação de alimentos, sendo este um fator crucial na determinação dos ganhos de competitividade para as empresas a atuarem no setor.

Luís Patarata, Docente na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, abordou o Controlo da Qualidade na Indústria Alimentar, apresentando os atributos que são associados ao conceito de qualidade: sensorial, tecnológica, simbólica, nutricional, higio-sanitária, e que se traduzem na satisfação dos requisitos percecionados e esperados pelo consumidor/cliente. O orador apresentou ainda vários exemplos práticos de como a perceção da qualidade pode afetar a imagem e competitividade de uma empresa.

Paulo Gomes, Diretor de Desenvolvimento e Inovação da SGS, abordou a Gestão da Marca e do Risco. Nesta comunicação, o responsável da SGS adiantou alguns conselhos de gestão e valorização da marca. Foi também feita referência à gestão da crise, através da metodologia REACT - Responsabilidade, Empatia, Ação, Compromisso, Tempo.

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Ondina Afonso, Diretora Geral da PortugalFoods, abordou os "Constrangimentos à Internacionalização das Empresas".

Neste sentido, A Diretora da PortugalFoods relembrou a dificuldade do reconhecimento de Portugal como marca de qualidade num passado recente, cenário esse que tem vindo a ser alterado nos últimos anos.

A oradora relembrou também que é função da PortugalFoods promover a transferência de conhecimento, bem como a articulação entre empresas e entidades do sistema cientifico nacional e internacional, através de: observatório Internacional que produz informação de intelligence sobre as tendências ao nível dos produtos lançados a nível mundial, promovendo a inovação; promoção e suporte a projetos de I&DT; divulgação de resultados de projetos.

Para potenciar as exportações de Portugal, esta instituição promove a internacionalização das empresas do setor agroalimentar através de um suporte ativo, seja na sua capacitação para a internacionalização, seja pela identificação e captação de oportunidades através do Business Intelligence. Apresenta uma estratégia (2012 – 2015) e plano de ações de Internacionalização anual que pretende promover a competitividade das empresas sob a sua marca chapéu, comunicando Portugal como país produtor de excelência, através de uma presença forte e ativa nos mercados internacionais, considerados estratégicos. Os painéis da manhã contaram com a moderação de Susana Fonseca e Carla Barbosa, Docentes de Engenharia Alimentar no Instituto Politécnico de Viana do Castelo.

Rotulagem Alimentar em destaque

O primeiro painel da tarde contou com o tema “Embalamento e Rotulagem”. Para falar sobre a temática a primeira oradora foi Eunice Santos, da empresa ÉS Segurança – Consultoria Agro-Alimentar, que abordou o Regulamento 1169/2011 (relativo à prestação de informação aos consumidores sobre os géneros alimentícios) e o Regulamento 1337/2013 (que estabelece as regras de execução do Regulamento 1169/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, no que diz respeito à indicação do país de origem ou do local de proveniência da carne fresca, refrigerada e congelada de suíno, de ovino, de caprino e de aves de capoeira).

A responsável deu a conhecer todas as indicações que devem constar, por exemplo, de um rótulo e fez depois todo o enquadramento legal que abrange as informações de rotulagem.
Com a entrada em vigo do Regulamento 1169/2011 a lei passou a fornecer algumas vantagens, como por exemplo, «a clarificação da responsabilidade ao longo da cadeia, extensão da declaração nutricional, rótulos mais legíveis, indicação dos alergéneos obrigatórios para pré-embalados», entre outras.

Eunice Santos abordou ainda as menções obrigatórias no rótulo de um género alimentício pré-embalado, a saber: «1. Denominação de nome do género alimentício; 2. Lista de ingredientes (não é obrigatória para todos os alimentos, frutas, hortícolas, etc.); 3. Todos os ingredientes ou outras substâncias que provoquem alergias ou intolerância ao glúten, crustáceos, etc. ; 4. Quantidade de determinados ingredientes; 5. Quantidade líquida; 6. Data e durabilidade mínima ou data limite de consumo; 7. Condições especiais de conservação e/ou condições de utilização; 8. Nome ou firma e endereço do operador responsável; 9. País de origem ou local de proveniência; 10. Modo de emprego; 11. Teor alcóolico das bebidas; 12. Declaração nutricional; 12. Lote.

Eunice Santos falou ainda da importância da apresentação da rotulagem, da legibilidade dos rótulos e das vendas feitas à distância.

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Catarina Dias, engenheira coordenadora técnica e gestora de projetos da FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares, dissertou igualmente sobre as atuais regras da rotulagem de géneros alimentícios. A responsável analisou ainda, em detalhe, as chamadas doses de referência” em que, segundo a técnica, «é essencial tomar decisões com conhecimento de causa”.

Afonso Almeida, presidente da Associação Portuguesa de Logística (APLOG), partilhou com a plateia a importância «crescente» da logística no setor agroalimentar.

«Toda a cadeia de abastecimento agroalimentar e a sua dinâmica têm sofrido profundas alterações», lembrou, adiantando que «os fornecedores do setor têm vindo a assumir um papel mais abrangente, tal como acontece noutros setores de atividade».

Afonso Almeida referiu também que «a maior parte do grosso da cadeia são as Pequenas e Médias Empresas (PME´s)» e, por esta razão, «é fundamental ter bons parceiros».

O presidente da APLOG lembrou ainda que «as cadeias de abastecimento têm de se ajustar rapidamente e frequentemente aos novos modelos de negócio e às mudanças de mercado». «Além disto, é essencial a necessidade de uma melhor gestão de risco na cadeia e, para isso, é essencial ter bons parceiros na cadeia logística».

Vítor Raposo, da Status Knowledge, fez uma apresentação criativa onde falou do tema "Packing Design" (design de embalagem). O criativo abordou as várias formas de comunicar produtos, essencial para promover marcas e conceitos. «É fácil resolver os problemas que todos vemos, difícil é resolver os problemas que ninguém vê», disse. «Pensar de forma mais jovem» foi um dos conselhos que Vítor Raposo deixou à plateia.

“Conhecer o país de destino de origem”. Assim se designou a comunicação de Mário Horta, responsável técnico Government and Institutions Services da SGS. E, para Mário Horta, só há um caminho quando uma empresa, seja de que setor for, pretende internacionalizar-se: «descrever bem o produto, com fichas técnicas, em língua inglesa e francesa, informação sobre a qualidade que o cliente necessita e ter em atenção a regulamentação do país de origem».

Por fim, Nuno Salgado, do departamento agroalimentar do Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), abordou o trabalho da Agência no apoio às empresas portuguesas na internacionalização, não só internamente, como também a rede externa integrada que conta com 80 pontos em todo o mundo, apoiados pela rede de embaixadas portuguesas. A parte da tarde contou com a moderação de Rita Pinheiro e Alberta Araújo, Docentes de Engenharia Alimentar no IPVC.

Fonte: TecnoAlimentar

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