Seca: aprovadas 1.591 candidaturas de €26 milhões para a agropecuária
O Governo aprovou 1.591 candidaturas de várias zonas do país, no valor de 26 milhões de euros, para minimizar os efeitos da seca na agricultura e na pecuária, disse o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação.
«São medidas mitigadoras, destinadas a ajudar os agricultores a minimizar os feitos da seca nas explorações agrícolas e pecuárias. Estes montantes podem ser aplicados na aquisição de cisternas para o transporte água, abertura de charcas ou furos artesianos», explicou Luís Vieira à Lusa.
O secretário de Estado falava durante a abertura do Festival dos Sabores Mirandeses, que decorreu em Miranda do Douro, no distrito de Bragança, e que juntou 70 expositores, na sua maioria pequenos produtores.
Esta medida abrange os distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo de Branco e Bragança. Tomando como o exemplo o distrito de Bragança, Luís Vieira disse que foram aprovadas, no âmbito da seca registada nos últimos meses, 156 candidaturas, no valor de 2,3 milhões de euros.
«Se a seca persistir, estamos em condições de abrir novos concursos no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural 2020, destinados aos concelhos com maiores dificuldades, para serem direcionados a investimentos nas explorações agrícolas e financiados a fundo perdido», frisou.
O secretário de Estado recordou que foi aberta uma linha de crédito no valor de cinco milhões de euros. Deste montante, foi utilizado um milhão de euros. «Trata-se de uma linha de crédito que foi protocolada com todos os bancos a nível nacional, sendo destinada a alimentação animal, com uma duração de dois anos e com um ano de carência a uma taxa de juro baixa garantida», indicou.
Por seu lado, os produtores de raça bovina mirandesa, uma espécie autóctone protegida cujo solar de origem abrange os concelhos transmontanos de Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e Vinhais, mostraram-se «alarmados» com os efeitos da seca nas sementeiras e na produção de alimento para os animais, que continuam em estábulo por falta de pasto nos lameiros.
«As sementeiras correram muito mal, tudo porque muitas delas nem sequer rebentaram e os produtores estão recorrer suplementos alimentares para os animais», revelou o secretário técnico da Associação de Produtores de Bovinos de Raça Mirandesa, Válter Raposo.
Segundo o técnico, no ano passado também não houve forragens em quantidade suficiente e agora as explorações agrícolas estão a ressentir-se desse problema, o que está a afetar todas as explorações pecuárias do território do Nordeste Transmontano.
Do lado da produção de ovinos, os pastores do Planalto Mirandês estão a vender animais das explorações por falta de alimento, devido à seca que se faz sentir naquele território, para evitar gastos acrescidos, alertou a Associação Nacional de Produtores Ovinos de Raça Churra Mirandesa.
«Os pastores estão a vender, mais cedo que o habitual, os cordeiros, para evitar gastos acrescidos com os fatores de produção em consequência da seca. Os pastores garantem-me que as ajudas que recebem não são suficiente para alimentar o gado», explicou a secretária técnica da associação Andrea Cortinhas.
Para a técnica, a seca é mais severa nos concelhos do Planalto Mirandês em relação a outros territórios de Trás-os-Montes.
Fonte: Lusa