Resinagem está de regresso à serra da Lousã

Quatro mil pinheiros de um baldio da Serra da Lousã vão ser resinados, ao abrigo de um contrato de exploração assinado em Penela, o que assinala o regresso à região desta atividade tradicional.

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O contrato de compra e venda celebrado nos paços do concelho de Penela, distrito de Coimbra, vai permitir a extração de resina, numa área de 12 hectares dos Baldios de Vila Nova, no município vizinho de Miranda do Corvo.

Em cada safra, a empresa United Resins pagará 30 cêntimos por cada bica instalada ao conselho diretivo dos compartes dos baldios de Vila Nova. Abandonado em muitas zonas do país nas últimas décadas, devido aos incêndios, ao êxodo rural e à falta de competitividade do setor no mercado mundial, o trabalho de resinagem pode «criar riqueza e emprego nos territórios», disse o autarca Luís Matias.

O presidente da Câmara Municipal de Penela falava na apresentação pública do plano de exploração de resinagem, que recomeça de imediato na Serra da Lousã no âmbito do contrato, assinado na presença, também, do seu homólogo de Miranda do Corvo, Miguel Baptista.

Luís Matias recordou que o processo para retomar a extração de resina, designadamente nas propriedades comunitárias, foi encetada há cerca de três anos com uma primeira reunião na Secretaria de Estado das Florestas.

«O processo foi tortuoso e não foi tão simples e célebre como desejávamos», disse, lamentando que o país «viva refém de tecnocracia» e acusando ainda o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) de «algum preconceito e impreparação» que atrasaram o início da resinagem, como era desejo da autarquia e dos compartes vizinhos de Vila Nova.

Desde logo, «o projeto permite criar emprego e aumentar o rendimento dos produtores», além de «diminuir o risco de incêndio», ao assegurar a permanência de pessoas nas zonas florestais, salientou.

Os baldios de Vila Nova, que totalizam mil hectares de terrenos, dos quais quase 100 poderão ser objeto de resinagem, desvincularam-se recentemente do Estado, tendo os compartes abandonado o sistema de cogestão com o ICNF, que no passado era imposto por lei.

«O Estado não tem sido um parceiro à altura das exigências. Temos um potencial de crescimento muito grande da resinagem nos próximos anos», disse o presidente do conselho diretivo dos Baldios, António Ventura.

O mesmo responsável confirmou que, da parte do ICNF, «havia bloqueios e entraves em relação ao processo de resinagem» nos baldios. «Este é um projeto que tem a venda garantida», afirmou, por sua vez, António Mendes Ferreira, administrador da United Resins.

Hilário Costa, usando da palavra em representação da Associação de Destiladores e Exploradores de Resina, com sede em Leiria, realçou que, contrariamente à Administração Central, as câmaras municipais «têm sido o principal apoio para se continuar a resinagem» de pinheiros em Portugal.

Filho de um antigo resineiro, o presidente da Câmara de Miranda do Corvo, Miguel Baptista, frisou que a região «tem um enorme potencial» nesta fileira. «Esta é uma atividade com futuro. É muito gratificante ver que a resinagem está de volta à Serra da Lousã», acrescentou.

Fonte: Lusa

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