Projeto Qualimilho

Grupo ISQ contribui para a garantia de qualidade da cadeia de valor do milho e seus derivados.

Texto: Grupo ISQ

milho

A salvaguarda e melhoria da qualidade e segurança do milho produzido em Portugal é um resultado que tem como intuito beneficiar qualquer produtor e qualquer empresa de transformação e comercialização de milho. O projeto QualiMilho propõe-se a isto mesmo, garantir a qualidade e segurança na fileira do milho nacional através da criação de novas estratégias de integração sustentáveis suportadas numa plataforma inovadora - o Micotox ALERT.

O milho é uma das culturas arvenses mais importantes para a economia portuguesa, ocupando uma área que ronda os 150 mil hectares e que está presente em cerca de 67 mil explorações agrícolas distribuídas por todo o país.

O projeto QualiMilho promovido pela ANPROMIS (Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo), associação que convive de perto com a realidade do setor do milho, conta com o ISQ, a AGROMAIS, do INIAV (Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária), a Sociedade Agrícola da Quinta da Labruja, a Sociedade Agrícola de S. João de Brito, a Quinta da Cholda e os Agricultores Arminda Henrique de Souza Luz e Maria Francisca Luz Lino Caetano, como parceiros.

Estratégias inovadoras e sustentáveis que garantam a qualidade e a segurança na cadeia de valor do milho e dos seus derivados são o mote do projeto QualiMilho. Ao reduzir as contaminações com micotoxinas, o projeto pretende minimizar as perdas económicas e os riscos para a saúde pública. Estes riscos são um problema grave e complexo que ocorre com frequência no setor agroalimentar e que têm um efeito direto na qualidade das produções, nas matérias-primas, rações e, consequentemente, na produtividade e segurança da pecuária e, por fim, na saúde humana.

Além disso, o carácter teratogénico, mutagénico e carcinogénico de algumas delas, aumenta a necessidade de vigilância relativamente às suas repercussões na saúde humana. Por outro lado, a maioria provoca imunodepressão diminuindo a resistência dos animais às doenças.

Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), 25% da produção mundial de grãos, especialmente de milho, tem micotoxinas, um dos maiores riscos do Sistema de Alerta Rápido para Alimentos para Consumo Humano e Animal da União Europeia (RASFF). Este risco traduz-se na perda de colheitas, na deterioração da saúde dos animais, na diminuição da rentabilidade reprodutiva e da segurança dos produtos.

Os fatores externos, como o stress térmico ou hídrico, as pragas e doenças ou as práticas culturais inadequadas potenciam também a presença das micotoxinas. Como não é possível eliminá-las, o projeto QualiMilho propõe-se a enfrentar os riscos de contaminação na pré e pós – colheita e a problemática das micotoxinas ao longo da fileira com o objetivo de implementar uma abordagem sistemática ao setor que possibilite diminuir o aparecimento dos fungos recorrendo ao envolvimento de todos os intervenientes da cadeia.

Tendo em conta a gravidade das micotoxinas e a realidade do setor, o ISQ irá otimizar as práticas agrícolas através da monitorização de temperatura e de humidade no processo de maturação do grão de milho. Por outro lado, o ISQ, com base em ferramentas da 4ª Revolução Industrial (I4.0), contribuirá também para o desenvolvimento do sistema de apoio à decisão de modo a garantir a qualidade e a segurança na fileira nacional do milho.

O projeto pretende desenvolver modelos de previsão e um novo processo de apoio à decisão, o MICOTOX ALERT, que integre as etapas de pré e pós-colheita para orientar o mais cedo possível, a valorização ideal dos lotes de milho, em função da qualidade e níveis de contaminação, garantindo a introdução segura na cadeia alimentar e dos alimentos compostos para animais.

Para além de garantir a segurança e a qualidade do milho, o MICOTOX ALERT ambiciona também o aumento da produtividade e competitividade no setor.

Smart Farming e o QualiMilho

O projeto Qualimilho insere-se dentro do conceito de Smart Farming, regendo-se por desafios de sustentabilidade e de competitividade.

Algumas explorações de milho detêm potencialidades produtivas recorrendo à agricultura de regadio, sendo que, no total, as explorações nacionais têm atingido elevados níveis de produtividade (próximos das 16 toneladas por hectare). Por sua vez, esta capacidade de produção terá que ser escoada cumprindo elevados padrões de qualidade impostos pela legislação e pelo mercado.

O conceito de Smart Farming pretende que a produção agrícola funcione como um conjunto de sistemas de produção conectados e baseados no conhecimento. As explorações inteligentes utilizam tecnologias de precisão, mas também recorrem a redes inteligentes e ferramentas de gestão de dados. O objetivo da exploração inteligente é usar todas as informações e conhecimentos disponíveis de forma a permitir a automação de processos mais sustentáveis na agricultura, por exemplo, consumos de energia, consumos de água, dosagem de nutrientes, fitofármacos, controlo de pragas, resíduos, entre outros processos.

As tecnologias associadas ao Smart Farming combinam equipamentos de precisão, Internet of Thinks (IoT), sensores e atuadores, sistemas de posicionamento geográfico, Big Data, veículos não tripulados como drones, entre outras tecnologias e técnicas. O objetivo é oferecer uma produção agrícola mais eficaz e sustentável e uma gestão mais eficiente.

Do ponto de vista das tecnologias, o projeto QualiMilho, além de tirar partido de sensores e outros dispositivos pretende desenvolver modelos e previsão que permitam sugerir conclusões e apoiar a tomada de decisões no que se refere ao tema das micotoxinas. Uma grande quantidade de dados (Big Data) vão ser alvo de processo de análise e modelação por forma a identificarem-se padrões (Data Analytics) que venham a responder aos desafios do projeto.

O que são as micotoxinas (Nota)

As micotoxinas resultam do metabolismo de fungos e estão associadas a problemas graves na saúde animal. Têm implicações no ganho de peso, na fertilidade, na resistência a doenças, em geral, por imunodepressão, podendo causar a morte.

Os humanos também são afetados, em particular, pela fumonisina, aflatoxina, deoxinivalenol (DON) e ochratoxina A, que são teratogénicas, mutagénicas e carcinogénicas e cujos limites máximos nos alimentos estão regulamentados (Reg. CE nº 1126/2007).  

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