Produtores de leite e carne voltam a exigir medidas para o setor

Os produtores de leite e carne voltam à rua no dia 31 de março de 2016 com uma concentração em Braga, frente à Feira Internacional de Agricultura AGRO, e asseguram que «a luta vai continuar» até que sejam tomadas medidas para viabilidade do setor.

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O presidente da Associação Portuguesa de Produtores de Leite e Carne (APPLC), José Lobato, salientou que o objetivo é «alertar para a situação» do setor, «sensibilizar a população para o consumo de leite e carne nacional, reclamar a regulação pública da produção, exigir mais fiscalidade aos produtores importados e chamar a atenção do Governo português para que tome medidas para salvar a produção nacional».

É que, sustentou, «neste momento a crise está instalada» no setor do leite e carne, que está «a vender o produto abaixo do custo de produção», numa situação «insuportável». «Já desapareceu um conjunto de explorações e daqui até ao fim do ano, se não forem tomadas medidas, muitas outras vão desaparecer», assegurou.

«Depois da grande manifestação do Porto [no passado dia 14], que foi das maiores de sempre do setor e em que se viu a unidade de todas as estruturas, esta luta vai continuar e cada uma das organizações vai seguir o seu percurso e desenvolver as suas próprias iniciativas», afirmou José Lobato.

Assegurando que o setor «vai continuar a travar esta luta pela defesa da produção nacional até à existência do último produtor no país», o presidente da APPLC avisa que «se não forem tomadas medidas pela União Europeia e pelo Governo português não vai haver sossego».

Recorde-se que a 14 de março os produtores de leite e carne organizaram uma marcha lenta com várias centenas de tratores que partiram de Vila do Conde em direção à Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Norte, em Matosinhos, alertando para a situação "dramática" vivida pela atividade, que se diz "esmagada" pelos baixos preços pagos à produção e pelas importações de produtos lácteos.

A «defesa da produção nacional» e o combate às «práticas comerciais abusivas» da grande distribuição - que, garantem, «têm contribuído para a grave crise que arrasa a pecuária nacional» - são as grandes reivindicações dos produtores portugueses de leite.

Reclamando ser «indispensável a regulação legislativa e a fiscalização da atividade dos hipermercados», o setor reclama ao Ministério da Agricultura e ao Governo que criem «condições para escoamento, a melhores preços à produção, dos produtos agroalimentares» nacionais, desde logo o leite e a carne, e ao mesmo tempo efetuem um «controlo severo das importações, como está a fazer a Espanha desde há meses».

Ainda exigido pelas organizações agrícolas é que o Ministério da Agricultura e o Governo «lutem» a nível europeu «pela retoma de mecanismos públicos de controlo da produção e dos mercados, como as 'quotas' leiteiras nacionais, cujo fim determina, em grande parte, a atual crise».

Também defendida pelos agricultores é uma «'retirada' à produção (compra pública a preços compensadores) dos vitelos e das vacas já fora da produção leiteira», assim como a isenção temporária e «sem perda de direitos» do pagamento das contribuições mensais para a Segurança Social e o reembolso de parte do consumo da 'eletricidade verde'.

Adicionalmente, o setor pretende um aumento da ajuda (ligada à produção) à vaca leiteira e a promoção do «consumo prioritário» da produção nacional nas cantinas públicas e dos mercados de proximidade, assim como o aumento do preço à compra pública de leite, laticínios e carne.

Fonte: Lusa

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